imersão em bolinhas

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Olá, é bom ver vocês novamente. Espero que gostem dessa capítulo. Não deixem de votar e comentar, isso é muito importante e me incentiva demais!!!!
Ps: espero que os leitores de H.H. tenham pegado as referências hahah
Boa leitura!

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   Ainda atormentado por aquelas lembranças dolorosas, Harry abre o envelope que estava no bolso do moletom e, como o previsto, havia uma nova charada lá.
   “Vens a mim todo ano com uma lista de desejos e hoje é a última chance de fazer o seu pedido. Corra, porque a noite é uma criança, mas eu só trabalho até as 20 horas.”
  Harry, dessa vez, não tinha ideia.
- Lista de desejos... só pode se tratar do Papai Noel.
   Harry corre até o Papai Noel que decorava a porta de sua casa, mas não havia nada lá.
  Será que haviam cometido um erro?
  Harry duvidava, tal façanha não parecia ter sido tramada por um bruxo iniciante, logo erros eram inviáveis.
   Como em um passe de mágica, Harry vê, sobre a bancada da cozinha, um folhetim daqueles que os Trouxas entregam em todo natal. Se tratava de um convite para a festa das luzes, que acontecia toda véspera de natal, na praça central. Harry se lembrava de sempre ver um Papai Noel recebendo cartas por lá, na sua infância, mesmo que a Tia Petúnia nunca o deixasse entregar a sua.
  Harry pega o seu telefone sobre a bancada.
- Oi – ele fala assim que Rose, sua sobrinha, atende o telefonema.
- Oi?
- Até que horas o Papai Noel fica no centro recebendo cartas? – Se existe alguém no mundo que saberia isso, essa pessoa era Rose.
- 20 horas.
  Harry olha o relógio em seu pulso, os ponteiros marcavam 18h 50 min. Ele teria tempo.
- Hermione já chegou em casa?
- Não – a menina responde.
- Peça para que ela me ligue imediatamente ao chegar.  Amo você, Roselinda.
- Eu também amo você, padrinho.
    Harry junta as cartas recebidas até agora e o moletom e os joga dentro de sua bolsa de couro marrom, aparatando, logo em seguida, para a praça central de Londres.
 
