Tradições nunca se quebram.

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Panam começou a despertar quando o sol ainda nem havia mostrado sua face.. Já havia se passado muitas semanas que ela estava morando naquele pequeno quartinho. Apesar de simples, a modéstia dele o encantava. Os móveis eram feitos de uma madeira branca e a cama de solteiro era bem confortável. Com sua pele e músculos cada vez ficando mais rígidos, quando deitava em algo macio era como se estivesse em cima de nuvens.
O treinamento era muito pesado, cada dia ela achava que provavelmente morreria por fadiga, mas por incrível que parecesse ela ficava bem. Nós não temos noção da resistência do nosso corpo até por a prova. Como Palmares havia falado: "antes de aprender qualquer coisa, você precisa ganhar resistência no seu corpo. Em qualquer luta, além de saber bater você tem que aguentar as porradas que vai receber de volta". E assim ela começou  todo dia o treinamento. Todo dia ela tinha que correr em volta do perímetro da casa, treinar escalada nas árvores da propriedade, treinar nado no lago que era muito mais fundo do que ela pensava e ela também tinha que carregar pesos enquanto subia para o Planalto que ficava atrás do casarão. Ela também tinha que fazer flexões, abdominais e fazer diversos trabalhos braçais na propiedade. Ela desconfiava que Palmares se aproveitava disso porque não tinha mais ninguém para fazer. A comida e a água só eram dadas no final do dia, quando estava reunida com os outros alunos. Em um mês dessa rotina, ela já havia se acostumado, mas ainda sentia muitas dores musculares.
Depois de alguns minutos olhando para o teto enquanto tinha pensamentos, ouviu batidas na pequena porta.
— Já vai. — disse ela, ainda com preguiça de levantar. Com certeza acordar de manhã era a pior parte. Ela ainda estava com os olhos cemirrados quando destrancou a porta e viu Ada do outro lado com aquele mesmso sorriso que só ela conseguia ter, e fazia Panam ficar encantada.

— Bom dia dorminhoca. Posso entrar ou a princesa ainda vai dormir mais? — disse Ada entrando antes da resposta.

— Eu sei que você é filha dele, mas não sei como consegue acordar tão cedo todos os dias. Sério. — Panam se jogou novamente na cama enquanto Ada se olhava no espelho.

— Bom, ele acabou me treinando desde muito nova. Era se acostumar a isso ou machucar mais algum músculo por falta de atenção. E convenhamos, acho que você deve saber que qualquer dor a majs para um corpo já machucado é horrível.— disse ela enquanto penteava os cabelos cacheados. Panam sempre havia percebido o corpo torneado de Ada, mas devia ter imaginado que o fruto disso devia ser treinamento pesado desde nova.

— Espero não machucar mais algum músculo hoje então, já basta as dores de ontem que ainda me perseguem. — panam levantou o tronco e ficou sentada na beirada da cama observando Ada. Ela tinha desenvolvido uma grande afeto por Ada, não podia negar que se sentia um pouco atraída.

— Daqui um tempo seus músculos não vão nem se importar mais, o seu corpo vai até achar estranho quando você tirar um dia para descansar — disse Ada olhando pelo o espelho e vendo Panam secar ela. Panam fingiu estar olhando para o estante, mas sua pele levemente corada entregava.

— Olha, eu espero que chegue logo esse momento. A cama macia ajuda muito, mas a queimação neles parece que vai fazer se rasgarem a qualquer momento. — falou tentando voltar ao assunto.

— Fica tranquila, daqui a pouco você vai estar mais dura que uma rocha.

— Eu espero que isso seja algo bom. Será que ele já acordou? Vou começar a me arrumar para o treinamento. — disse Panam se levantando e indo em direção ao pequeno guarda-roupas. Graças a Ada ele estava cheio dos mais tipos de roupa e ela concordava que Ada tinha um gosto muito bom. Praticamente amou todos os vestidos quando viu pela primeira vez.

— Hoje o treinamento vai ser diferente. — Ada disse um pouco mais séria do que o seu costume, e isso fez Panam ter uma pequena faísca de medo enquanto pegava uma regata branca.

PanamOnde histórias criam vida. Descubra agora