PRÓLOGO: TALVEZ SEJA A HORA DE IR

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Abril de 2017.

O sol de fim de tarde iluminava as ruas OC.
As árvores que estavam logo depois da janela balançavam suas folhas devido ao vento no mesmo tempo em que um casal passava de mãos dadas por ali.

Josh e Noah encontravam-se na sala, com o mais novo deitado sobre o corpo do loiro enquanto recebia um cafuné nos fios de seus cabelos negros. Cada um absorto, fazendo com que o silêncio pairava pelo ar.

Apesar de ser primavera, o clima estava frio, algo que havia se tornado comum entre os garotos, pelo menos nos últimos dias. Se amavam, e sobre isso não haviam dúvidas, mas com o tempo perceberam que por mais que queiram, nem sempre o amor era suficiente.

Foram felizes juntos, é claro, durante a adolescência, quando ainda não tinham preocupações com a vida e conseguiam aproveitar o tempo deles da melhor forma. Quando tudo ainda não havia se tornado um fardo. Talvez tenha sido após o fim do colegial quando tudo começou a mudar, ou quando notaram que a falta de mais tempo juntos estavam afetando-os de alguma forma.

Quando se formara, Noah dedicou-se completamente a sua carreira musical, focado em almejar tudo que um dia sonhara. E Josh estava orgulhoso, afinal, sabia que aquele era com certeza o maior desejo do mais novo e estava genuinamente feliz de que pudesse vê-lo conquistar. Mas, não mentia quando via que aquilo estava dificultando o namoro entre os dois.
O sucesso de Urrea havia sido tanto que mal tinha tempo para estar com namorado. Eram sempre ligações rápidas e visitas curtas nos finais de semana. E por mais que se amassem, não podiam negar que aquilo estava os desgastando.

Josh sabia que hora ou outra isso aconteceria, e não poderia ser egoísta pensando apenas em si. A música era definitivamente a maior paixão de Noah.

Talvez seja a hora de ir. Talvez fosse a hora de seguirem suas vidas, mesmo que por caminhos diferentes. Sabiam que precisavam daquilo, mas não queiram admitir, e por muito tempo continuaram com isso, bom, até hoje. 

— Acho que nós dois já sabemos o que temos que fazer. — Disse o loiro em certo momento ainda fitando um ponto aleatório da parede e continuando o carinho no cabelo alheio.

Era o certo. Mas doía, doía muito.

Noah respirou fundo, tentando ignorar o aperto no seu coração e o nó que se fez em sua garganta.

— Não sei se estou pronto. — Sussurrou ainda sem se mover. Sua cabeça apoiada no peito do outro, enquanto seus dedos ocupavam-se em brincar com os botões da sua jaqueta jeans.

Josh se inclinou, fazendo Noah mover-se, sentando de frente para o outro, que agora levava sua destra em direção ao seu rosto, fazendo-o encarar o par de olhos azuis, enquanto acariciava a sua bochecha.

— Eu entendo. Eu também não sei se estou. — Levou a sua mão direita até o encontro da de Noah, entrelaçando os seus dedos. — Mas é melhor fazermos isso agora antes que nos machuquemos mais. — Sussurrou, apoiando suas testas, ficando com os rostos mais próximos. — Eu não quero te ver sofrer.

— Eu vou sofrer por não estar com você. — Noah disse enquanto uma lágrima solitária escorreu pela sua bochecha.

— Por favor, não torne isso mais difícil do que já é.

Calaram-se. Não havia muito o que falar naquele momento.

Como costumam dizer, a verdade doí. E Josh e Noah descobriram isso da pior forma.

Se eram apaixonados, porque o desgastavam tanto estarem juntos?

Talvez estivéssemos amaldiçoados. — O mais novo pensou.

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