visions of you - elmax

Capítulo Um

I'M TURNING AROUND.

A nova casa era no interior da Carolina do Norte, cercada de árvores altas e muita grama. A casa era alta, gótica e bem antiga. Era muito grande, não tinha nem comparação com o apartamento antigo que eles moravam.

— Aposto que mamãe já está cozinhando lá dentro — Max desceu do carro com uma mochila, empolgada pra conhecer a nova casa.
— Max? — seu irmão olhou pra ela, preocupado.
— Billy, não tem problema. Não vou deixar ela saber de nada que você me contou durante a viagem.

Susan havia ido para a casa nova dois dias antes, para que quando os filhos chegassem a maioria das coisas já estivessem em seus devidos lugares.

— Oi, mamãe! — ela deu um beijinho na bochecha da mãe.
— Oi, meu bem. Como foi a viagem?
— Foi boa, o Billy não estava nervoso. Acho que ele gostou da gente ter vindo pra cá.
— Hummm... — murmurou, enquanto picava as cenouras em rodelas finas — E seu pai?Vocês passaram lá pra ver ele?
— Não. O Billy não quis, e muito menos eu.
— Ele é o pai de vocês...Vocês deviam ter passado pra pelo menos dar um oi.
— É, mas não passamos. Onde fica meu quarto?
— Lá em cima, fica do lado direito do corredor.

Max subiu e deixou sua mochila lá, depois desceu pra pegar mais coisas e então voltou pro quarto. Uma chuva, ou melhor, um temporal começou.

— O que eu faço agora? Tá caindo o mundo.
— Vai ler um livro, ver um filme, conversar com a vizinha, jogar video game com o Billy... Só não faz bagunça.
— Vizinha?
— É, você não viu não?A janela do quarto dela dá de frente pro seu quarto.
— Que legal. E quantos anos ela tem?
60?
— Não. — a mãe dela riu — Ela é a filha da vizinha, deve ter sua idade.

Max balançou a cabeça e depois saiu. Foi pra sala e ficou olhando os canais em busca de achar um filme ou algo legal pra assistir, mas os canais de filmes estavam fora de ar e o resto eram só jornais falando sobre o tempo ou mercado de ações.
A menina deixou em um canal qualquer, virou de barriga pra cima e começou a contar as pintas que ela tinha pelo corpo. Foi uma tentativa falha, levando em conta que ela era cheia de sardas.
Uma frase em específico chamou a atenção de Max de volta para a TV:

— Homossexualismo: Doença ou crime? Descubra mais sobre o transtor... — ela não deu a chance do jornalista terminar a fala dele, preferiu desligar a televisão.

Max nunca entendeu esse termo: Homossexualismo. Por quê o ismo no fim da palavra?Relacionava à doenças, como o tabagismo e alcoolismo.

Ela subiu as escadas e foi pro quarto do irmão e jogaram video game por boas horas.

— Depois a gente joga mais, vou tomar banho agora — disse Billy, que se levantou.

Max balançou a cabeça e foi pro seu quarto, ficou olhando pra janela da menina, esperando que ela aparecesse pra saber quem era ela. Mas ela não apareceu.
Olhando pra chuva que havia deixado o jardim todo enlameado, ela sabia que seus dias de skatista haviam acabado, não totalmente, só até as aulas voltarem.

Assim que Billy saiu do banheiro, ela pegou sua toalha e foi tomar banho no outro banheiro da casa. Tentou contar quantos azulejos tinham, mas assim como as sardas, ela perdeu a conta.
Pegou o creme de pentear e o pente pra sair do banheiro, e viu o spray de cabelo da Farrah Fawcett que o irmão havia ganhado de presente.

Quem dá um spray de cabelo pro namorado como presente? Max pensou e riu.

— Eu sou o Billy, olha como eu sou musculoso — ela engrossou a voz fazendo poses exibindo os musculos para o espelho— E o meu spray de cabelo chique e fedorento.
— Para com isso — Billy bateu na porta.

Vermelha de tanto rir por ter sido pega imitando o irmão, Max saiu do banheiro.

Já de roupa, Max penteava o cabelo olhando pro espelho que havia dentro do guarda-roupa dela que ficava do outro lado do quarto de frente pra janela, e viu que a vizinha tinha chegado no quarto.

A menina branca e com as pontas loiras do cabelo se sentou na penteadeira que ficava bem na frente da janela e enquanto anotava alguma coisa em seu caderno, ela conversava com alguém que parecia estar deitado na cama dela.

Max não gostava de ser enxerida, mas era. Ela preferia o termo curiosa, mas era uma enxerida de primeira. Ela continuou olhando pra vizinha dela pelo espelho pra ver se a tal pessoa na cama apareceria, e ele apareceu. Não deu bem pra ver o rosto do garoto, mas ele era alto, branco tinha um cabelo de tigela que era tão tosco que Max riu. Ele deu um beijo breve na menina da penteadeira e depois ele sumiu de vista e eles pararam de conversar. Max presumiu que ele havia saído do quarto, então se virou e foi em direção à janela, abriu-a e botou a cabeça pra fora:

— Oi! Tudo bem? Sou sua nova vizinha — ela disse com um sorriso no rosto.

A menina não falou nada, fingiu que não tinha escutado ou que não era com ela e então voltou pras suas anotações.

— Que grosseira. Era só ter me dado um oi.

                                 •••