Cabanas e tempestades

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Natal, doce Natal. Sempre gostou da data. Não tinha histórias ruins para contar, para bem da verdade, eram momentos muito bons, mesmo depois de ter saído da casa dos pais, tido sua família, divorciado-se e afins. Era uma data boa, principalmente quando você percebe que volta à época de criança com um filho de doze anos que também adora o Natal. Então, dezembro trazia um conjunto de atividades legais, decoração natalina, jantar farto e um monte de filmes do tema.

Aquele ano não foi nada diferente. Na primeira semana, antes de Dohyun chegar para passar o primeiro mês das férias consigo, Baekhyun correu para ver os enfeites de Natal e comprar o que faltava. Papai Noel escalando a varanda, pisca-piscas por toda a parte, uma árvore gigante toda decorada e, por cada cômodo, uma lembrança de que época era. Dohyun chegava já com os olhos brilhando e um monte de planos para aquela época de fim de ano.

Inclusive, o famoso acampamento de início de férias. Mesmo que o primeiro mês da folga acabasse por não ser com o pai, desde os seis anos sempre ia com ele. Era uma viagem divertida e, particularmente, Baekhyun ficava muito feliz dando aquele momento de diversão e aventura para o filho. Acontecia na segunda semana de dezembro e era promovido pela escola. Um encontro de pais e muitas crianças dispostas a passar uma noite em uma "floresta" (para Dohyun, a maior de todas, mas era só um vasto campo com várias árvores) decorada com tudo que remete ao Natal e um dia de brincadeiras.

Naquela quinta-feira, Baekhyun aproveitou que sua mãe havia ido visitar Dohyun para comprar uma nova cabana para o acampamento. Quando tirou de cima do guarda-roupa a velha, não imaginou que Eli, o gato grande, gordo e com focinho de poucos amigos que lhe tinha de estimação, já havia feito da lona um bom arranhador. Deveria ter desconfiado do barulhinho no meio da noite, tsc. Assim que largou do trabalho, correu para a loja e, lá estava, admirando o trânsito meio caótico de início de noite com o frio cada vez mais intenso, no caminho de volta para casa.

A neve é meio destruidora. O frio incômodo. Porém, Baekhyun gostava daquele conjunto, e ainda tinha os jingles de Natal, que vez ou outra tocavam na rádio — como agora, fazendo-o cantarolar junto. Demorou pouco mais de meia hora para finalmente estar dentro do edifício, em um bairro movimentado da capital. Arrastou consigo a barraca e sacolas com comidas gostosas para o jantar. Já dizia sua ex esposa: você mima o Dohyun demais, Baekhyun.

E ela não mentia, mas tinha seus motivos. Era seu filho único e um garoto de dar orgulho. Sempre sonhou em ser pai, então sua atenção era voltada para ele e para ser, de fato, um bom pai. Ainda tinha a situação do divórcio. Havia o medo de que ele não lidasse tão bem com a ideia de que agora os pais não eram mais um casal, mas o amavam da mesma forma. Sem contar que Baekhyun adorava mimar o filho também. Era um pai bobão, sem tirar nem pôr.

— Segura o elevador! — gritou ao ouvir o barulhinho das portas metálicas se fechando quando ainda faltava alguns passos para alcançá-las. Notou uma mão impedir as portas de fecharem e sorriu sem nem saber direito para quem. Apressou os passos e finalmente entrou no elevador. — Obrigado. Não tenho tanta sorte com esse negócio — disse, pondo a cabana no chão e se esticando para apertar o botão do oitavo andar, mas este já estava selecionado. Baekhyun estranhou, virando a cabeça e olhando melhor para quem estava ao seu lado.

— Cabana? — O rapaz balançou uma sacola grande também, dando um pequeno sorriso de lado. Um sorriso que chamou atenção de Baekhyun, da mesma forma que os traços bem marcados, os olhos expressivos e toda aquela altura. Sorriu de volta, voltando ao canto onde estava antes.

— Meu filho peludo fez questão de fazer de peneira a que eu tinha. — O estranho soprou uma risadinha sem desviar o olhar de Baekhyun, que também não fazia muita questão de olhar para outro lugar.

Desventuras, Vizinhos e Jingle BellsOnde histórias criam vida. Descubra agora