Dia 7 de abril de 2025
23:06, você recebe a ligação e levanta da cama respondendo a pessoa com a voz chorosa. Você vem até mim e antes mesmo de falar, eu já sei o que aconteceu. Meu coração errou uma batida. Não chorei, não caí no chão, não gritei, nem esperneei. Aceitei a informação e me contive. Eu havia prometido pra minha vó que não choraria pela morte de ninguém já que eu havia sido um monstro quando foi a vez dela de ser enterrada.
No dia seguinte o corpo já estava no caixão. Nem sequer parecia morto. Nenhum mal cheiro, nenhuma das marcas que o hospital deixou nele... parecia estar em um sonho alegre. Ele não estava mais ali, todos nós sabíamos disso, mas nossa ficha ainda não havia caído.
No dia do velório as lágrimas caíram como uma cachoeira que acaba de quebrar uma barragem. Eu quebrei minha promessa, não fui o mesmo monstro dessa vez, não sou mais a criança ignorante e continuo sendo. A diferença é que não tenho mais 8 e sim 18. A diferença é que não é a minha avó no caixão e sim o meu avô. A diferença é que agora eu sei o que é a morte e como a vida pode ser facilmente cortada como um fio de barbante. Mas tudo dentro de mim... Continua igual.