   O lugar era como ele se lembrava. Havia uma grande árvore de natal, bem ao centro da praça, cercada por uma pista de patins, onde crianças desajeitadas deslizavam de um lado para o outro. No palco montado ao fundo, uma banda de Trouxas fantasiados de duendes cantarolavam Jingle Bell Rock, Harry não pode deixar de rir com as fantasias. O lugar estava lotado, as pessoas sorriam e desejavam feliz natal umas às outras, alguns flocos de neve começavam a cair e o sol já estava de pondo. O avermelhado do céu deixava o ambiente ainda mais mágico, se não fosse pela ameaça eminente de algum bruxo das trevas que enviava charadas em cartões decorados de natal. Será que ele temia um ataque aos Trouxas? Haviam muitas ´pessoas reunidas aqui, isso poderia ser perigoso. Harry teria de ser rápido.
   Por sorte, lá estava ele. O Papai Noel.
   Sentado em uma poltrona vermelha como a sua roupa, usando uma barriga falsa e com cara de quem tivera uma indigestão com queijo velho no almoço, ele recebia as cartas das crianças Trouxas entusiasmadas.
  Harry se põe a correr por entre a multidão, mas é impedido quando uma força externa colide contra ele, o fazendo ir ao chão. Harry se levanta e, limpando a neve acumulada na parte de tras da sua calça, se deparada com a criatura pálida que lhe encarava.
   Não poderia ser. Não. Não. Não.
   Draco Malfoy.
   Fazia tanto tempo que eles não se viam. Malfoy estava tão diferente. Um pouco ainda mais alto do que Harry se lembrava, seus cabelos louros e sedosos estavam compridos e amarrados em um coque. Agora ele tinha até algumas tatuagens que se erguiam sobre a gola alta da fina blusa preta que vestia.
  Sua face estava mais velha, mas os olhos azuis ainda eram os mesmos.
  A mente de Harry passeava acelerada por entre os pensamentos. Era como voltar ao seu passado, revisitar antigas sensações. Harry não sabia dizer se as boas ou ruins.
  Talvez as duas.
- O que você faz aqui, Malfoy? – Harry pergunta.
  Mas agora, as coisas faziam sentido. Como Harry não havia pensado nisso antes?
   A pessoa mais provável a saber sobre o diário, sobre o moletom e sobre o que Harry fazia na floresta naquela véspera de natal, era Draco Malfoy.
  Mas por que ele havia tramado todo esse jogo de cartas? Será que ele havia se voltado para o lado das forças das trevas? Em pensamento, Harry torce para que não. Ele ficara feliz quando soube que Malfoy não lutaria ao lado dos comensais na última guerra, por mais que isso tenha causado a separação deles.
             - Nada – Draco responde com o seu timbre rouco e Harry sente vontade de pedir para que ele falasse mais, só para ter certeza que lembrava do sotaque da sua voz. – O que você faz aqui, Potter?
  É, Harry, com certeza, lembrava.
  - Nada – responde e se põe a andar novamente em direção a casa do Papai Noel.
  No entanto, é impedido novamente, quando a mão firme de Malfoy lhe segura pelo braço.
  - Você também recebeu? – Harry percebe que Draco olhava para a carta que escapava da sua bolsa de couro.
  Harry hesita em responde-lo, mas, então, Draco puxa em envelope igual do seu bolso e mostra para Harry.
- O que você está tramando, Malfoy?
- Nada! Eu só encontrei esse envelope com uma charada na minha casa e... onde você encontrou a sua?
- Na caixa de correios – Harry nunca diria que fora no seu antigo diário de Hogwarts e no moletom de Draco que ele guardava até hoje em uma gaveta velha – E você?
- Correio também... – Draco leva a mão até o seu coque desajeitado – Você tem alguma ideia do que pode ser?
- Não – Harry responde sincero – mas tenho certeza que não foi você.
- Uau, devo ficar lisonjeado? – Draco sorri levantando o canto direito dos lábios e Harry se pune por perceber que lembrava tão bem desse detalhe – Mas por que tem tanta certeza?
- Não acho que se trate apenas de uma brincadeira boba.
- Acha que mais alguém recebeu? – um olhar de preocupação rara se forma no rosto de Malfoy.
- Eu não sei – Harry não havia parado para pensar sobre isso e, sinceramente, ele não queria. Ele precisava acabar com isso logo e salvar o natal de todos.
   Harry volta a andar e, dessa vez, Draco o deixa ir.
   Harry se aproxima da grande casa de madeira onde o Papai Noel estava, a casa era tão colorida que fariam das camisetas de Agostinho Carrara uma roupa neutra. Harry caminha para trás do palco onde os “duendes” ainda cantavam, a fim de conseguir uma boa visão do Papai Noel sem ser visto por todas aquelas pessoas, e se esconde entre algumas caixas de suporte.
   Dentro da casa havia um daqueles parques de crianças, com escorregadores e piscinas de bolinhas, e bem ao lado uma grande caixa cheia de cartas.
Bingo!
   Lá estava ela, pendurada na lateral, uma carta igual as outras que ele encontrara mais cedo.
   Os olhos de Harry brilham como os de uma criança vendo um delicioso bolo de chocolate com cobertura de cenoura. Ele rapidamente puxa a sua varinha e declama:
- Accio carta – mas nada acontece
  É claro, ele pensa, a carta estava protegida por algum feitiço.
- Appare Vestigium – Harry declama dessa vez e um rastro de magia perto da carta se revela.
  Sua teoria estava certa.
    Determinado a ir até lá, pegar a carta e por fim apagar a memória recente das pessoas que o vissem, Harry se levanta, mas é impedido de andar, novamente por uma mão firme.
  - Eu não acredito – Harry bufa – isso ta parecendo algum filme da Sabrina Carpenter produzido pela Netflix.
  Draco revira os olhos e puxa Harry para tras das caixas novamente.
- Eu diria que está mais para algo como Anne Hathaway
  Harry lhe olha confuso
- Ela fez diário de uma paixão – Draco fala, parecendo indignado.
- Você sabe que é o mesmo nível de clichê, de dançarina imperfeita, né?
  Draco revira os olhos novamente
- Você por acaso viu que tem um Trouxa vestido de duende cuidando das cartas?
   Harry olha novamente para a casa e assente com a cabeça, frustrado ao que perceber que Malfoy estava certo.
- Você não estava pensando em ir até lá sozinho e simplesmente roubar a carta, né?
   Harry engole em seco. Parecia uma boa ideia.
- Depois você iria o que? Apagar a memória de metade da população de Londres? – Draco ironiza.
   Ok, talvez não fosse a melhor ideia.
- Claro que não – Harry mente – Mas... o que você sugere?
- Eu pego a carta enquanto você distrai o “duende”
           - Ta maluco? Para depois você pegar a carta e simplesmente fugir?
- Eu não vou fazer isso, Potter – Draco bufa – Pegue a minha varinha.
- O que? – Harry se assusta
- A varinha, por garantia.
- N-não – Por mais que Harry tivesse algum receio com Malfoy, ficar com a varinha de alguém era algo sério demais – você distrai, eu pego.
- Eu nem sei o que se fala para um Trouxa – Draco olha para as suas vestes pretas e depois para o suéter de natal que Harry vestia – Você é o mais normal aqui.
   Um meio sorriso surge nos lábios de Harry e ele passa a mão sobre o ombro, como se espantasse uma poeirinha.
- Isso não foi um elogio, Potter.
  Harry bufa – Seja rápido, por favor.
  Os dois se levantam e seguem rumos diferentes para a casa do Papai Noel.
 
