27. O encontrei?

363 37 15
                                    

POV S/n

As coisas pareciam que estavam em completo branco, eu estava ali e ele também. Bem diante de mim estava uma parte da minha história, por assim dizer, por que era o que eu acreditava. Nas últimas horas, desde que eu estava com o Matt dentro daquele quarto de hotel as coisas mudaram radicalmente.

No dia anterior

- Matt, você tem certeza que isso vai dar certo? - eu perguntei aflita - Por que pode ser que ele nem tope. Na verdade... - ele me cortou.

- S/a, calma - ele disse - Olha pra mim, respira com calma, okay? - eu respirei e me sentei ao lado dele na cama - Eu tenho o número dele aqui comigo e a única coisa que pedirei é que encontre a Demi no estúdio, por que afinal, não sabemos até que ponto essa história vai desenrolar.

- Está bem, você tem razão - eu me dei por vencida - Vai dar certo, e se não der, tudo bem também, o que valeu foi a tentativa - Matt balançou a cabeça em concordância e me lançou um leve sorriso enquanto discava.

Caramba, aonde foi que eu amarrei meu burro? Eu não acredito que estava tendo coragem em tomar as rédeas da situação. Eu sei que a Demi tinha essa vaga ideia sobre a minha marca de nascença, coisa que poderia ser comum. Mas ela estava intrigada com o local ser o mesmo. Mas não adiantava pensar mais. Ele já estava aqui do meu lado e agora discava o número.

O que se veio a seguir foi uma conversa breve de cinco minutos onde eu podia ver o vasto sorriso no rosto do Matt. Ali eu achei que a ideia maluca estava dando certo.

Momento presente

Depois de relembrar como foi ontem, parecia tão fácil. Mas vê-lo aqui na minha frente é outra coisa. A possibilidade de algo ser verdade me assustava. Eu sei que eu vim de épocas obscuras da minha vida, eu vim de uma cidade que eu aprendi a amar, eu vim de São Paulo, a enorme cidade de pedra. Mas, eu não tinha paz, meus pais mal paravam em casa e quando se encontravam tudo era frio e monótono. Eu sei que eles me davam tudo do bom e do melhor, porém, a base que é o amor de uma família, eu nunca tive. Eu era cuidada pela senhora de idade que praticamente me criou desde de criança. Todo aniversário, era somente nesta data em que eles sentavam a mesa e se reuniam para celebrar mais um ano em que eu estava viva. Era loucura pensar que poucas coisas fariam a diferença naqueles momentos: como um abraço, uma conversa, um carinho, uma pergunta de como eu estava.

Eles eram frios, pareciam que não estavam lá, tomavam café comigo e só voltavam na janta. Meus anos de ensino foram os mais calorosos por ter tido pessoas que me faziam bem, elas sim. Já em casa na época do ensino médio eu arrumei o emprego no grande shopping da Cidade de São Paulo e na época foi uma revolução pra mim, ganhei independência, sendo que a partir dali pude pagar as minhas aulas de luta, os meus livros que me faziam companhia, já que eu trabalhava em uma livraria. E tudo pra mim no exterior estava se resolvendo, mas por dentro de mim eu estava em queda livre, eu não sabia o que fazer para os meus pais estarem lá.

Foi quando as lagrimas começaram a cair que eu me dei conta que a Demi estava ao meu lado e ele na minha frente, eu não ousava respirar, eu não ousava fazer um movimento, eu estava paralisada. Mas, nem a garota que eu gostava fazia um movimento brusco. O que se ouvia era o enorme silêncio dentro do estúdio. A não ser pela secretaria que digitava alguma coisa no computador.

- Érrr... - ele pigarreou - Demi, eu... - ele tentava focar os olhos em mim, parecia estar sem jeito, assim como eu - Eu tive uma folga no horário e acabei vindo mais cedo... - agora ele olhava pra ela.

- Magina Max - ela me trouxe para mais perto - Olha, faz assim, eu vou tomar um café com o Braun, preciso resolver alguns assuntos com ele ainda. Mas já volto - ela chegou mais perto e sussurou pra mim ouvir - S/a, eu já volto está bem? Você me manda uma mensagem quando terminar, eu vou estar aqui - deu um beijo na minha testa e foi estúdio adentro.

Corauge to live (Demi + you) - REVISÃOOnde histórias criam vida. Descubra agora