2012.
O robe branco de cetim deixava a clavícula saliente à mostra, a pele leitosa e imaculada. Os cabelos escuros do garoto caíram sobre os olhos lacrimejantes na medida em que olhava para baixo.
"Ele disse que eu tenho que tirar o robe", dizia, a voz rouca e sofrida. "Eu não quero. Ele vai me tocar, eu sei disso."
O homem à sua frente sorriu de maneira irônica. Mordeu os lábios para segurar uma risada de escárnio e levou os dedos calejados até o rosto de Sehun, erguendo-o com certa brutalidade. Tentava ter simpatia pelo garoto inocente, mas era podre demais para isso.
"Garoto, você não está na posição de escolher se quer ou não", disse rudemente. "Sabe o quão difícil foi para conseguir esse ensaio?"
Sehun tinha apenas dezoito anos. Desde sempre, apreciava observar as revistas de moda que a sua mãe comprava e deixava espalhadas pela casa. O seu interesse pela moda era enorme e ele desejava se tornar uma daquelas pessoas. Queria ser admirado pelas roupas que usava e por sua beleza.
Viu a primeira grande oportunidade que teve na vida quando um homem se aproximou dele durante uma de suas caminhadas matinais e o convidou para conhecer o seu chefe, o dono de uma pequena agência de modelos. Não pensou duas vezes antes de aceitar.
"Agora, seque essas lágrimas e use os seus atributos", ordenou, a mão subitamente indo até o quadril do modelo. Escorregou-a até tocar as nádegas abundantes, mesmo que o corpo estivesse demasiadamente magro. Sehun afastou-se imediatamente. "Você não vai muito longe se não escutar os meus conselhos. Com sorte, você fará um bom trabalho e ele irá recomendá-lo para os amigos."
Ele não tinha escolha. Assentiu levemente e esfregou os olhos cuidadosamente para não borrar a maquiagem. O seu agente, cheio de rugas, sorriu antes de abandonar o cômodo. Em questão de minutos, Sehun já se aproximava do fotógrafo de uma das maiores revistas em que teria a chance de aparecer. O homem agarrou-o pela cintura sem se importar se o causaria dor ou não, as mãos grandes puxando a fita que prendia o robe na cintura fina. A sua nudez fora revelada para aquele completo estranho.
Quando se vê um modelo caminhando sobre a passarela e mostrando toda a sua beleza, é quase impossível reparar nos olhos tristes que a grande maioria deles possui. A indústria da moda é incrivelmente suja e é muito difícil fugir de tudo isso.
[...]
2017.
Existe uma boate gay bastante renomada em Los Angeles. Nas sextas, drag queens fazem apresentações que atraem muitos olhares de admiração. "Procura por diversão? Venha nos fazer uma visita!" é o slogan do famoso local.
Após inúmeras recomendações feitas pelo seu melhor amigo, Kim Jongin decidiu aceitar o que lhe foi proposto e ir até a boate. Vestiu as suas melhores roupas — o que convenhamos, foi uma tarefa bastante difícil; jornalistas não ganham muito bem — e pegou um táxi até o local.
Jongin tinha um emprego um tanto quanto polêmico: ele escrevia para uma revista de fofocas e constantemente revelava os segredos de certas celebridades. Não era estúpido ao ponto de revelar a sua identidade — não queria ser odiado ou processado — e por isso usava o codinome Kai.
Tirou a carteira de couro do bolso traseiro e puxou algumas notas para pagar o taxista, um sorriso gentil enquanto o agradecia. Saiu do automóvel simples e finalmente encarou a boate onde passaria a sua noite. Ela era um tanto quanto grande e era possível escutar a música que tocava mesmo de onde o jornalista estava. As luzes neon faziam com que esse fosse um lugar atrativo aos olhos dos que passavam ali.
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In vino veritas
Fiksi PenggemarEm uma noite de bebedeira, um jornalista acaba se envolvendo com o modelo mais bem sucedido da atualidade. Ele sai do quarto que dividiram por uma noite sem deixar qualquer meio de contato. Anos depois, Jongin se vê com a tarefa de descobrir algum e...