No tempo de minha infância, acompanhava os adultos na lida da roça. Fui criado no campo, plantando milho, inhame, mandioca e feijão. Meus pés e minhas mãos eram as ferramentas na aritmética do plantio: três sementes em cada cova e um punhado de terra no abrigo das plantas.
Sempre fui encantado pelo traçado das palavras e pelo mundo fantasioso das histórias. Aos 5 anos de idade, soletrei a palavra "miiiiiiii-lho" no saco de aniagem, ao dar notícia do riscado das letras no moinho d'água do meu avô.
Aos 7, carregava no embornal de pano um colosso de letrinhas nos livros de leitura. Daí em diante, andei empinado, feito canarinho da areia, riscando o chão à procura de alimento.
Menino da roça é assim mesmo: nasce com os pés fincados na terra, coalhado de prosa e canção, verso, trova e poesia.
- Barbacena, Minas Gerais
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