Eu tinha dezesseis anos quando entrei no Now United. Não tinha ideia do que ia acontecer comigo, era inocente demais.
Meu nome é Krystian Wang, eu danço e canto no Now United e represento a China. Essa é a história de como perdi as estribeiras da minha própria vida, minha inocência, meus pensamentos puros, minha privacidade, tudo isso se foi sem passagem de volta.
Meu nome ainda é Krystian Wang, mas eu não sou mais o que costumava ser.
Tudo começou mais ou menos em 2016. Fiquei sabendo das audições para um novo grupo global e enviei um vídeo meu dançando. Obviamente gostaram, eu sou uma estrela. Eles me chamaram a LA e me colocaram numa espécie de reality/boot camp.
Eu odiava essa parte. Não sou um cara muito extrovertido e acho que poucos membros realmente torciam por mim naquela época. Eram todos adolescentes na mesma faixa de idade, os garotos se aproximaram rápido e as garotas tinham suas próprias panelinhas e eu nunca me encaixei bem em nenhum desses estereótipos.
Não sou machão o suficiente para estar com os garotos, nem extrovertido o suficiente para ser acolhido pelas meninas.
Passei a maior parte do tempo sozinho. Mas ninguem dança como eu, não como Krystian Wang. Sendo realmente um dos melhores, acho que ninguém ficou surpreso quando fui anunciado como membro. Nem surpreso, nem feliz.
Eles escolheram os 14 no mesmo dia.
Joalin, Any, Sabina, Diarra, Hina, Shivani, Sina, Heyoon, Sofya, Noah, Josh, Bailey, Lamar e eu.
No Bootcamp, nós nos conhecíamos vagamente, dançávamos juntos por horas em um estúdio e aí cada um ia para o seu lado. Eu não sabia que eles já estavam se enturmando no tempo livre. Sempre encarei aquilo como um trabalho e nada mais. Acho que comecei no ritmo errado.
Depois do lançamento oficial do grupo tudo mudou, nós meio que criamos um vinculo de família, mas naquela época eu não conhecia ninguém direito. Queria que tivesse sido diferente, que eu tivesse me aproximado das pessoas certas desde o início, mas se tem algo que aprendi nas minhas burradas é que não dá para mudar o passado.
Eu era virgem quando entrei no grupo.
Acho que na minha idade, a maioria dos membros já tinha transado, mas vivemos em culturas diferentes e varia muito de pessoa para pessoa. E claro, ao contrário da maioria dos membros, eu sou gay. Muito gay. Gay demais da conta. E as pessoas na China não gostam muito disso.
Na verdade, naquela época nunca nem tinha sido beijado. Nenhum garoto da escola queria chegar perto do garoto estranho com jeito afeminado. Era completamente casto. E me mantinha longe de todos porque sabia que se tentasse seria rejeitado.
Eles alugaram uma casa grande para nós e nos forçaram a escolher colegas de quarto. Obviamente nenhuma garota quis dividir comigo ou com nenhum membro que tivesse um pinto, então não me restaram muitas opções. Apenas os garotos.
Noah era o mais popular entre os meninos. Eu não o conhecia bem, mas ele já tinha trocado duas palavras comigo, o que era bem mais do que a maioria, então fiquei tentado a escolhê-lo.
Masa obviamente se Noah tinha uma ligação comigo, então ele tinha ligações até com uma porta, tanto que conseguiu fisgar dois colegas de quarto, Josh e Lamar. Os três pareciam bem fechados uns com os outros. Pretty good bros.
Naturalmente, só sobrou um membro para dividir quarto.
Bailey May, das Filipinas.
Eu já tinha o observado algumas vezes, mas me parecia hetero demais. Tanto que até me irritava um pouco.
No meio do clima amistoso de sucesso nas audições, acho que ele não se importava muito com quem seria seu colega de quarto. Me abraçou pelo ombro e posou para as câmeras com um sorriso convencido, como se fôssemos grandes amigos.
A primeira noite foi tranquila. Nós não tivemos tempo para conversar, eu coloquei minha mala no quarto e tive que descer logo em seguida. Eles nos levaram para filmar em uma piscina, era para ser tipo uma festa de formação do grupo, mas estávamos cansados demais para isso, então foi apenas uma gravação para o reality.
