Ouvia os meus passos duros e apressados quebrando os galhos e estraçalhando as folhas debaixo de meus pés.
Respirava ruidosamente, bufando como um touro, entrando cada vez mais fundo na Floresta Proibida e não me importando com a escuridão ou com o silêncio mórbido ao meu redor, apenas querendo fugir de tudo aquilo que ficava para trás.
Porque, por Merlin, eu estava tão irritado.
Porque por mais que tentasse com todas as minhas forças – e Merlin sabe como eu tentei – simplesmente não conseguia tirar Draco Malfoy da minha cabeça.
Eu e Draco, desde que havíamos chegado em Hogwarts logo no início de nosso primeiro ano, nos tornamos rivais. Inimigos declarados, e não havia sequer uma alma naquele castelo que não soubesse disso ou que se atrevesse a contestar. Era um fato que nós não nos suportávamos.
Porque aquele garoto mimado, arrogante e sarcástico simplesmente me tirava do sério de todas as maneiras possíveis. Falando com a sua voz arrastada sobre minha cicatriz, minha aparência e meu jeito. Debochando da origem e condição financeira de meus melhores amigos. E eu queria socá-lo até não poder mais quando aquele sorrisinho de escárnio e triunfo se desenhava em seus lábios.
E era exatamente isso o que eu fazia.
Porque as nossas trocas de farpas e provocações nunca se limitavam a apenas isso, de modo que sempre terminávamos brigando muito feio. Quando não era com troca de azarações, era com troca de socos e chutes.
E eu não sei muito bem como começou, mas uma satisfação profunda e perigosa me dominava sempre que eu via sua pele branquinha marcada por mim, sempre que ele descia de sua postura inabalável para brigar de volta, seus olhos metálicos chispando raivosos na minha direção.
E um desejo obscuro se espalhava dentro de mim, serpenteando como veneno. Desejo de poder fazer tudo aquilo de todas as formas possíveis, de fazê-lo descer de seu pedestal para que pudesse marcar sua pele, assistindo enquanto ele se desmanchava em minhas mãos.
As coisas entre nós sempre foram passionais. Brutas. Movidas por um ódio mútuo e muito bem alimentado.
Sem que eu percebesse, se tornou carnal. Quente. Selvagem.
Porque quando ele chegava perto de mim, com a sua voz arrastada e os olhos brilhando em deboche, eu tinha vontade de jogá-lo contra a parede mais próxima, prensá-lo nela em um beijo ardente até que sua expressão debochada desse lugar à de necessidade ardente, do mesmo jeito que eu me sentia.
E eu permaneci borbulhando esse desejo sombrio pelo tempo que o meu autocontrole me permitiu. O que, no caso, não foi muito. Então não me surpreendi comigo mesmo quando, em uma de nossas detenções juntos e depois de algumas de suas provocações, acabamos fazendo um sexo feroz e violento na sala vazia de Snape.
Mas me surpreendi quando o meu desejo por ele apenas aumentou ainda mais depois disso. E como quando depois ele voltou às suas ironias e ofensas, parecendo querer me atiçar cada vez mais, sempre fazendo de tudo para que ficássemos ambos de detenção para que pudéssemos descontar a tensão e o atrito em noites muito longas.
Hermione, como já era de se esperar, começou a reclamar ainda mais comigo. Porque ela sempre me repreendia por cair nas provocações de Draco e acabar de detenção. Então como o número havia aumentado, ela tentava todos os dias me colocar algum juízo na cabeça, o que não surtia nenhum efeito, porque eu não queria parar.
Mas me forcei a isso quando meu rendimento em Hogwarts começou a cair, além de estar sempre perdendo pontos para a Grifinória e todos os meus colegas de Casa começarem a me olhar com raiva.
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Animals
Hayran KurguPorque os animais dentro de nós nunca deixariam de rugir um pelo outro. {Drarry❤️} Baseada na música Animals - Maroon 5.