Capítulo um

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Jungkook 

Sempre me imaginei sendo o cara mais amado e o mais extrovertido deste planeta, mas eu estava longe de chegar perto disso. Eu nunca fui bom de fazer amizades e bancar o popularzinho da minha escola. Era sempre na minha, não fazia muita diferença, se acham que sou o típico nerd rejeitado, estão enganados. Sou apenas um aluno invisível, nem sequer me destacava nas notas, porém fazia de tudo para estar na média, isso que importava. 

Quando entrei no ensino médio, pensei que iria ser diferente, que teria festas e bebedeira. Só que não foi assim, nunca teve festas e nem alunos bêbados, apenas uns idiotas com piadas na sala de aula e ômegas apaixonadinhos pelos seus namorados, fazendo coisas clichês de casal. Dava até nojo, sério. 

Não sou mal amado, ok?! Apenas não era igual aos jovens de hoje, até minha mãe sabe que eu era diferente. Odiava ser igual aos outros e seguir padrões, gostava de ser diferente. Enquanto os alfas são brutos e protetores, eu sou um alfa respeitador, sei que ômegas precisam de opinião própria e tem capacidade de se opor, não cobro nada de ninguém, cada um faz o que quer. Minha mãe diz que sou egoísta, pois pensava em mim mesmo. Não digo egoísta, mas eu não quero saber da vida dos outros, estou tranquilo no meu canto sem ter problemas com ninguém. 

Calmo, zen, lerdo! São adjetivos que colocam em mim, mas é verdade. Nada como sentar no terraço silêncioso, lendo um livro. Apesar das dificuldades que tenho em casa com minha mãe, a gente até releva. 

Eu moro com ela sozinho, nunca tive a presença de um pai ou de irmãos, minha família não é grande, mesmo assim é desunida. Nunca passávamos o natal juntos ou almoçamos em família. Sempre cada um para seu canto, por isso eu e mamãe somos solitários, ela não tinha muitos amigos e eu muito menos, ela tem uma personalidade bem forte, encarava tudo de frente e brigava com quem for para se defender, nunca vi uma ômega tão brava. Dava até medo, minha mãe às vezes julgava coisas que não sabia e sempre queria estar certa. Evito discutir com ela pra não sairmos magoados, pois quando quero discutir eu tenho respostas na ponta da língua. 

Mamãe trabalhava bastante para sustentar a pequena casa de telha, nunca tivemos dinheiro para ir passear ou comprar roupas de marca, apenas o básico. Minha avó que tinha pena de mim e me dava dinheiro para comprar roupas, eu dava metade para ajudar a minha mãe e o resto comprava umas roupas e dois pares de sapatos baratinhos e falsificados. Sempre mamãe se lamentava, dizia pra mim que eu teria que estudar e que devo ouvi-la, o conselho dela seria bom, mas eu já estava decidido. Queria estudar, fazer faculdade ou quem sabe um simples curso. Ela dava conselhos como se eu estivesse bebendo por aí ou relaxado na cama, uma pena que esses conselhos pra mim são inúteis. É a mesma coisa de dizer que fogo pode queimar.

Esperava ela dizer algo para me incentivar, mas nem isso ela é capaz, pois sua autoestima é baixa. Mesmo se arrumando muito, ela não é feliz com a vida que leva e eu ficava triste por ela não sorrir muito. Chorei a noite com crises existências, nem sabia quem eu era de verdade, me sentia estranho e muitas vezes tinha raiva da minha personalidade tão idiota. Sim, idiota. Pois tenho fobia social, quando tento conversar com um certo grupo de pessoas estranhas, minha perna treme, as mãos suam, e minha visão fica turva. Não me sinto bem comigo mesmo, preferia estar em casa invés de conversar com as pessoas, mas estou tentando mudar isso. 

Hoje é o último dia de aula do ano, no próximo ano vou estar no terceiro ano do ensino médio, sempre sonhei em terminar a escola. Mas agora não sei se quero, se eu terminar a escola vou ser obrigado a agir como um adulto, eu ainda me considero imaturo e medroso, tinha até medo do futuro, só nasci pra me foder. Já não crio expectativas, se não posso me magoar. 

— Até mais, Jk. — Falou um amigo meu, antes de dobrar a rua indo pra casa. Ele é meu único amigo, um nerd da sala e muitos pegavam no pé dele. Mas eu estava ali para defender, a minha escola é estadual, sempre tem idiotas drogados e ômegas gravidos na adolescência. Esse povo estava perdido, só um ou outro que se salvava. 

Alfa Perfeito | VkookOnde histórias criam vida. Descubra agora