A little step

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Ao abrir a porta da sua casa, sentiu as pernas bambas e sentou-se no chão, em tão pouco tempo muitas coisas tinham acontecido e ela estava tentando assimilar. Pela primeira vez sentia arrependimento por algo que tinha dito, pensou em voltar ao local e se desculpar, mas mudou de ideia rapidamente, uma hora essa sensação iria passar. Depois de algum tempo notou que a casa estava imersa na escuridão.

— Ah! Ele foi embora de novo.

A garota já estava acostumada com a situação, seu pai era um historiador renomado e um verdadeiro workaholic, estava sempre viajando e deixando a sua única filha sozinha. Andou lentamente pela casa escura, ao passar pela sala viu sob a mesinha de centro o pequeno cartão que tinha desenhos fofos de carinhas tristes e corações, já sabia que se tratava de um pedido de desculpas do seu pai, por tê-la abandonado novamente. Com o cartão em mão se dirigiu até seu quarto e se jogou na cama exausta.

Os dias passaram rapidamente e durante toda a semana Alice não conseguiu se concentrar, mais uma vez a professora solicitou que ela fosse até Hanse, mas recebeu uma negação firme da garota que acabou entregando as atividades para Byungchan que não protestou ao recebê-las.

Alice sentia que por algum motivo o garoto a fazia agir de forma diferente, estava assustada com o fato dele não ter saído de sua mente desde o seu primeiro e único encontro, resolveu que iria ignorá-lo como sempre fez com os outros.

Agora andando pelos pátios da escola, ouvia um pequeno burburinho.

— Você viu ele, disseram que ele foi suspenso por bater em um garoto que lhe perguntou as horas, estou assustada. — Duas garotas cochichavam próximo à entrada da turma de Alice.

— Ouvi dizer que ele é próximo do Byungchan oppa, mas tenho certeza que ele deve ameaçar ele, tadinho do oppa, era melhor ele ter sido expulso ao invés de suspenso. — A garota riu maliciosa, mas parou ao notar a presença de Alice que passou sem dá atenção às duas garotas.

Abriu a porta da sua sala e passou em meio aos alunos que conversavam reunidos em pequenos grupos, mais uma vez notou que algumas pessoas falavam sobre um aluno em especifico, mas ignorou como era de costume, colocou suas coisas sobre sua carteira e antes de se acomodar, passou o olhar pela turma, notando uma pessoa que estava com a cabeça sob a mesa, com o rosto escondido entre os braços.

Mesmo sem ver o rosto do garoto, Alice tinha certeza de quem era, olhou novamente ao redor e seu deu conta que ele era o motivo de todo aquele burburinho. Em um impulso caminhou até o final da turma.

— Você não pode dormir na aula. — Hanse levantou a cabeça e viu Alice parada em sua frente, a feição fria, com uma postura rígida, que assustaria qualquer um, mas que ao seu ver parecia muito fofa.

— Não estava dormindo, eu só estava tentando... — O garoto se endireitou na cadeira e olhou ao redor, vendo que alguns alunos ainda falavam sobre ele, Alice entendeu imediatamente o que ele queria dizer.

Apoiando-se bruscamente sobre a mesa do garoto, Alice o encarou, chamando a atenção dos alunos presentes.

— Do Hanse me desculpe, a última vez em que nos vimos, fui muito rude com minhas palavras e me arrependo do que disse. — Um olhar determinado estava estampado em seu rosto, o garoto abriu um largo sorriso e pela segunda vez na vida, a garota sentiu o coração errar as batidas.

Rapidamente Alice voltou para a sua postura rígida, apertou o rabo de cavalo, virou-se roboticamente para voltar ao seu local, mas ouviu uma pequena gargalhada escapar do garoto.

— Do que está rindo? — Sua voz saiu cheia de mau-humor enquanto ela virava para encarar Hanse.

— Estou feliz, por saber que você se importa comigo, como uma verdadeira amiga. — O sorriso do garoto ficava cada vez maior, fazendo a outra soltar um suspiro em sinal de desistência.

— Não abuse, eu só fiz um pedido de desculpas, apenas isso.

Saiu a passos largos ignorando os olhares dos seus colegas de classe que pareciam curiosos para saber o assunto da conversa. Acomodou-se em sua carteira e pegou seu livro de cálculo. Alguns minutos depois ela sentiu a presença de alguém que estava se sentando na carteira atrás da sua, sabia que nenhum aluno tinha chegado, pois, tinha visão da porta.

