Parte quatro

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Novembro de 1848

O cheiro de terra molhada alcançou meu nariz quando respirei fundo pela terceira vez em menos de um minuto, logo iria chover, conclui. Mas nem mesmo por esse detalhe natural mudei meus planos para aquela tarde. A ansiedade consumia cada parte de mim, ocupando meus pensamentos sem que pudesse ter controle, desde a noite anterior, quando Jimin enviou o recado por um de seus amigos, que era para nos encontrarmos no porto, onde já caminhamos algumas vezes enquanto o sol adormecia nas profundezas do mar ao longo do horizonte.

Eu desconfiava que Nannette já soubesse sobre a aproximação do filho do Grão-duque, pois seu sorriso tomou seu rosto, quase tocando suas orelhas, assim que lhe disse que sairia para caminhar em busca de ar puro. Era frustrante estar seguindo seus planos, mas o que eu poderia fazer se era facilmente atraída para Jimin, como abelha e mel? Mesmo que os sentimentos dele por mim não fossem recíprocos, eu almejava pelo dia que nossos encontros passassem um pouco além de conversas triviais.

Sinto que estou cultivando um sentimento além da minha compreensão, que nem mesmo os livros de romance podem explicar com clareza, mas alguns sintomas levam a crer que seja amor. Não seria eu a primeira a saber? Ou assim como os casais de contos de fadas que buscam finais felizes, só podem perceber o que os atingiu com um beijo do seu amor verdadeiro? Se assim fosse, Jimin teria que beijar meus lábios.

Levo meus dedos sobre a boca, não sou capaz de evitar o sorriso que brotou, culpa da conclusão dos meus pensamentos.

- Adeliz? - Ouço alguém soprar meu nome próximo demais do meu pescoço. Assustada, salto no lugar e me viro para ver quem é. - Desculpa, não resisti.

- Uma hora dessas vou reagir, e tenho certeza que não vai gostar nenhum um pouco - digo a ele.

- Não fique brava. Só faço para ver essa adorável expressão no seu rosto. - Ele toca um lado do meu rosto acolhendo em sua palma minha bochecha, muito provavelmente, corada.

Abaixo os olhos, tímida com meus próprios pensamentos que começam a aflorar assim que estou com Jimin. Afasto gentilmente sua mão, para não criar mais expectativas.

- O marquês já deu notícias?

Jimin sempre pergunta sobre meu pai, acho adorável sua preocupação.

- Ainda não - respondo com certa tristeza. - Não recebi nenhuma carta. Desde que meu pai viajou, não houve qualquer fagulha sobre sua existência. Absolutamente nada. Pensar sobre algo ter acontecido deixa meu coração reduzido ao tamanho de uma ervilha. Às vezes quero chorar, mesmo que não traga o alívio de sua ausência. E outras vezes, penso se não deveria ir procurá-lo.

Já havia imaginado diversas possibilidades para encontrá-lo. Não suportava mais a angústia de obter nada mais que o silêncio. Estou reprimindo meu desespero, enquanto seguro as lágrimas que venho tentando esconder. Então, sou surpreendida com o calor das mãos de Jimin acolhendo meu rosto outra vez.

- Você deve ficar aqui, em segurança. Independente de qual seja a notícia que chegará a você - diz ele.

- Sim, é verdade. - Aceno com a cabeça.

- Então não chore. - Seu polegar deslizou suavemente abaixo dos meus olhos, enxugando algumas lágrimas que não fui capaz de segurar. Seu sorriso trouxe o conforto que meu coração precisava.

Uma outra vez estou anestesiada com a sua ternura. Suas mãos, que aparentam ser pesadas e firmes, quando me tocam, são leves e sutilmente ásperas. É preciso um grande esforço para me afastar e não ser tomada pelo desejo de fechar os olhos, e ronronar como um gatinho carente.

Lábios intocáveis - Park Jimin 🔞Onde histórias criam vida. Descubra agora