Capítulo 5

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-ooOoo-

Estávamos no carro indo a caminho do shopping para comprarmos meu terno, sua afeição estava fria e tensa, eu sabia que aquilo tudo era por causa dos seus pais e de seu irmão, mas será que era só isso mesmo? Alberto ligava muito para o que os outros iam pensar e isso acabava meio que comprometendo ele. Mesmo ele sendo aquele homem que parece não ter medo de nada, faz o que quer e diz o que quer, ele tem sim um medo. Ele tem medo dos pais dele, ele tem medo de ser julgado pelo o que ele é e eu não o culpo, só que minha historia foi diferente, eu enfrentei meu pai e sai de casa e agora estou aqui.

E como Alberto é uma pessoa que não gosta muito de conselhos, eu fiquei na minha esperando chegarmos ao shopping.

Quando chegamos eu desci do seu carro e ele desceu logo em seguida, mexeu em alguma coisa que estava em sua carteira e me levou em uma loja que meu pai costumava comprar muito e sempre me arrastava com ele para que eu visse como um homem de negocio se vestia.

– Brook’s Brothers, essa loja não é um pouco cara? – eu disse e ele me olhou soltando um pequeno sorriso.

– Eu não tenho problema com dinheiro meu querido Evan, o que eu vou gastar aqui com você não vai fazer diferença na minha vida – ele disse e entrou na loja.

– Obrigado por jogar isso na minha cara – eu disse baixinho e fui atrás dele.

Ele falou com uma atendente e os dois pareciam bem próximos, mas não liguei para aquilo, eu estava mais focado na beleza dos ternos, quando eu era mais novo nada daquilo em interessava, mas olhando agora eu vejo que as peças que tinha naquela loja eram divinas, a textura dos tecidos, as cores, tudo era perfeito e ele percebeu que eu fiquei interessado, mas não disse nada.

– Clara pode me fazer um favor e pegar um simples da cor preta?

– Sim Alberto, só aguarde um momento. Espera, é para você ou para o menino?

– Para ele.

– Pode vir comigo para tirarmos suas medidas?

– Claro – eu disse e fui atrás dela.

Não demorou muito e eu já estava completamente vestido, me olhando no espelho eu percebi como era parecido com o meu pai, como nós dois éramos iguais, por dentro e por fora. Porque me vendo naquela situação eu vi que escolhei a maneira mais fácil de me livrar daquela maldita divida. Assim como o meu pai eu apenas assinei um contrato e varri tudo para de baixo do tapete, agora eu estou aqui, me olhando nesse maldito espelho e vendo que eu podia ter pelo menos tentado fazer um acordo com o Jorge. Porem agora não dava mais para me arrepender, a decisão já estava tomada e o contrato assinado.

– O que acha? – perguntou Alberto me tirando dos meus pensamentos.

– Achei muito bonito, acho que podemos levar esse.

– Perfeito – ele disse pegando um cartão na sua carteira e entregando para a vendedora.

Eu tirei o terno e ela o arrumou para levarmos embora.

Quando saímos da loja o Alberto me levou em um cabeleireiro, o que eu achei meio desnecessário já que meu cabelo está bonito e é só passar um gel para que ele fique perfeito.

– Eu não quero que meu pai ache que você é um daqueles empregados vagabundos.

– Obrigado pela parte que me toca.

– Anda logo, não quero me atrasar – ele disse com a voz severa e nós fomos para o cabeleireiro.

Eu não sei para que tanto drama do Alberto, meu cabelo não estava muito grande e a mulher não demorou muito para cortar, foi apenas uns pequenos cortes com a tesoura, uma aparada e já estava pronto. Depois ele passou o cartão mais uma vez e saímos do shopping.

O Contrato (DEGUSTAÇÃO)Onde histórias criam vida. Descubra agora