Capítulo três

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Domingo, 29 de setembro de 2004, 18:47

- Snape me disse que não ficaria cicatriz - Potter apontou para a marca no meu peito.

- Ele mentiu. Isso costumava me incomodar, mas depois que as cicatrizes começaram a se acumular, deixou de importar. Quer ver quem tem mais?

Deitei na banheira, completamente submerso, exceto pela minha cabeça, enquanto Potter fazia mais alguns diagnósticos em todo o meu corpo. Eu me senti um pouco como um penitente em Lourdes. Se Potter vestisse uma batina e começasse a murmurar Aves Marias, eu não ficaria surpreso.

- Eu ainda ganharia de olhos fechados. Essa azaração de ácido deixou uma cicatriz feia, hein? - ele murmurou, enquanto sua varinha traçava minha clavícula.

- Sua esposa me deu essa.

- Antes ou depois de você tentar matá-la?

Qual era o sentido de responder? Todos nós lançamos maldições uns nos outros, mutilamos uns aos outros e tentamos nos matar. O fato de que Potter e companhia fizeram isso em nome da luz e eu supostamente fiz em nome das trevas era irrelevante para mim neste ponto. As "boas" pessoas se matavam com bebida, as "más" se enforcavam; O sono de Potter não parecia mais sólido do que o meu. No meio da guerra, eu ficava acordado por horas me perguntando se o lado "certo" sentia menos nojo e horror pelo o que tínhamos que fazer em batalha. Suspeitava que Potter e seus asseclas sofreram a mesma culpa paralisante e o mesmo medo que nós. Como era deprimente perceber que estávamos todos igualmente assustados. Para sempre.

- Quanto tempo falta?

Ele não respondeu por um tempo e então disse em uma voz tão baixa que soou quase como um rosnado:

- Mais dez minutos. Não fique sem camisa.

- Potter, sua escolha de palavras deixa a desejar.

Eu nunca tive muita modéstia pessoal antes de Azkaban, e depois de Azkaban eu poderia ter desfilado pelo Beco Diagonal completamente nu sem pestanejar, mas isso era perturbador. Graças a Deus, Potter estava tendo um pequeno acesso de raiva, porque em uma de suas explosões típicas ele parecia um vulcão prestes a entrar em erupção. O que me convinha, contanto que continuasse a andar pela casa de cueca. Ele era muito magro, mas o esquelético adolescente havia se tornado um adulto magro e definido, de uma maneira bastante atraente. E sob sua samba-canção havia o delineado do que parecia ser uma bunda muito bonita.

Pansy teria se divertido muito.

O pensamento de Pansy e eu rindo de mim tendo que conjurar visões asquerosas de Millicent para combater ereções inadequadas, foi interrompido por uma pergunta de Potter.

- Você realmente queria matá-la? Ginny, quero dizer.

- Ela realmente queria me matar? - respondi. - Já terminei - peguei uma toalha, sequei, saí do banheiro o mais rápido que pude e fui para cama.

Foda-se ele. Por que as mortes causadas pelos vencedores são bem aceitas como o preço a pagar pela vitória, enquanto as mortes causadas pelos perdedores sempre serão consideradas assassinatos?

Segunda-feira, 30 de setembro de 2004, 6:13

Estava escrevendo uma carta para minha mãe quando Potter aparatou na cozinha, vindo do trabalho. Eu escrevia todas as segundas-feiras e ela respondia todos os sábados. Não perdemos uma semana em quase cinco anos.

- Encontrei pergaminho na sala - disse eu, a título de saudação. - Peguei um pouco. Espero que você não se importe. Eu precisava escrever uma carta - sei que pareci cortante, mas ainda estava chateado pra caralho. Oito horas bisbilhotando em cada gaveta da casa pouco fizeram para aplacar minha raiva.

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⏰ Última actualización: Sep 03, 2021 ⏰

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On one's knees » drarryDonde viven las historias. Descúbrelo ahora