Capítulo 33- Confissões

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 Continuei parada ao lado da porta, enquanto Marcela invadia o interior de meu apartamento mesmo contra minha vontade. Ela caminhou até o centro da sala, sobre seus saltos escuros e finos, enquanto parecia procurar por algo no ambiente. Eu engoli em seco, e tomei o máximo de ar para me manter calma. Depois de alguns instantes, ergui a cabeça e encarei a mulher que estava na sala de estar, fitando-me fixamente. Empurrei a porta com força, e caminhei em passos preguiçosos em sua direção.

 - Posso saber o que está fazendo aqui? Como tem a ousadia de aparecer no meu apartamento?

 - Nós precisamos conversar.

 Uma risada sarcástica deixou minha boca, enquanto encostava-me ao pilar de madeira, que dividia um cômodo e outro. Marcela mantinha sua postura firme, bem característica sua. Aquele ar imponente e poderoso tomava conta, até mesmo em momentos como aquele, que ela claramente estava em desvantagem.

 - Conversar? Você é a última pessoa desse mundo com quem eu quero conversar, Marcela. Eu quero que você suma da minha vida! – Exclamei irritada.

 - Quer conversar com quem? Com Ivy que roubou seu lugar na delegacia? Eu avisei que ela não era a melhor pessoa, Bicalho.

 - Nenhuma de vocês são confiáveis!

 - Não me compare com aquela mulherzinha. – Retrucou.

 - Claro! Você é muito pior do que ela. E me diga...

 Eu franzi o cenho, e trinquei a mandíbula sentindo meu sangue esquentar.

 - Como você sabe? – Me aproximei dela, vendo a loira engolir em seco. Marcela ficou calada, nada respondeu.

 – Ah! Claro, sua cúmplice te contou. – Constatei. - Está feliz com isso, não é? Pode comemorar ao lado daquele desgraçado a vitória de vocês contra mim. Era isso o que você queria, não? Desde o começo está me usando nesse jogo sujo, como um peão qualquer, para saciar tua sede de vingança contra aquele verme do seu marido.

 - Não fale o que você não sabe. – Ela deu um passo à frente. – Eu não estou do lado dele. Achei que isso estivesse bem claro.

 - E nem do meu, pelo visto.

 - Não existe seu lado. Existe o meu e o dele. – Disse olhando fixamente em meus olhos.

 - Agora existe o meu. Você não está mais lidando com um peão.

 - Gizelly, tente se acalmar, ok?

 Seu tom de voz manso me alertava suas intenções. Senti o toque suave das mãos de Marcela sobre meu braço, enquanto seu olhar buscava se conectar ao meu.

 - Não comece! Você não vai continuar com essa manipulação!

 - Não estou te manipulando. – Rolou os olhos impaciente. – Eu só preciso que me escute! Você está cega diante a sua revolta!

 - Eu não vou escutar suas mentiras! Por Deus! Ainda quer que eu acredite em você? Depois de tudo?

 - Preciso que acredite em mim. – Pediu, fitando-me profundamente. - Eu imagino como deve estar se sentindo, mas eu não podia fazer diferente! Eu realmente não queria prejudicá-la.

 Qualquer frase dita por Marcela, em uma tentativa de se justificar, fazia meu sangue ferver. Ela mentia, e mentia sempre. Não era agora que diria a verdade, certo?

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