CAPÍTULO 1: EU AINDA DEDICO MÚSICAS À VOCÊ

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Três anos e oito meses depois. Dezembro de 2020.

— Férias?

— Exatamente, Noah. Férias. — Shivani repetiu. — Quantas vezes mais terei que repetir? — Riu vendo o grande sorriso de Urrea.

— Só estou surpreso! Não imaginava que ganharia férias.

— Porque não? Oras, você é um ser humano como qualquer outro. E eu como sua agente e grande amiga, sei bem que você se esforça mais que o necessário na maioria das vezes.

— Isso não é verdade!

— Jura? — O encarou. — De qualquer forma, suas férias começam em duas semanas, aproveite o tempo livre descansar, ou até mesmo viaje.

— Eu viajo praticamente todos os dias.

— Não, você trabalha. Você não aproveita bem os lugares para qual vai.

— É...

— Então aproveite agora.

Shivani era mais do que apenas a agente de Noah, como ela mesmo havia dito, era uma grande amiga. Os dois se conheceram há três anos, quando ela tinha terminado a sua faculdade e decidiu por currículo na empresa responsável por gerenciar a carreira artística do garoto.

Em um curto período de tempo, já tinham criado uma ligação além da profissional, e com o passar dos dias, ela se tornou uma das poucas, amigas próximas que Urrea tinha, já que, devido a sua carreira de cantor, não tinha feito muitas amizades.

Sim, ser um artista pode ser mais solitário do que você imagina, nem sempre a imagem que é transmitida nas redes sociais ou em revistas é o que realmente acontece, e ele aprendeu isso estando nesse meio há mais de quatro anos.

—  E você, como pretende aproveitar as suas férias? — Questionou, acomodando-se melhor na cadeira da sua sala de descanso.

— Hina e eu vamos para Tokyo. — Sorriu. — Ela está animada para apresentar o Japão.

— Vocês estão realmente próximas, fico feliz! Ela parece ser uma pessoa incrível, pelo que você me conta.

— E ela é! — Afirmou. — Qualquer dia eu apresento vocês dois.

— Tudo bem... ah, é o meu telefone. — Disse retirando o aparelho que vibrava dentro do bolso do jeans. — Sabina? — Franziu a testa assim que viu o nome espelhado na tela do celular.

— Está tudo bem? — Shivani perguntou.

— Aham, claro. Eu só preciso atender essa ligação.

— Ah, tudo bem. Eu já vou indo então. Tchau, Noah. Até amanhã.

— Até. — E com isso, retirou-se da sala de Noah, o deixando só.  — Sabina? — Disse assim que atendeu a ligação, pondo o aparelho em seu ouvido direito.

— NOAH! — Exclamou animada, arrancando uma risada do mais novo.

Desde que se conheceram, quando a mexicana ainda fazia intercâmbio na mesma cidade em que Noah morou, na época do colegial, ela sempre fora a mais animada e disposta da turma, pelo visto, nada tinha mudado.

— Estava com saudades suas! — O garoto disse. — Faz meses desde que nos falamos.

— Claro, parece que você esquece que tem amigos!

— É... desculpe-me por isso. — Falou baixo, mas o suficiente para a garota do outro lado da linha ouvir. Realmente sentia-se culpado por estar cada vez mais afastado dos seus amigos, mesmo que em algumas vezes fosse inevitável.

QUANDO AINDA ÉRAMOS NÓS Onde histórias criam vida. Descubra agora