Quero entrar numa gaiola
Sair pela porta
E fantasiar uma liberdade inexistente
No ventilador de teto
Que gira até que desapareça seus braços
Os meus também desapareceriam se eu girasse em compasso?
Compasso do vento
Que trás sensações
(Mas não a de desamparo que veio de você)
A do friozinho nos braços, pernas e cabeça
Que vem do ventilador
Ele não se move
Mas move tudo
Como quem grita parado
Corre parado
E mexe parado.
Quem sabe alcoolizado ainda veja você
Sua voz forçada e os gostos espelhados nos meus
Você nunca foi você
Eu nunca fui eu
Mas quem é si mesmo de ponta cabeça
No mundo onde tudo que é bom rezam para que desapareça
Eu ainda queria estar preso
Não preso em você
Preso em mim.
Nos fios do meu cabelo (se é que sobraram alguns)
E emaranhar a minha cabeça
Até que tudo se pareça com uma grande ilusão
Por quanto tempo ainda pretende maltratar meu coração?
Não mudei, amor
Ainda poetizo coisas banais
Assim como gaiolas, quem me feriu e ventiladores de teto
Aqueles da loja de materiais
Como faço para achar um ventilador que não gire?
Eu quero algo diferente, mas o mesmo resultado
Quero ser amado sem nem um trocado
"Quem ama não trabalha de graça, Arthur!"
Ele disse, achando que sabia o que é amor
O amor é como os ventiladores de teto
Refresco por um tempo, mas sempre emperra uma hora
O amor é a porra de uma tralha velha