Capítulo 3

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Depois de ficar um tempo imersa, decido tomar uma decisão...

Não vou ficar me estressando por causa disso, confio no Felix e sei que ele é fiel, nunca tivemos problemas com esse tipo de situação, bom, pelo menos por enquanto. Puxo a mão de Daeho, que está desesperadamente procurando um lugar para sentar, e o arrasto para a fila. Sinto seu olhar confuso tentando decifrar o que se passa na minha cabeça para ter feito isso.

- Já temos um lugar para sentar! Vamos antes que acabe a carne!

Ele ainda está confuso, mas ignora e decide me seguir para a fila. De vez em quando olho de soslaio para o lugar que Felix está. Talvez eu deva admitir, estou com ciúme, e muito. Pego minha bandeja de comida, espero Daeho e sinalizo para me seguir. Ando como uma onça prestes a dar o bote, mas ao mesmo tempo como um pavão mostrando suas belas penas coloridas. Minha presença está chamando mais atenção do que imaginei.

- O que você está fazendo? – sussurra Daeho.

- Cala a boca e me segue!

Chego na mesa em que Felix está sentado e com o sorriso mais cínico possível, pergunto:

- Estão se divertindo? Parece que sim, consigo ouvir as gargalhadas de vocês lá da fila.

Eu juro que controle é o meu forte, mas dessa vez, nem uma equipe de lutadores de sumo iriam me impedir.

Felix sorri ao me ver, mas parece que ele entendeu o recado nas entrelinhas das minhas falas. Levanta e se inclina para um beijo, demos um selinho, eu ando e me sento em sua frente. Convido Daeho a sentar ao meu lado, hesitante ele se senta e começa a comer.

- Como foi sua manhã, amor?

Felix pergunta e Daeho parece assustado com o fato de eu ser namorada do rapaz a minha frente. Sou tão esquisita assim? Eu não me importo com os olhares me fitando e me pronuncio:

- E a sua? – direciono o olhar para a garota – Parece que sim...

- Não é o que parece, amor...

- Aqui não é hora nem lugar para isso, estou irritada e discutir comigo nessa situação não vai levar a lugar algum e você sabe disso.

Abaixo o olhar e começo a comer, olho para o prato de Felix enquanto mastigo e percebo que tem algo ali que não deveria estar. Felix tem alergia a peixe. Pego o peixe do prato dele e coloco na minha boca.

- Você fica muito fofa irritada.

Ele solta uma risadinha logo após e eu acabo deixando passar um sorriso de canto. Idiota. Consegue me fazer sorrir mesmo nessa situação. Droga! Maldito coração.

...

Termino de comer e o clima já está mais leve. Odeio admitir isso, mas eu não consigo ficar brava com o Felix por mais de 10 minutos. Eu me derreto toda nos encantos desse garoto! Cada traço, cada detalhe, tudo isso me fascina de um jeito indescritível, chega a ser constrangedor admitir isso...

Olho a hora e percebo que preciso ir para o estágio, começo a me levantar e a arrumar as coisas, aceno para Daeho e dou um beijo em Felix. Sigo meu caminho até a saída da faculdade. Aproveito para dar mais uma olhada no campus, apesar de Seul ser bem poluída e ter um nível de poeira no ar alto, o campus tem um ar mais limpo, tem várias arvores e bastante área verde. Vejo pessoas fazendo "piqueniques de estudo", vamos chamar assim, alguns leem seus livros debaixo de uma sombra, outros jogam cartas e outros jogam bola, o ambiente aqui é perfeito!

As pessoas riem como se estar na faculdade fosse a coisa mais tranquila do universo, não que não esteja sendo para mim, mas eu nem comecei direito. Eu vejo pelo meu pai, todas as suas experiências na faculdade foram-me contadas, detalhe por detalhe. Eram noites mal dormidas, fome, dores de cabeça, estresse, entre outras coisas, fora os relacionamentos. Meu pai disse que a pior coisa da vida dele foi se enturmar na faculdade. Ele não conhecia ninguém no campus inteiro! Foi começar a fazer amizade quando um professor elogiou ele pelas suas notas no trabalho mais difícil que já iriam passar, e a partir daí começou a chover "amigos". Meu pai me contou que isso na verdade foi a melhor coisa que aconteceu, porque foi assim que ele conheceu a minha mãe, ela era o gênio do departamento de administração e se interessou pelo meu pai, um gênio da engenharia civil. Eles não tinham nada em comum, mas aos poucos eles começaram a se gostar. Hoje eles são divorciados, mas meu pai disse que ainda ama a minha mãe porque ela deu o maior presente que ele poderia ter, eu.

