Capítulo um

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On one's knees
 Por pir8fancier
Tradução de Potterfoy 


Sexta-feira, 20 de setembro de 2004, 23h34.

Verifiquei minha varinha. Me restavam quinze feitiços. Merda. Só tinha quinze feitiços para o resto do mês. E este ano, o outono chegou mais cedo. O que significava que eu teria que escolher entre lançar feitiços para aquecer meu quarto ou usar minha porção mensal de magia para lidar com as tarefas de limpeza mais pesadas do Profeta Diário.

Pressionei meus lábios com força e lutei contra a vontade de gritar foda-se para as dezenas de latas de lixo que já tinha esvaziado e as centenas de metros quadrados de chão que já tinha varrido, porque no fim eu precisava daquele trabalho. Os quatro anos em Azkaban não desapareceram da memória de ninguém. Eu tinha pedido emprego em nada menos que vinte lugares, e fui violentamente expulso em dezesseis deles. Nos outros quatro, jogaram seus cachorros em mim.

— Isso não é problema meu, Malfoy — Weasley sussurrou depois que eu retornei ao seu escritório de mãos vazias, uma mordida de cachorro se curando em um dos meus braços. — As regras de sua liberdade condicional estabelecem que você deve provar que encontrou trabalho dentro de duas semanas de sua libertação. Achamos que é um problema de atitude que outros seis meses em Azkaban poderiam curar. A questão é que você não está se esforçando o suficiente.

Eu não estava me esforçando o suficiente. Típico Comensal da Morte preguiçoso, morrendo de vontade de voltar para sua cela chique em Azkaban.

No dia seguinte, quando apareci com uma prova por escrito de que havia encontrado um emprego — graças a Hugo Greengrass — a decepção de Weasley foi tão evidente que quase tive medo que ele me socasse por pura frustração. Mas então ele leu o papel e viu que eu tinha sido contratado pelo Profeta para preencher o cargo de zelador noturno com um salário mesquinho; eu seria pouca coisa mais do que um elfo doméstico.

 — O trabalho perfeito para a doninha bastarda que você é —  ele sorriu. Se não pudesse me mandar de volta para Azkaban, ele faria com que minha vida fora da prisão fosse um verdadeiro inferno.

Mais um andar para limpar e então eu poderia sair. Já era fim de semana. Porra, meus joelhos doíam naquela noite. Usando minha vassoura como uma bengala, inclinei-me sobre ela para aliviar um pouco meu próprio peso enquanto caminhava pelo escritório. Esvaziei todas as latas de lixo, varri o chão inteiro em torno de cada mesa. A maioria das pessoas nem se preocupava em colocar o lixo na lixeira, elas jogavam seu lixo no chão mesmo. Deixe que o Comensal da Morte cate. O que eu fiz. Porque esse era o meu trabalho.

E aquela vadia da Brown. Sua ideia de diversão era enviar a todos cartas cheias de purpurina, então eu tive que gastar muito do meu tempo varrendo perto de sua mesa. Brown escrevia a coluna de consulta sentimental. Seus conselhos sempre foram uma merda. Eu me perguntava quantas vidas ela tinha estragado com suas respostas brandas.

Um joelho travou. Parei para esfregá-lo.

 — Mova-se, idiota — implorei. Eu tinha sido muito econômico com o unguento, tentando fazer durar mais alguns dias. No minuto em que o tempo mudou, com certeza Chalmers riu muito sabendo que eu ficaria nervoso por isso. Abra sua boca, Draco. Se eu conseguisse sair da cama amanhã, estaria à tarde no boticário daquele imbecil, sem dizer nada, entregando a ele minha garrafa, esperando por mais unguento. O maldito sapo careca lamberia os lábios e balançaria as mãos em antecipação, seguido por um quase grito:  — Ah sim, Sr. Malfoy, eu estava esperando por você. Vamos passar a sala dos fundos para continuar nossos negócios?  

Eu morria de vontade de dizer a ele, pelo menos uma vez, dizer em voz alta, na frente de todos: Não, seu maldito filho da puta. Que tal eu chupar você aqui mesmo? Porque nós dois sabemos que não tenho o dinheiro para pagar pelo unguento, mas se eu não comprá-lo, não poderei andar. Considerando que minha boca no seu pau é a moeda em questão, abra a porra do zíper imediatamente.  

On one's knees » drarryDonde viven las historias. Descúbrelo ahora