My Mary

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Hey!

As músicas desse capítulo são:

Halsey - Without Me

Mokita & Ella Vos - Take It Back

É isso :)

Boa leitura!

...

Mary, a mulher por quem eu moveria montanhas e mares. Um ser quieto e curto, mas que há muito mais dentro de si. Eu não conseguia crer que estava a um passo de a perder.

Um sentimento que foi nascendo da maneira mais pura e poética... nunca esquecerei-me dos dias em seus aposentos. Foi sincero, e a cima de tudo, marcante. Nunca e creio que jamais sentirei algo assim por Roderick, meu afortunado marido. Ele é um bom homem, porém, não me permite escolha, desejos ou liberdades.

Por trás de um belo rosto, há cicatrizes terríveis.

Há duas estações perdi um bem precioso que nem consegui conhecer, uma vida. Me culpo por não ter conseguido a carregar. Fui fraca... e talvez nem a merecesse, mas um de meus mais queridos sonhos sempre fora dar a luz.

Senti-me impotente por meses. Queria tentar novamente. Meu cônjuge negou o ato, e então, mergulhei em um oceano de tristezas. Mal comia, mal dormia, apenas escutava os próximos me chamando de doente e inválida.

Após essas afirmações, Roderick chamou um médico. Fui examinada e sem nenhum tipo de filtro, foi declarado que eu possuia uma doença.

"Melancolia."

A priore, eu não me assustei, estava ocupada demais em meu lamentar. Quem poderia pensar que uma jovem mulher bem casada estaria se lamentando ao invés de aproveitar o tempo para longos bordados, planos de chás e bailes. Não quero ser mal interpretada, gosto dessas distrações, apenas... me sentia deslocada. Estava em luto.

Tudo mudou quando fui arrastada para Lyme Regis. Conheci uma mulher amarga a qual meu marido estava interessado que a mesma compartilhasse seus conhecimentos. Não me importava com quem era, muito menos quem foi, entretanto, seu trabalho me chamou atenção. Era bem elaborado, rústico, polido. Até que a proprietária, vulgo Mary Anning, pediu-me para largar um pequeno objeto o qual fiquei aficionada.

Ela era rude e imparcial.

Meus dias se resumiram a caminhar com a tal mulher para aprender algo sobre paleontologia. Nossa primeira conversa foi como uma onda batendo em uma firme rocha em dias de tempestade. Não havia piedade nas palavras. Nenhuma de nós sabia o passado uma da outra, visto que Mary não era uma mulher de muitas palavras, aparentemente.

E bem, ...eu também não cooperava.

Lembrei-me que meu marido queria que eu desfrutasse do mar, que talvez assim, eu iria melhorar meu humor. Uma tentativa válida. Não sei se foi a água fria e nada delicada a qual entrei, ou meu corpo sobrecarregado de tanto, terminei adoecendo um dia depois de minha discusão com Mary.

Notei meu corpo mole e decaído. Apenas consegui chegar até a loja da suposta paleontologa e desfaleci em seus braços. Entrei em um ninho de pesadelos e lembranças.

Senti algo diferente, um toque, algo quente, que era novo para mim. Esse toque me permitiu respirar sem dificuldades, sem medos. Me senti segura e acolhida como nunca antes. Me senti importante.

Acordei ao som de rabiscos delicados e trepidantes, aparentemente um rascunho de algo. Percebi estar em uma cama que comporta naturalmente uma pessoa. Queria saber de onde vinha o som, já que o mesmo havia parado desde que me movi minimamente. Escorreguei meu corpo e o indireitei para ver o que constava atrás de mim.

AmmoniteOnde histórias criam vida. Descubra agora