   Harry entra na casa e se aproxima do guarda. Ele usava orelhas de pano verde e sapatos estranhamente pontudos. Harry se pergunta como um Trouxa reagiria ao ver um duende de verdade.
- Boa noite
- Boa noite – o homem lhe responde
Harry vê Draco entrar pela janela da casa e se dirigir até a caixa de cartas.
- Você está procurando o seu filho? – O homem começa a virar o seu corpo em direção ao parque, onde, certamente, veria Malfoy mexendo nas cartas, mas Harry pousa a mão sobre o seu ombro, fazendo o homem lhe olhar assustado.
- Não, não. Sabe, eu não tenho filhos – Harry fala com uma careta tão constrangedora quanto tropeçar no próprio pé e cair no meio da rua – Roupa legal.
- Ah... a sua também – o homem fala em um tom duvidoso e olha o suéter de Harry, que, por sua vez, se amaldiçoa por ter escolhido a estampa de alces para esse ano.
- Você, tipo... vem sempre aqui? – Harry fala a primeira coisa que vem a sua mente, mas antes que Harry pudesse obter resposta, Malfoy para atrás do homem e exibe o seu clássico sorriso de desdém, analisando tudo que o Harry falava - Sabe, acho que já está na hora de você ir – Harry pousa as duas mãos sobre os ombros do homem, o impedindo de olhar para trás.
- Eu? Mas, senhor, o expediente vai até as 20 horas.
  É claro que Harry não falava para o homem, mas, sim, para Malfoy. Esse, no entanto, parecia não entender o recado, pois agora imitava as caretas de Harry, por trás do homem.
- Da o fora daqui, agora! – Harry grita para Draco, mas permanece encarando o homem-duende, que agora lhe olhava com cara de quem tentava lembrar o número polícia, para chamar as autoridades o mais rápido possível.
   Malfoy exala um último sorriso de vitória e dá as costas. Entretanto, para a mal de todos e infelicidade da nação, uma criança salta do escorregador correndo e esbarra em Malfoy, fazendo com que ele perca o seu equilíbrio e caia desajeitado dentro de uma das piscinas de bolinhas.
   Todos na casa se voltam para a origem de todo aquele tumulto e vejam um Draco com as pernas para o ar, emergido em bolinhas coloridas e segurando uma carta com as mãos.
   Harry não consegue controlar a risada ao ver a cara de raiva que Malfoy fazia e até pensa em pegar o seu celular para tirar uma foto, mas para, ao ver que o guarda caminhava em direção a Malfoy.
- O que está acontecendo aqui? – o homem fala furioso.
   Malfoy desliza por entre as bolinhas, tentando fugir apressado.
- Ei – Harry fala puxando o homem para trás – chapéu legal – Harry pega o chapéu pontudo que o guarda usava a e se põe a correr apressado para fora da casa, logo se misturando a toda aquela multidão que se formava ao redor da grande árvore.
 
- Ei, Harry – Draco grita de longe, caminhando em direção a Harry.
- Conseguiu a carta? – Harry pergunta quando o outro se aproxima.
 Draco levanta a carta e pousa uma mão sobre o peito, ofegante pela corrida.
- Lá estão eles – o homem-duende, agora sem chapéu, aparece com dois guardas.
- Vem – Harry segura no braço de Draco e começa a correr.
  Ao tomar uma distância segura dos guardas, Harry pergunta:
- Está pronto?
- Para o que?
  Sem nem mesmo responder, Harry segura novamente o braço de Malfoy e os aparata para longe.  
 
