Jungkook e Jimin estavam sentados lado a lado, a garrafa de vinho pela metade pousada entre os dois. Nenhum deles estava bêbado, mas a quantidade de álcool circulando em suas correntes sanguíneas era suficiente para ambos estarem mais soltos um com o outro, rindo por qualquer bobagem.Jungkook estava se sentindo uma criança, sem preocupações e sem medos. Havia longos anos desde a última vez que ele tinha rido tão verdadeiramente como fazia naquele momento, e era uma sensação gostosa que ele gostaria que durasse para sempre.
— Minha vez — disse Jimin, pegando a garrafa e tomando um gole antes de retomar sua fala. — Qual a sua cor favorita?
— Com certeza vermelho. Mas não qualquer vermelho, aquele vermelho intenso, como o do nosso sangue. Isso me lembra o quão intensa a vida pode ser.
Jimin assentiu para confirmar que tinha entendido, e então sua mente viajou na coloração avermelhada. Vermelho era a cor da paixão, da intensidade, mas também uma cor que guardava segredos, talvez quase tantos quanto o escuro dos olhos de Jungkook guardava.
— E você? Qual é a sua cor favorita?
— Hum, eu diria que laranja. Mas não qualquer laranja, mas aquele do fim do dia, quando o sol se põe. O céu fica com uma cor alaranjada, como se estivesse pegando fogo. — Soltou um suspiro sonoro. — É impressionante como essa cor parece ser todas e nenhuma ao mesmo tempo, em um segundo ela está de uma forma e, no segundo seguinte, já mudou para algo diferente. Eu acho esse laranja o mais vivo de todos porque ele forma desenhos diferentes, se mescla com o azul do céu e torna tudo mais verdadeiro.
— Você é do tipo que fica mais filosófico quando bebe, Jimin. — Jungkook disse, remexendo os pés de um lado para o outro.
— Culpe a profissão de escritor. — Jimin falou, e então pegou mais uma rabanada. Quando se encostou novamente contra a parede do elevador, soltou um suspiro doloroso. — Ficar todas essas horas sentado está me deixando com dor nas costas.
Jungkook observou o seu vizinho, a forma como tinha franzindo as sobrancelhas e feito um biquinho mínimo nos lábios ao falar aquilo. Jimin, na concepção de Jungkook, parecia uma criança meiga e com um coração gigantesco preso em um corpo de adulto. Bem, Jungkook não poderia servir como nenhum exemplo, afinal, antes de ser enxotado de casa ele era chamado de Peter Pan por ser criança 99% do tempo.
Jungkook sentia falta dessa parte criança que estava fechada por sete chaves dentro de si. E o mais hilário daquilo era que parecia que Jimin tinha as chaves e estava abrindo pouco a pouco os cofres dentro de Jungkook. Ou talvez fosse álcool. Ou então fosse a mistura de Jimin e álcool.
Seria muito clichê se Jungkook dissesse que estava bêbado em Jimin?
— Eu posso resolver isso — falou depois de longos segundos vendo Jimin se remexer para encontrar uma posição mais confortável.
Jungkook se levantou com preguiça e pegou a barriga de Papai Noel feita de espuma e tecido que estava jogada por ali, perto dos buquês de flores de Jimin. Ele nunca achou que aquela coisa poderia ter utilidade para algo, mas ele estava preso em um elevador na noite de Natal, então não iria mais duvidar de nada.
Estendeu para Jimin aquela massa arredondada de espuma.
— Sente nisso, vai se sentir melhor.
Jimin abriu um sorriso largo, daqueles que faziam duas covinhas surgirem e, Jungkook se perguntou se algum ser humano era capaz de resistir a Park Jimin com aquele sorriso.
— Obrigado, Jungkook.
No momento em que Jimin pegou a espuma, um pequeno cartão caiu do tecido que rodeava e protegia a barriga falsa de Papai Noel. Ele pegou o cartão enquanto Jungkook estava muito ocupado pegando para si mais um dos deliciosos panettones.
— Jungkook, tem algo seu aqui.
Jungkook franziu o cenho ao pegar o cartão, que tinha as palavras "Happy Birthday" escritas com glitter na frente, e então o abriu. Havia algumas palavras escritas no cartão com uma letra ruim que Jungkook só foi capaz de entender porque tinha uma letra ainda pior que aquela.
