Capítulo 10

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"Tudo depende do tipo de lente que você utiliza para ver as coisas" (Jostein Gaarder)

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Assim que entrei na escola pela manhã vi uma Tabatha com os olhos escondidos atrás de lentes grossas e escuras com um copo de algo fumegante na mão.

- Se isso for café eu vou dar meia volta e ver se não entrei no universo paralelo – Ela resmunga alguma coisa e vou para mais perto dela, examino o copo e vejo que não é café, mas era algo com cor escura e um cheiro estranho – O que é isso?

- Chá de gengibre com hibisco – Faço uma careta e me sento ao seu lado em uma das mesas da sala dos professores, por conta dos óculos não dá para ver muita coisa da sua aparência mas pelo encurvamento dos seus ombros eu diria que a situação está péssima.

- O que aconteceu com você? Eu jurava ter lhe deixado em casa inteirinha

- E eu estava, só que ai Pietro foi para minha casa e disse que tinha acabado de ser promovido a ... – Ela faz uma pausa, sua testa franzindo tentando pescar o pensamento de volta – Acho que era chefe ou sei lá, e aí eu tive a brilhante ideia de abrir uma champanhe para comemorar e as coisas saíram do controle.

- Alguém deveria tirar tudo o que contem álcool de perto de você

- Eu sei, mas olha pelo lado positivo – Ela toma um gole daquele chá estranho e continua- Passei a madrugada vomitando e ele não fugiu, ele até segurou o meu cabelo, ele foi um fofo.

- Bom, isso com certeza é um ponto positivo, mas tenta ficar longe de bebidas tá? – Me levanto e vou direto para a cafeteira e vejo que todos os biscoitinhos já sumiram, esses professores parecem uns ratos, pegando um copo me aproximo da porta de saída – Ah e Tabatha?

- Hum?

- Aquela conversa de "a bebida tem o efeito contrário em mim" não cola mais

- É, eu sei – Ela falou tão triste que me virei e dei um rápido beijo em sua cabeça antes de ir para minha primeira aula. Hoje o dia vai ser cheio.

A aula de Erick começa exatamente as 17:00, mas passa dez minutos antes que ele chegue ofegante, quase arrancando a porta na pressa e se sente tentando recuperar o fôlego. Depois de alguns minutos ele fala:

- Desculpe professora, o treinador mandou a gente correr e parecia não ter fim

- Tudo bem, o importante é que você chegou – Deixo ele se acomodar e lhe dou um livro, "Ensaio sobre a cegueira" passa de mim para ele – Quero que leia esse livro até sexta, acha que consegue?

- Consigo sim, mas não é o livro que a senhora está discutindo em sala

- Não é, esse livro é para estudarmos um pouco mais adiante, vou passar livros para você ler a cada semana e nos fins de semana você vai me escrever uma redação de no mínimo 30 linhas sobre ele, suas impressões, tudo bem?

- Sim – Ele pausa e olha pra mim em expectativa – Mas então o que vamos fazer durante a semana.

- Vamos estudar poesia e história, um pouco de filosofia também.

Ele pega seu caderno e caneta e se prepara para anotar, não o deixo esperando e começo a resumir alguns dos pontos principais para se estudar, ele é rápido em aprender o que torna mais fácil ensinar e assim se passa uma hora, até que vejo todos os alunos restantes saindo da escola.

Seguimos na mesma direção, até aquele ponto em que cada um seguia sozinho então paro e pergunto gentilmente

- Se o seu final de semana fosse resumido em uma palavra qual ela seria?

10 MinutosOnde histórias criam vida. Descubra agora