PARTE IV

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Na manhã seguinte, todos sorriam e falavam alegremente.
Ninguém sabia do ocorrido na noite anterior, ninguém se lembraria de alguma coisa.

— Vamos buscar os presentes nas meias!

Judi sorriu para os netos em forma de confirmação para buscarem as meias na lareira.
Todos correram, menos Ana e Luiz, que com passos lentos se entreolhavam. Não fora um sonho, ambos sabiam.
Na meia de Ana, a boneca que tanto desejara durante todo ano estava impecavelmente embrulhada. A menina não pôde conter um sorriso.
Quando Luiz pegou sua meia, um arrepio tomou conta de seu corpo.

— Abra — sussurrou a irmã.

Então ele abriu, e pequenos pedaços de carvão se chocaram com o movimento. Ele sabia o que eram aqueles carvões.
Ossos de crianças.
Entre eles havia um pequenino pedaço de papel branco manchado de preto.

— Tudo bem, querido, tem presentes em baixo da árvore. Pelo ao menos Père não veio ao seu encontro.

Judi sorriu e piscou para o menino que esforçou para sorrir de volta.
Pegou o pedaço de papel e o abriu lentamente, olhando a caligrafia feia e escrita com má vontade:

"No próximo ano, ela não irá te salvar"

Não era apenas um sonho, não era uma história, Père, a Sombra do Noel, era real.

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