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14.12 Segunda-feira.

O tempo amanheceu frio e está chovendo bem fraquinho, finalmente um momento de paz! É raro um clima frio e chuvoso em dezembro, mas, às vezes, bem às vezes, isso acontece.

Já estava quase saindo para o emprego quando recebi uma mensagem avisando que não precisava trabalhar hoje, não vão tirar fotos, pelo menos não por nossa equipe, porquê o Noel ficou resfriado com a mudança do tempo, o que acho muito injusto. Meu trabalho é cansativo, mas amo o que faço, e ficar em casa desocupada me dá nos nervos.

— Vamos ver a árvore, fofa. — a Blink aparece ao meu lado.
— Não sei se quero, acho que estou cansada de ver árvores de Natal.
— Para de inventar, Cathe. — ela começa a rir. — Tudo o que queria hoje era fotografar uma grande árvore. Mas, não vamos ver as daqui...

Antes que eu pudesse responder me encontro a frente de uma árvore de arame enorme, toda brilhante, muito bonita! Não sei onde estamos, aqui está calor e bem sol, acho que estamos em outra cidade, não é possível. Ao olhar bem fixamente para longe vejo a Tainá dentro de uma loja de aparelhos eletrônicos, aqui que deve ter comprado a minha alça nova, que fofa! Olho para a Blink que estava atrás de mim, e ela faz um sinal com os dedos para que eu virasse para frente, quando viro, a Tainá está saindo da loja de mãos dadas com uma mulher, esta mulher está com uma câmara em seu pescoço, sua alça também é branca, ela começa a fotografar a Tainá. Dou um passo a frente para captar melhor o que está acontecendo, mas, quando me dou conta estou em minha casa novamente.

Pergunto a Blink o que foi aquilo e ela simplesmente estala os dedos, pula batendo um pé no outro e some, desaparece, evapora, e me deixa aqui sem respostas. Começo a ligar para a Tainá e ela não me atende, já liguei quatro vezes e nada. Ela começou a me tratar com indiferença desde o meu pedido, é como se eu estivesse presa num efeito reverso, é como se o meu pedido não tivesse sido feito verdadeiramente, entretanto, não tem como ser isso, no sábado nos encontramos e foi perfeito, ela só demorou um pouco para chegar, mas atrasos acontecem, não sei o que está acontecendo e a Blink sumiu, sempre some quando quero falar com ela.

Estava dormindo e a Tainá me liga, segunda vez que ela interrompe o meu sono, estou começando a me irritar com isso. Estamos na ligação e ela está sendo drasticamente grossa comigo, coisa que ela nunca foi, está falando que eu não preciso ligar o tempo inteiro e que se ela não atendeu é por motivo de não querer, mas, depois se corrigiu falando que é por razão de não ter como no momento. Não me delongo no assunto e desligo. Confesso que estou chateada, não consigo formar um pensamento lógico, já está tarde e preciso acordar cedo amanhã, espero trabalhar.

15.12 Terça-feira.

A Maria me chama para conversarmos juntas com as gerentes do shopping, que são quem administram a vila do Papai Noel, estou um pouco nervosa, não faço a mínima ideia do que pode ser falado.

Estou arrasada, acabei de ser demitida. Agradeceram pelo meu serviço, fui remunerada e ganhei por essa semana e pelas que iriam vir, mas, ainda assim, estou arrasada. Disseram que queriam alguém com mais espírito natalino e que eu não sou uma pessoa que transparece o que a vila precisa. Essa notícia acabou demais comigo, não sou a pessoa mais natalina do mundo tendo em vista que uma data que na lógica é sobre amor e na prática arranca o dinheiro que os trabalhadores guardam por meses, e, depois desta data, ainda ficam super endividados, então não, eu não sou a pessoa mais natalina do mundo porque há diversos problemas no conceito de Natal, mas eu amava vir fotografar crianças, adolescentes, adultos e idosos felizes, a alegria dessas pessoas me adentrava de uma maneira que, mesmo que por minutos, eu ficava feliz com o Natal e conseguia o enxergar como algo bom, entretanto, vemos que isso não é o bastante. Não é a felicidade que deixa as pessoas empregadas no Natal.

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⏰ Última atualização: Dec 26, 2020 ⏰

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