Te ver

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Te ver e não te querer

É improvável, é impossível

Te ter e ter que esquecer

É insuportável, é dor incrível

Seu pai não era bobo, percebia os sinais, Hermione nunca fora uma garota de amigos, e ele se preocupava com esse fato quando ela estudava em escola trouxa, não chamava amigas para vir em casa, não pedia para ir na casa das amigas, sua companhia era os livros. Estava o tempo todo lendo e querendo entender sobre tudo e todos. Mas isso havia mudado depois do seu primeiro ano na escola de bruxaria de Hogwarts. Descobrir que sua princesa era na verdade uma bruxa não fora fácil, mas também percebeu que ela havia parado de enfiar a cara nos livros, por causa principalmente de amigos. Sim, amigos no sentido masculino da palavra. Não que ele fosse um pai ciumento, mas não esperava ver sua princesa pedir, pela primeira vez, para passar parte das férias na casa de um amigo.

— Será a copa mundial de quadribol, consegui ingressos para todos. Hermione precisa vir, é a melhor amiga de Rony, meu filho. E Harry também irá...

Ele não gostava daquele homem ruivo que gesticulava o tempo todo em sua frente, ele era simpático, tinha a mania irritante de perguntar sobre todos os objetos de sua casa, mas ele estava querendo arrancar sua menina de sua casa nas férias, do único momento que teria com ela naquele ano, já que depois ela voltaria a aquela escola de Bruxos.

— O senhor pode me explicar novamente qual é sua profissão? Achei muito interessante alguém que cuida de nossos dentes, que usa de objetos que os furam...

Ele tentava dar atenção ao homem ruivo, mas reparava em Hermione. Seu olhar brilhante enquanto mostrava sua casa a Rony, suas bochechas coradas todas as vezes que ele falava alguma coisa que a fazia rir, seus dentes todos a mostra, reluzindo com uma alegria que ela não mostrava a ele nas férias sozinhas com seus livros. Os livros não pareciam mais interessantes que Ronald Weasley.

— Obrigada papai. – Ela lhe beijou no rosto depois dele autorizar sua ida a copa mundial de quadribol, a ida para uma temporada na casa de Rony. Sentia dentro de seu coração de pai, que estava perdendo sua menina para um amigo, que talvez ela não percebesse ainda, mas que ele sabia que era mais que um amigo. Era impossível não enxergar o quanto Hermione o queria em sua vida.

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É como mergulhar no rio e não se molhar

É como não morrer de frio no gelo polar

É ter o estômago vazio e não almoçar

É ver o céu se abrir no estio e não se animar.

— ...Eu não gosto da Hermione...

Rony discutia com seus irmãos que tinham acabado de invadir seu quarto.

— Não gosta. – Fred concordou com a cabeça, cutucou o irmão. – Vamos listar o quanto gosta dela?

George levantou as sobrancelhas e concordou com Fred.

— Está escrito na sua testa o quanto gosta dela, é só vê-la, a informação começa a faiscar na sua frente: te quero, te quero, te quero.

— Não exagere. – Rony negou com a cabeça tentando parecer firme.

— Seu amor é incompleto Rony. – Fred começou.

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