Depois de semanas dançando dia e noite como escravos, estávamos todos lá fingindo estar muito empolgados para festejar dançando até quatro da manhã, na frente de uma piscininha mixuruca. Estava quase amanhecendo quando a gente voltou, todo mundo dormiu feito pedra.
Foi no segundo dia que as coisas começaram a ficar bizarras.
Eu passei da hora dormindo. Eram quase duas da tarde, quando levantei da cama e encontrei Bailey sem camisa, esparramado, mexendo no celular. Não tínhamos compromissos marcados antes das 16h, então nao era exatamente um problema.
O filipino sorriu ao me notar.
— Bom dia, flor do dia.
Eu sorri meio sem jeito.
Mais por ele estar sem camisa do que por qualquer outro motivo. Como a maioria dos garotos do grupo, Bailey era muito bonito. Tinha barriga tanquinho e peitoral marcado. Pele marrom clara, sorriso sacana e pose de machão. Uma delícia. Eu não tinha acesso a muitos garotos antes, e ele não parecia gay, então coloquei na cabeça que teria que me acostumar a ver um gato daqueles sem camisa no meu quarto toda manhã.
Que sacrifício...
— Eu guardei café da manhã para você. — ele apontou a cabeça para o queijo quente com suco sobre minha mesa de canto.
Honestamente, eu achei aquilo muito fofo da parte dele. Eu estava morrendo de fome e sabia que nenhuma outra pessoa no grupo faria aquilo por mim.
— Obrigado. — agradeci com um sorriso bobo nos lábios, antes de me sentar na borda da cama para comer.
Tomei meu café da manhã, enquanto Bailey me observava. Ele puxou assunto sobre chocolates e programas de tv, deu a ideia de sairmos juntos para conhecer a cidade. Só nós dois.
Bailey tinha lábia, sabia como me fazer sentir especial. Eu caía como um patinho, era uma presa fácil, tinha dezesseis anos e queria muito um amigo. Sorria e interagia, me soltando aos poucos. Prestava atenção em como ele agia, em tudo que falava, no seu jeito de sorrir e sua mania de apertar o pinto enquanto conversa. Eu o admirava como um todo. Como se ele fosse algum tipo de deus.
Na primeira semana inteira, eu só falava com Bailey.
Quase sempre no quarto, de noite ou pela manhã, mas as vezes contava segredos no seu ouvido durante os ensaios ou compromissos. Eram os momentos em que me sentia mais feliz por estar em LA, os únicos em que não me sentia totalmente excluído do grupo. Uma pessoa gostava de mim. Bailey me dava carinho, atenção, ouvia minhas histórias, me abraçava e guardava meu lugar ao lado dele em todo compromisso.
Eu era seu favorito. E adorava isso.
Na segunda semana, nós saímos tarde de um photoshoot e Bailey me convenceu a jogar videogame até duas da manhã, o que foi um péssima ideia, diga-se de passagem.
Nós acabamos acordando tarde para um compromisso com patrocinadores, perdemos as quatro viagens de Uber que reservaram para o grupo e Yonta (nossa gerente/babá) obviamente ficou furiosa quando dei sinal de vida por mensagem
Disse que por ora, estávamos liberados, mas que falaria pessoalmente conosco a noite.
— Lá vem esporro... — comentei com Bailey, que descansava no sofá da sala ao meu lado, assistindo uma partida de futebol.
Tínhamos a casa toda só para nós por um dia inteiro. Eu estava muito feliz com aquilo, adorava ficar perto do Bailey e adorava ter sua atenção toda para mim. Nunca gostei de futebol, mas resolvi assistir a partida com ele. Descansei minha cabeça no seu ombro, porque naquele ponto nós já tínhamos intimidade o suficiente para isso.
Lá, naquele momento, eu tinha minha tarde dos sonhos. Assistindo futebol, enquanto descansava no ombro de Bailey May, meu melhor amigo hétero por quem estava perigosamente atraído.
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Confessions of a Toy Boy - Krysley (NOW UNITED BOYS)
FanfictionKristian tinha só dezesseis anos quando entrou para o Now United, o grupo pop global cuja carreira astronômica mudaria sua vida. Com recordes e turnês mundiais, muitos boatos já foram contados sobre o chinês, mas quais outros segredos nunca chegaram...