Trecho do capítulo 30 de Mundo Pequeno.
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– Ninguém pode mais arrumar as unhas em paz! Certeza que o Isaac se meteu em alguma confusão, certeza. – Disse Tereza ao ouvir a campainha de seu novo lar. – Ah, é você, é? As crianças foram para a casa da sua irmã. Por favor, tome um banho e chupe um chiclete antes de ir pra lá.
– Eu sei que eles foram pra lá, gostosa. Sabia que você fica mais gostosa de roupão? – Jogou. – Eu vim falar com você mesmo. Eu preciso falar com você.
– Não, eu não estou disponível para matar suas carências. – Respondeu.
– Não é sobre carência, Tetê, é sobre falar a verdade, toda a verdade. Eu não sou um pai tão ruim assim, apesar de ser definitivamente ruim e pai. Eu só não queria que eles herdassem minhas maldições.
– Ser alcoólatra e puteiro?
– Não! Não. Lembra daquele dia que você foi procurar a Selena e eu te proibi de falar com ela para todo o sempre? Aquela mulher era perigosa. Mulher não. Mulheres. A irmã dela era pior. Era não, é. Não, não, não, são. Bem, eu não tô aqui para entregar a falcatrua de ninguém, só a minha. Tereza, a Selena tava querendo te levar para a Europa e te transformar em uma marionete de machos mau cheirosos.
– Você tá tão bêbado que não sabe distinguir o passado do presente. Ruanna e Selena morreram há mais de dez anos.
– Tereza, tinha um dos chefes de olho em você. Droga, Tereza, droga. Eles queriam te encher de ecstasy e depois de crack para morrer lá pela Europa mesmo. Bem, como eu também sou peixe grande e extremamente perigoso quando quero eu matei esse carinha que tava de olho em você. Quanta adrenalina, Tetê. Foi no dia do casamento do Jorge Henrique. Depois transamos e fizemos aqueles dois.
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