de vez em quando, eu me pego pensando, e penso "por que não existe um jeito de transcrever meus pensamentos sem que eu tenha que comprar a responsabilidade de colocá-los em palavras?"
me martirizo e culpo a mim mesma porque daqui a exatos 9 meses devo abrir o ciclo dos 21, mas 21 anos de quê? de vida? eu tenho certeza disso? porque durante as duas décadas que existi, eu não consigo citar um momento em que vivi – pelo menos não porque realmente me permiti –, até então só sobrevivi. e me pergunto porque sou assim, porque deixei que meus dias passem correndo por entre me mim, sem que eu pudesse acompanhá-los. de que tive e tenho tanto medo? será da morte? mas eu vou morrer de qualquer jeito, disso eu não tenho como fugir, então porque não aproveitar o pouco tempo que me resta? porque uns 80 anos é muito pouco tempo pra ver tudo o que há pra ver, pra sentir tudo o que há pra sentir e amar tudo o que há pra amar, mas quando penso em 20 anos, me parece tempo demais pra não ter vivido nada até aqui. de que eu tenho medo? do mundo lá fora? porque me acostumei q viver aqui dentro se mim, no mundo irreal que criei, onde tudo acontece de modo a não me fazer sofrer e, caso sofra, com a garantia de que vou ficar bem. eu tenho medo de não ficar bem, mas por causa disso, me mato cada dia mais, cada dia um pouco mais, perdendo os segundos que me atropelam e esfregam na minha cara que eu os perdi... de novo. e de novo. e de novo.