— Porque está aqui? — Perguntou sem tirar os olhos do livro. Nesse momento o professor entrou na turma, enquanto todos se acomodavam, sentiu uma presença próxima demais.

— Amigos sentam próximos aos outros. — Um sussurro calmo invadiu seus ouvidos, o hálito gelado de Hanse bateu em sua nuca, fazendo um arrepio correr pelo seu corpo, o rosto adotou um tom vermelho e ela não encontrou palavras para rebater a afirmação que tinha acabado de ouvir.

Rapidamente o garoto se afastou e assim como os outros alunos se pôs de pé para reverenciar o professor, Alice que ainda estava em choque com a situação, foi a última a se levantar.

A aula naquele dia foi um grande desafio de concentração para Alice, Hanse brincava com algumas mechas do seu cabelo que ficavam próximas a sua mesa, mandava bilhetes com perguntas aleatórias, que ela apenas ignorava enquanto os guardava, no fim da aula tinha um estojo lotado de recadinhos e um garoto sorridente atrás dela.

Indo em direção a cantina a garota podia sentir que alguém a seguia.

— Porque está me seguindo? — Perguntou sem ao menos se virar para encarar o garoto.

— Achei que íamos almoçar juntos. — A resposta simples de Hanse, arrancou um sorriso debochado da garota.

— O que te faz pensar que quero... — Ao virar e encarar o mais alto, soltou um suspiro, apesar de não o conhecer a fundo, sabia que o mesmo não desistiria.

— Não quero ouvir nem uma palavra. — A garota voltou a andar, com o garoto ao seu lado, chamando a atenção das pessoas que estavam no caminho.

Ao chegarem na cantina, ambos pegaram os seus almoços em silêncio e sentaram numa mesa que ficava próxima à janela. Alice encarava a paisagem do lado de fora enquanto sentia vários olhares na sua direção. Ao encarar Hanse viu que o mesmo estava desconfortável.

— O que foi agora? — Perguntou sem paciência e o garoto deu um pequeno salto na sua cadeira, olhando ao redor com uma expressão triste, enquanto dava uma pequena mordida na maçã.

— As pessoas são assustadoras. — Os seus olhos estavam fixos na maçã e por esse motivo ele não percebeu o momento em que a garota levantou e o puxou pelo pulso.

— Vamos comer em outro lugar. — Os dois se dirigiram para o jardim da escola, sentados sobre o chão, ouvindo o canto dos pássaros que estavam numa árvore próxima, Alice soltou um pequeno sorriso de satisfação.

— Aqui é muito legal, eu nunca tinha vindo comer aqui fora. — O garoto falava com a boca cheia enquanto olhava alguns alunos que passavam distantes.

— Que bom que gostou, essa é a primeira e última vez que vamos fazer isso. — Como de costume a garota apertou o rabo de cavalo que estava frouxo.

— Porque você não solta ele? Você deve ficar ainda mais bonita de cabelo solto. — Hanse a encarou com uma expressão calma, sem entender o porquê de a garota estar com o rosto tão vermelho.

— Você não é amigo do Choi Byungchan? Porque não anda com ele? — A voz da garota saiu meio tremula, ela podia sentir que suas bochechas estavam quentes.

— Não somos da mesma turma e fora o Subin os amigos dele não gostam de mim, apesar de ele negar isso, posso sentir quando não sou bem-vindo em algum lugar.

Ambos permaneceram em silêncio por alguns minutos, Hanse brincava distraidamente com algumas pedras que estavam próximas a ele enquanto Alice lia um pequeno livro de cálculo.

— Está na hora de irmos. — A voz de Hanse chamou a atenção da menor, agora ele estava de pé com uma das mãos estendidas para ela. — Ignorando a mão do mesmo, a garota se levantou e pegou sua bandeja.

— Vamos.

— Ainda acho que você deve ficar ainda mais bonita com o cabelo solto. — O garoto riu ao perceber que a garota caminhou rapidamente ao ouvir sua frase.

O restante do dia foi calmo, Hanse não enviou mais bilhetinhos para Alice que se sentiu aliviada e conseguiu se concentrar totalmente nas últimas aulas.

Dear first loveOnde histórias criam vida. Descubra agora