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run! ”

Era o tipo de sentimento que não estava acostumada a sentir. Confetes e serpentinas pareciam saltar de meu peito a qualquer momento, como resultado da felicidade que corria pelo meu corpo feito uma descarga elétrica.

Ver Hwang Hyunjin fazer aquilo, me fez ter certeza de que estávamos criando um laço muito mais forte do que uma simples e passageira paixonite adolescente. Talvez fosse assustador, de início, mas seria tão bonito quanto o nascer do Sol.

Pela primeira vez em meses, admiti para mim mesma que estava viva. Estava tão viva, que podia sentir o “gosto” do ar fresco que batia em meu rosto, e me imaginar saltitando sobre os telhados dos mais altos edifícios.

No reflexo das vitrines de pequenas lojas do trajeto até minha casa me imaginava em um lindo vestido de baile, dançando com Hwang. Era quase impossível reconhecer minha própria imagem.

Estava tão feliz e radiante, que nada poderia tirar aquele sentimento de mim. Pelo menos, era o que eu achava, até chegar em casa.

A porta de entrada tinha arranhões, amassados, a tinta branca descascada na região da maçaneta, – que nem sequer mais estava ali – indicando arrombamento. Mesmo que estivesse com medo e soubesse que era errado, meu subconsciente insistia que eu entrasse e checasse se estava tudo bem.

Com a mão trêmula, empurrei lentamente a porta que estava apenas encostada, deparando-me com um rastro denso de sangue sobre o carpete bege e algumas marcas de mãos na parede do corredor, o que podia indicar uma tentativa da vítima de resistir ao ataque. Em passos lentos, segui até a cozinha, onde pude me armar com uma faca, o que me deu um pouco mais de confiança caso o invasor ainda estivesse no local e então raciocinar bem o suficiente para poder pegar o celular e tentar entrar em contato com a polícia ou algum órgão que pudesse prestar socorro.

Mesmo tendo quase absoluta certeza do que havia acontecido, tentava manter a calma, me auto-manipulando com a ideia de que estava tudo bem, e na verdade aquilo poderia ser apenas uma alucinação resultante de uma esquizofrenia, cuja qual apenas se fez presente e descoberta agora.

Mas não.

Polícia civil de Seul, em que posso ajudar? — A voz da recepcionista, no celular, soava distante. Minha respiração parou por um segundo, assim como meu coração. Minhas pernas estavam bambas como se não houvesse chão.

Era tanto sangue, que mais pessoas pareciam ter sido mortas ali. Mas eu via apenas minha mãe e meu irmão, com cortes fundos em seus pescoços, facadas por todo o corpo e tiros em seus peitos. O choque era tão grande que não pude perceber a presença de um homem na porta de entrada da sala.

Alô? — A mulher ainda falava no telefone, mas eu sequer conseguia pensar em respondê-la ou descrever o que via. Era como se minha língua estivesse presa, ou se não tivesse voz.

Ao cair de joelhos, aos prantos, pude ouvir uma risada anasalada, fazendo-me olhar para o lado e ver Christopher sentado no último degrau da escada, apoiando uma doze na parede ao seu lado.

— Olá, Aurora. — Ele sorri com a mais pura serenidade em seu rosto, acompanhada de algumas gotas de sangue que escorriam e misturavam-se com seu suor. — Eu tomei a liberdade de entrar na sua casa para conversar com a sua mãe. Ela não cooperou muito, então, espero que não se importe com a sujeira. — Riu baixo, fazendo-me olha-lo incrédula, enquanto o mesmo limpava lentamente uma faca totalmente banhada em sangue.

O silêncio era quase que absoluto, sendo quebrado apenas pelo som da chamada encerrada em meu celular caído no chão.

— Olha, não quero que se sinta mal. Isso não é culpa sua e nem minha. Eu estou apenas fazendo o que me pediram. — Sorriu levantando-se, andando em minha direção. — O único culpado nessa história, é o seu namorado Hwang. — Abaixou-se ao meu lado.

— Isso — Apontou com a faca para os corpos dilacerados em frente ao sofá — É culpa do seu amado Hwang Hyunjin. — Sinto o mesmo acariciar meus cabelos, colocando uma mecha para trás.

— O... O que? — Balbucio entre soluços, tentando absorver todas aquelas informações.

— Oh meu Deus! Já esqueceu o que eu lhe falei naquela noite? — Riu de forma indignada. — Eu avisei que não deveria confiar nele. Ele mente para você. O pouco que sabe sobre ele, é mentira. Hyunjin tem medo que você o deixe, se souber que isso só aconteceu por causa dele. — Sussurrava com sua voz áspera, roçando seus lábios em meu pescoço. — Hwang Hyunjin tem medo que você o deixe, se descobrir o pandemônio que sua vida irá se tornar, se decidir ficar com ele. Se descobrir que na verdade ele é um viciado, sem vida, sem futuro, sem nada. Ele não ama você Aurora. Ele quer apenas uma diversão, e encontrou isso em você, e no meio das suas pernas.

— Isso não é verdade! — Em um ato rápido, empurrei o mesmo, podendo cravar em seu abdômen a faca que havia pego, tendo assim a oportunidade de sair daquela casa.

Sem ao menos poder me despedir daquilo que uma vez eu chamei de mãe e irmão, peguei o celular caído no chão e corri o mais rápido que pude para fora de casa, vendo a rua tomada por vizinhos curiosos e uma viatura da polícia, dando a entender que alguém já havia percebido o movimento estranho na residência e os acionado.

Não pude deixar de perceber os burburinhos quando parei em frente todas aquelas pessoas.

— Pare agora e coloque suas mãos onde eu possa ver! Se tiver alguma arma, exijo que coloque ela no chão! — O policial gritou ao sair do carro, apontando uma pistola em minha direção. Olhando para baixo, pude ver meus joelhos, saia e mãos sujos de sangue, o que explicava o policial pedindo para que eu me rendesse. Eu era, a princípio, a única suspeita, mesmo que sem alguma averiguação inicial do caso.

Mesmo propícia a ser atingida por um disparo do policial, corri o mais rápido que pude para os fundos da casa, entrando em um dos becos que eram usados como atalho para chegar em uma das avenidas principais da cidade.

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oioi, quem é vivo sempre aparece!

feliz Natal atrasado dois dias 👉👈💖

PANDEMONIUM | Hwang Hyunjin (hiatus)Onde histórias criam vida. Descubra agora