John havia voltado e já estava no apartamento. Ao subir as escadas viu a Sra.Hudson deixar uma bandeja com dois pratos de comida para os dois homens que ali moravam e estranhou o sumiço de seu melhor amigo:
— Bom dia John, fiquei surpresa por chegar e ver que você havia saído tão cedo. Sherlock esta em seu próprio quarto, fazendo alguma de suas maluquices. Bem, já vou indo. Tenha um ótimo almoço vocês dois.
— Obrigado Sra.Hudson. - Watson respondeu, passando a mão por sua testa ao perceber que teria de obrigar seu amigo que possuía tendências a insônia e a anorexia a comer seu almoço
Com um pouco de receio o mesmo foi até a porta do quarto de seu amigo e bateu, dizendo para o mesmo sair e comer algo, sabendo que o mesmo devia não ter comido nada desde manhã e percebendo que o mesmo nem tomara o chá que havia feito antes de sair de casa.
Não obteve resposta.
Chamou pelo amigo novamente, logo escutando passos e vendo a porta ser aberta, dando de cara com um homem alto de físico não muito muscular com cabelos escuros encaracolados que parecia irritado. Deu um passo para o lado vendo o mesmo passar sem nem mesmo falar com o mais velho, fazendo-o suspirar fundo, sabendo que seria mais uma das crises de tédio que seu acompanhante de apartamento tinha quando não havia casos interessantes para o mesmo resolver. Até se lembrar estar com as pastas nas mãos, logo indo para perto do outro que comia, mesmo que contra sua vontade, e entregando o objeto para o mesmo que olhou irritado e intrigado em simultâneo:
— Recebi isso de Mycroft. Pode ser algum dos casos absurdos que passou pela manhã nos noticiários. Talvez você pode encontrar algum que seja interessante. - disse, logo vendo a expressão do outro fechar ainda mais, porém pegando o papel em suas mãos e abrindo
John respirou aliviado enquanto via seu amigo concentrado nos papéis, passando a prestar mais atenção na aparência do amigo. Este era pálido sem parecer estar doente, seus cabelos estavam bagunçados como sempre e seus olhos passavam palavra por palavra, carregando um brilho diferente que nem ele mesmo poderia se explicar o que era. John apenas deixou de olhar para o melhor amigo e colega de apartamento quando escutou a voz rouca do outro falar abertamente que o loiro estava encarando o mesmo por muito tempo. Com uma tosse de nervosismo o mesmo se afasta, sentando de frente para o amigo e começando a comer. Vez ou outra levava seu olhar até o amigo que continuava a ler caso por caso, aparentemente não encontrando nenhum que fosse de seu agrado.
Continuaram nesta dinâmica por mais alguns minutos, até escutarem o som de uma mensagem chegar até o celular de Sherlock. O menor, sabendo que o maior não iria levantar para ver de quem era a mensagem, resmungou enquanto se levantava da cadeira da cozinha e ia à sala, encontrando o celular do amigo sobre a mesa de centro próximo à caneca de chá que o Holmes não havia nem encostado. Pegou o aparelho tecnológico e viu uma estranha mensagem de Mycroft.
Preciso de você amanhã, às 10 pm. John pode acompanhar.
MH
Confuso o ex-capitão se vira e encara as costas do amigo logo dizendo o que havia lido. O mais novo olhou intrigado, mas irritado simultaneamente. Suspirou fundo enquanto dava uma resposta irritada de que não teria escolha a não ser escutar o que o mais velho pedia e que o loiro teria de acompanhá-lo.
John apenas acenou positivamente com a cabeça enquanto deixava o celular do amigo no mesmo lugar que havia o encontrado e voltava a comer. E assim passaram o dia, entediados. Até que Greg aparece com uma pasta em mãos, dizendo desejar a ajuda se Sherlock em um caso que havia recebido. No final apenas se tratava de uma mulher que assassinou os próprios pais pela herança, deixando o detetive consultor suspirar desanimadamente, esperando que fosse um caso interessante, enquanto andava rapidamente deixando John e o diretor inspetor para trás. Greg olhou para o Watson e perguntou como o mesmo tinha paciência para morar junto do Holmes por tanto tempo, fazendo John parar e perceber que não tinha um motivo certo para tolerar tanto aquele homem rabugento com que dividia o apartamento.
Ao responder isso o policial riu abertamente, dizendo que eles eram a dupla mais estranha e incrível que havia conhecido em toda a sua vida, dando um leve tapinha no ombro do loiro e se afastando, entrando em uma das viaturas da polícia e saindo. O que obrigou o ex-militar a apertar o próprio passo para acompanhar seu amigo que inconscientemente desacelerou o próprio passo, como se estivesse esperando pelo loiro grisalho, que apenas abriu um sorriso ao perceber o ato do amigo.