A história de amor deles é bem tocante, mas não teve um final muito agradável. Até onde eu sei, minha mãe teve que voltar para a Coréia para assumir os negócios da família, meu avô faleceu e só restou ela para cuidar de tudo. Meu pai não gostava da atenção que a minha mãe recebia por ser a herdeira de um grande conglomerado, então depois de muita discussão, eles decidiram que eu e meu pai iríamos morar nos Estados Unidos e minha mãe iria para a Coréia sem a gente. Parece triste, mas sempre que meu pai mencionava a minha mãe, o que era raro, ele citava ela como uma pessoa incrível. Infelizmente essa admiração toda não passou para mim. Eu fiquei muito ressentida com ela, pois meu pai de vez em quando me acordava sem querer com seus choros noturnos. Isso meio que me traumatizou, pois enquanto ela estava vivendo do bom e do melhor na Coréia, eu e meu pai passávamos dificuldades.

Para ser sincera, eu não ligo mais para isso, ela está pagando a minha faculdade e não intervém muito na minha vida. Meu pai agora não mora mais no mesmo prédio que minha mãe, ele conseguiu comprar uma casa em um lugar mais tranquilo e trabalha de casa. Parece também que ele anda saindo para curtir a vida noturna, não vou reclamar, só não quero que ele se meta em encrenca.

Eu acho que depois que vim para cá, meu lado infantil e impulsivo passou a dominar pouca parte de mim. Agora olho as coisas com mais maturidade e tento entender todos os lados antes de tomar uma decisão. Eu e Felix decidimos dar mais um passo na nossa relação: vamos adotar um animalzinho. Não decidimos ainda qual vai ser, pois temos que cogitar vários pontos, como o barulho e o pouco espaço. Pensamos em algum roedor, ou um animal silvestre, mas temos que ver o nosso orçamento também. São tantas coisas para decidir que eu fico até com dor de cabeça só de pensar.

Continuo andando e percebo que estou em uma velocidade absurdamente lenta! Aperto o passo e sigo meu caminho. Coloco meus fones de ouvido e aperto no aleatório. A primeira música que toca me faz lembrar da minha infância, quando eu só precisava me preocupar com o horário da janta, e do que brincaria hoje... Jiwoo e eu fazendo festas do pijama com direito a karaokê da Barbie, eram bons temos. Faz um tempo já que não tenho notícias dele, antes a gente trocava mensagem pelo menos 3 vezes por semana, agora, nem online ele fica. Talvez ele esteja muito ocupado para me mandar mensagem, ele está fazendo faculdade de gastronomia e disse que tem várias atividades extras que o departamento dele organiza, então ele deve estar se divertindo com os novos amigos. Isso é bom até! Ele fez novos amigos assim como eu...

Estou muito imersa em pensamentos hoje, preciso prestar atenção senão vou perder o horário! O meu ônibus vai passar daqui a 15 minutos, pelo menos já vejo o ponto. Sento-me do banco do ponto e vejo os carros passarem, pessoas apressadas e outras nem tanto. A vida dos coreanos é tão agitada! Nunca vou me acostumar com isso...

Alguém me cutuca e quando vejo quem é minha boca se abre em espanto imediatamente!

- Hae Tan? O que faz aqui? 

Esse capítulo teve bastante lore e espero que vocês tenham lido tudo kkkk

Olha só quem apareceu! Nosso querido Hae Tan!

Vocês acham que é um presságio?

Espero que tenham gostado!

Bjinhos da Iludida

Another Day II - Lee FelixOnde histórias criam vida. Descubra agora