O jardim não ficava muito longe da casa de Sehun, então foi fácil ir a pé.
Aquela era a primeira vez que Kai saía do apartamento e o humano só percebeu isso quando pegou o androide encarando tudo com curiosidade e parando várias vezes para observar alguma coisa específica como a fachada de uma casa, um cachorrinho na coleira ou até mesmo uma placa, e, principalmente, alguns humanos.
— Ei! Não fique encarando assim, as pessoas podem não gostar — sussurrou, puxando o androide pela manga da blusa depois dele parar 'pra observar um casal andando na rua.
— Mas eu estou colhendo informações, Oh Sehun — respondeu. Ele tinha um jeito ingênuo que Sehun não conseguia deixar de achar fofo.
— Eu sei, mas as pessoas não gostam de ser encaradas. Guarde isso.
Kai assentiu, seguindo novamente ao lado de Sehun. Durante o resto do caminho, limitou-se a encarar as coisas de longe e não olhar por muito tempo. "Ele aprende rápido", Sehun pensou.
Chegaram em frente a um prédio imenso alto que nada se parecia com os demais. Era todo envidraçado, possuía flores e plantinhas brotando de cada canto possível: nas frestas da janela, penduradas lá de cima e principalmente na entrada. Era até que bonitinho e revelava que haviam finalmente chegado ao seu destino.
Por sorte, a entrada era barata — porque Sehun teve de comprar duas no fim das contas —, e, assim que pagaram, eles conseguiram entrar.
Era ainda maior por dentro e possuía vários e vários andares. Algumas portas levavam para exposições e aulas sobre o assunto, mas a verdadeira atração mesmo estava no centro: aberto até o topo do prédio, estendia-se um campo enorme e coberto de verde. Árvores, flores e plantas que Sehun nunca nem tinha ouvido falar na vida preenchiam o local com verde e outras cores vibrantes. Era bonito, e, de certa forma, majestoso e o melhor de tudo: era cheiroso.
— Uau!
Sehun achava que aquela exclamação havia saído da sua boca, mas, na verdade, ela viera do androide que olhava a tudo; encantado.
— Aqui tem muito mais plantas do que no livro — ele disse baixinho.
— Eu imagino que sim. Anda, vamos dar uma olhada. — Sehun sorriu ao que o androide o olhou e assentiu, curvando levemente os lábios para cima.
O lugar possuía várias trilhas pelas quais humano e androide se embrenharam, passando por árvores pequenas, grandes e gigantescas, arbustos, suculentas e até cactos. Não que Sehun soubesse exatamente o que estava vendo, mas ele podia contar com o androide ao seu lado lhe explicando o que havia aprendido daquele enorme livro sobre o reino plantae e fazendo expressões engraçadas de surpresa quando não sabia de alguma coisa e precisava parar alguns segundos em frente a um holograma para uma explicação.
Fora plantas e plantas, e também algumas aulas e exposições nas salas que eles acabaram não visitando, aquilo era tudo que o prédio possuía. Mas não é como se fosse pouca coisa, afinal, eles já estavam andando há umas duas horas e parecia que cada vez mais havia mais coisa para se ver. Era como se houvesse uma porção de biomas dentro de um único prédio e Sehun não duvidava da capacidade de se perderem ali devido à imensidão do negócio.
— Ei, Oh Sehun! Olhe — Kai disse com aquele tom estranhamente animado que Sehun viera ouvindo muito nas últimas horas.
— Uhum... — o humano murmurou, sequer dando a devida atenção para o que Kai apontava.
Não de propósito. Ele já estava há tanto tempo andando que se tornara desgastante, principalmente porque ainda não havia comido e já começava a se sentir zonzo. Kai notou no mesmo segundo que algo não estava certo e então se levantou, andando até Sehun. Só precisou checar o nível glicêmico no AD para perceber o problema.
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Humanity
FanfictionNo milênio da tecnologia - também chamado de Era Fantasma -, Oh Sehun anda equilibrando-se na linha tênue entre sobreviver e, de fato, viver. Graças à frágil herança genética dos seres humanos, ele, assim como milhares de outros infelizes, sofre com...