Enquanto isso, no Parlamento de Westminster, Mycroft continuava com seu celular em mãos, pensando no que havia proposto mais cedo. Por que estava sendo tão sentimental ao ponto de chamá-la de volta? Ela provavelmente estaria bem melhor onde esta, longe dos problemas. Mas mesmo assim se utilizou da atual situação global e a chamou de volta para Londres.
Suspirou, sabendo que não teria como mudar a situação, principalmente pelo fato de ter mandado preparar seu jato particular para buscá-la.
Em um condomínio norte-americano é possível ver uma jovem arrumando suas malas. Escutava alguma música agitada enquanto terminava de fechar sua mala azul-marinho, deixando a bagagem próxima de sua cama. Separou algumas roupas e foi tomar um banho gelado, aquilo relaxava e ajudava a mesma a pensar.
Após sair, secou-se e colocou as roupas que havia separado, indo à sala e encontrando seus amigos que dividiam o grande apartamento com a mesma. Explicou o motivo de ter trocado de roupa tão cedo e que precisava voltar por estar "intimada pelo governo britânico", fazendo os mesmos rirem de sua falta de vontade de sair de casa. Um deles logo perguntou o que a mesma faria com os estudos:
— Relaxa, provavelmente ele entrou em contato com a universidade e disse que eu terminaria meus estudos a distância. Sim, este é o nível de ousadia que este desgraçado tem.
— Mas que família incrível, não é mesmo? - perguntou um deles, que tinha estatura mediana e olhos cor de mel, irônico enquanto olhava para a mais nova do grupo
A moça deu de ombros, pegando uma xícara de café preto sem açúcar que se acostumara a tomar nos 10 anos que havia passado nos EUA, sentando ao lado deles e bebericando o líquido quente com gosto forte e aroma agradável à mesma. Suspirou fundo, dizendo que o voo seria tarde e que ela estava sem paciência nenhuma para sair de casa. Todos riram com esse comentário.
Ela apenas sorriu, triste ao pensar que iria se afastar deles apenas por um capricho de seu irmão mais velho. Não que fosse de todo um mal, já que sentia falta de sua família que não via há 10 anos. Além de sentir falta de seus irmãos, por mais que não gostasse de assumir em alta voz.
Esperava dar o horário, vendo a leve bagunça que seus amigos faziam uns com os outros por aproveitarem estarem todos de férias de seus cursos facultativos. Um deles logo se ofereceu para deixá-la no aeroporto, recebendo uma resposta positiva e um agradecimento da mesma que, nesta altura do campeonato, havia terminado seu café e já estava lavando a louça que eles fizeram.
Após mais algumas brincadeiras, alguns jogos e alguns momentos que todos ficaram à-toa, a mais nova percebeu estar dando no horário da mesma sair, logo chamando sua carona que a seguiu sem dizer muitas palavras. Ela olhou o outro durante todo o percurso, vendo uma expressão triste se formar no olhar dele:
— Não fica assim, vai. Você sabe que eu me sinto mal quando vejo qualquer um de vocês tristes.
— Eu só to pensando que vou sentir sua falta. Na verdade, eu penso que todo mundo vai sentir sua falta.
— Não fala assim cara. Isso me faz querer desobedecer meu irmão e ficar aqui. E eu já tenho noção do tamanho do problema que eu teria como consequência. . . prometo ligar todo momento que eu tiver um tempo, ok?
— Não vá se esquecer como fez da última vez que saiu do país sem a gente.
— E eu já te disse que o motivo disso foi o fato do meu celular ter descarregado, tá? Cabeção.
E com isso um clima mais agradável estava no ar. A moça sorriu ao perceber que seu amigo não estava mais tão triste quanto antes, encostando melhor na poltrona e olhando a paisagem ate chegarem no aeroporto. Na entrada a mesma deu um forte abraço no amigo, que era bem mais alto que a mesma, despedindo-se do mesmo e logo o mesmo entrar em seu carro e se afastar do aeroporto.
Seu pequeno sorriso continuou em seu rosto até ver duas pessoas vestidas elegantemente se aproximarem da mesmo e pedirem para segui-los, pois o jato particular britânico havia chegado para levá-la de volta para casa. Ele realmente não mudava.
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O Emblema
FanfictionEis enfim um grande mistério que paira o mundo. Embalagens com um símbolo vermelho misterioso surgem nas mãos de muitas pessoas, que acabam por cometerem terríveis atrocidades. Mycroft e Sherlock parecem perdidos neste caso, sendo obrigados a cham...