[Ponto de vista: SeokJin]
Aquele dia não estava sendo tão empolgante. Na verdade, eles raramente eram. Dormi um pouco na tarde do dia anterior e acordei quase onze da noite, quando me arrumei pro trabalho e NamJoon me levou ao hospital. Trabalhei por doze horas como sempre, atendi diversos casos com JungKook e quando meu plantão acabou, eu pude finalmente ver Joonie de novo. Depois de almoçarmos e do meu namorado me dizer pela quinta vez como eu estava lindo, eu fui pra casa. Ir pra casa era sempre reconfortante quando eu sabia que alguma hora eu descansaria nos braços dele, como sempre fazia. Faltavam apenas três horas até que ele voltasse e eu precisava cumprir os meus afazeres antes de relaxarmos juntos.
Cuidei de Abbie assim que cheguei, colocando mais comida, água fresca e dando os remédios dela. Nós éramos sempre a companhia um do outro enquanto NamJoon estava fora. Eu fazia carinho nela e ela ficava do meu lado, me observando fazer as coisas. Eu realmente gostava de Abbie mesmo não a conhecendo a tanto tempo. Ela era uma boa amiga e uma boa companheira, e eu conseguia entender porque NamJoon era tão apegado a ela.
Eu iria tomar um banho e talvez dormir um pouco antes do meu namorado chegar, porém o barulho do meu telefone tocando me impediu de fazer qualquer coisa. Era a minha mãe de novo. Suspirei, encarando aquele contato na tela. Perdi a conta de quantas vezes eu recusei as ligações dela nos últimos dias. Não tive coragem de bloquear o número dos meus pais. Apesar de eu ter sido rejeitado, não gostava da ideia de estar rejeitando eles. Era um sentimento estranho de se descrever, mas eu ainda não queria escutar o que ela tinha pra dizer depois daquele dia. A questão era que todas essas ligações estavam começando a me tirar o sono. Minha mãe nunca me ligou tantas vezes e eu imaginei se ela tinha algo importante pra dizer. Eu não queria falar com ela, mas também não gostava de a ignorar daquele jeito.
Suspirei, encarando Abbie antes de pegar o celular. NamJoon iria me dar uma bronca se estivesse aqui. Eu ri com aquele pensamento, atendendo a ligação e me preparando para o que viria a seguir.
— Alô? — atendi, receoso.
— Graças a Deus! — ela diz, parecendo realmente aliviada. — Eu estava começando a considerar a ideia de te rastrear. Quantas vezes eu te liguei, SeokJin?
Eu suspirei, me sentando no sofá. Ela sabia que eu detestava que me chamassem pelo meu nome, principalmente naquele tom.
— Eu não sei... — digo baixo, já me arrependendo de ter atendido.
— Eu fiquei preocupada. Não tenho notícias suas a semanas! Como você está? — me pergunta. Eu quase pensei que ela se importava.
— Estou bem. Por que me ligou tantas vezes? — pergunto, tentando terminar com aquilo o mais rápido possível.
— Ah, isso... é que eu e o seu pai brigamos muito desde que você saiu. Eu estava pensando em ligar pra nós conversarmos e talvez você entenda o meu ponto de vista.
Suspirei com tanta vontade que senti falta de ar por um segundo. Eu definitivamente não queria saber. Eu já sabia o que viria a seguir. Meus pais costumam apelar pros meus sentimentos e eu acabo me sentindo mal e sempre faço o que eles querem, embora aquilo me rasgue por dentro. Minha mãe estava prestes a começar o joguinho emocional dela. Cogitei muito a ideia de desligar ali mesmo, mas seria muito pior se eu não a ouvisse agora.
— Estou ouvindo. — digo, já impaciente.
— O seu pai está enfurecido. Nós te encontramos no parque sem querer com outro homem e eu quase tive que o segurar para que ele não avançasse em vocês dois. O seu pai não é agressivo, SeokJin. Eu não sei o que está acontecendo, mas desde que você chegou aqui e disse que gosta de homens tudo mudou, e isso está me deixando exausta. Eu não concordo com a nossa atitude, mas também não concordo com a sua. — diz. Eu conseguia sentir o nojo na sua voz. Senti meu estômago embrulhar.
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Número da Sorte | NamJin
ФанфикKim NamJoon não teve dúvidas quando decidiu que cursaria medicina e, mais especificamente, psiquiatria. Na época foi até chamado de maluco, pois sua maior paixão sempre fora ensinar e ler livros. No geral, não tinha muitas preocupações com a vida. E...