Flashback – Harry
    Mas então, sou despertado ao ouvir paços que pareciam se aproximar cada vez mais. Ao ver a figura tomar forma diante do meu olhar, tento alcançar a minha capa de invisibilidade, mas já era tarde demais. Ele já havia me visto.
- Harry – Draco grita se aproximando – Você está bem? O que aconteceu aqui? – ele olha assustado para a floresta destruída ao meu redor.
   Draco vê o livro de feitiços, e a minha varinha, caídos no chão. Ele sabia o que eu havia feito, mas ele não iria falar nada, porque ele era assim. Ele sempre me entendia.
  Eu permaneço imóvel no chão coberto de neve. Eu havia feito tudo errado. Eu iria falhar.
- Ei – Draco se abaixa na minha frente e segura o meu rosto entre as suas mãos. Eu sinto a sua pele quente incendiar o meu rosto frio – está tudo bem. Vamos sair daqui.
     Ele me levanta e me envolve com os seus braços. Eu não poderia querer estar em outro lugar.
- Por Merlin, Harry! Você está congelando.
    Draco tira o moletom preto que usava e me veste com ele. As mangas longas cobrem a minha mão, me permitindo esquentar as pontas congeladas dos meus dedos.
- Você parece um presente de Natal todo empacotadinho nesse moletom. – Draco junta todas as minhas coisas no chão e caminha ao meu lado, em silêncio, até o castelo.
   Quando começamos a subir as escadas, Draco toma o caminho da torre de astronomia. Ele sabia que o último lugar que eu gostaria de estar agora era sozinho no meu dormitório. Nós éramos assim. Sabíamos muito um sobre o outro, coisas que ninguém mais sabia.
  Draco senta no chão da torre e eu me aconchego ao seu lado.
- Você deveria tomar mais cuidado. Poderia ter sido pego na floresta.
- Você me pegou.
- Eu sempre pego você, bobão.
  Ele ri. Eu rio também.
- Você sabe, né? Que vai vencer? Não precisa sentir medo.
    Ele sabia, como mais ninguém, o quanto a guerra me assustava. Ele sabia todas as noites que eu tinha pesadelos com isso. E ele sempre estava lá, para resolver todos os problemas do mundo com a magia mais potente:
   O seu abraço.
           - Quero ver você falar isso quando estiver lutando do outro lado – eu brinco.
    Nós sempre falávamos muito sobre isso e eu acho que era isso que fazia da nossa relação tão especial. Não havia espaço para mentiras ou qualquer receio. Nós éramos nós. Sempre. Um pelo outro. Ele me segurava quando eu precisava e eu era forte quando ele precisava.
- Você sabe que eu não vou lutar com eles. Eu vou estar com você.
     Eu rio. Eu era muito realista sobre o nosso futuro, enquanto Draco era muito esperançoso. Draco era um comensal. Não estaríamos do mesmo lado. Não havia saida.
- Harry – ele fala passando o braço em volta do meu corpo e acariciando os meus cabelos – Um dia teremos tantos momentos bons que não haverá espaço para tristeza entre a gente.
     Eu deito a minha cabeça no seu peito. Eu acreditava nele, de alguma forma.
- A lua está tão linda hoje.
- Ela está. Como você.
   Draco olha para o relógio em seu pulso e eu acompanho os segundos passarem apressado.
- Feliz natal, Harry – Draco fala e me puxa para um beijo caloroso. E depois outro. E outro. E ainda outro.
 
     Muitas coisas boas aconteceram no restante daquele ano letivo. Mas na manhã que antecedeu a guerra eu acordei e Draco não estava mais lá. Ele havia ido embora para muito longe. E desde então eu nunca tive a chance de devolver o seu moletom.
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Harry e Draco deveriam ser os novos trapalhões 🤪
Hummm e o que vocês estão achando dessa relação dos drarry?
Bem, nos vemos no próximo capítulo. Espero pelo seu feedback. Não esqueça de votar!

Off: será que temos uma referência a um possível futuro da segunda temporada de H.H.? 👀

Um mistério de Natal -Drarry Onde histórias criam vida. Descubra agora