"Hey, kook!
Segundo meus informantes, hoje é seu aniversário, e eu fiquei sinceramente impressionado por você ter nascido na noite de Natal e não ter dito isso para NINGUÉM! Você é bem idiota, Jeon, porque deve ser um máximo ganhar dois presentes em um dia só.
Enfim, feliz aniversário, Jeon.
O duende mais gato do shopping,
Kim Taehyung."
Jungkook não conseguiu conter a risada alta ao terminar de ler a pequena carta, e perceber as vinte Libras presas na contracapa do cartão com fita adesiva.
Kim Taehyung era o mais próximo que Jungkook tinha, do que chamavam de amigo e saber que o garoto tinha descoberto quando era o seu aniversário e ainda se dado o trabalho de fazer um cartão o deixou sorrindo bobamente. Não era como se ele conhecesse Taehyung a muito tempo — pouco mais de seis meses trabalhando juntos, isso incluindo Tae ser um dos duendes que passava o dia auxiliando o Papai Noel, — mas mesmo assim, aquilo era importante demais.
Era exatamente por seu aniversário ser no dia 24 de dezembro que Jungkook tinha motivos em dobro para odiar aquela data. Ele se lembrava muito bem de todos os anos em que sua família tinha simplesmente esquecido que era seu aniversário porque estavam muito ocupados com os preparativos para o Natal.
— Hoje é seu aniversário? — Jimin quase gritou, o que atraiu a atenção de Jungkook para o seu vizinho. Ele estava com os olhos castanhos arregalados e os lábios ligeiramente abertos em descrença. — Eu não acredito!
— O dia já passou, Mochi, não precisa ficar tão surpreso. — Jungkook deu de ombros.
Jimin se precipitou sobre Jungkook, puxando o braço dele para perto de si, subindo a manga da roupa de Papai Noel até ter visão do relógio que o Jeon usava.
— Na verdade, ainda faltam 32 minutos para esse dia deixar de ser seu aniversário, então vamos cantar parabéns. — Jimin exclamou.
— Oh, não. Você não vai fazer isso, Park. — Jungkook riu, puxando a garrafa de vinho para si e bebendo um longo gole.
Ele observou Jimin se levantar e ir até as velas que estavam acesas perto da porta do elevador, pegando a mais fina de todas. Logo depois ele escolheu o maior panettone que ainda tinha sobrado e tirou a vela da sua proteção, cravando-a no bolinho até estar totalmente presa nele.
Ergueu sua obra e sorriu para ela, a vela fazendo o seu rosto ganhar uma coloração dourada e brilhante que o deixava ainda mais bonito.
— Vamos lá, Jeon. — Jungkook ergueu uma sobrancelha quando Jimin estendeu o "bolo de aniversário" e então virou o rosto, soltando um risinho. — Não seja chato, Jungkook. Estamos presos em um elevador e ainda estamos no dia do seu aniversário, então o que custa me deixar cantar parabéns?
E foi nesse momento que Jungkook cometeu o erro de olhar para Jimin novamente.
Ele olhava-o com expectativa, os olhos brilhando sob a luz alaranjada da vela, Jungkook pensou em como os olhos de Jimin estavam incrivelmente bonitos naquele momento.
— Tudo bem, mas eu não canto. — Pegou o panettone.
— Sem problemas, aniversariante. — Jimin piscou um dos olhos e Jungkook revirou os seus.
E então Jimin cantou Parabéns para você sozinho, e no fim, ordenou que Jungkook soprasse a vela e fizesse um desejo.
A chama tremulou sob o sopro de ar que Jungkook fez até apagar, e enquanto a linha de fumaça perfumada subia, ele não fez um desejo, e sim agradeceu.
Por mais maluco que fosse, aquele tinha sido o seu melhor aniversário nos últimos anos.
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Santa Claus | jjk + pjm
AdventureJimin gosta de flores, abraços aconchegantes, sorvete de morango e simplesmente ama a noite de Natal. Jungkook é apenas um homem solitário que se veste de Papai Noel durante o Natal e tenta sobreviver ao horror que é essa data. Quando ambos ficam pr...