todos os dias de manhã
passo pela capela e me ajoelho diante do altar
lá imploro para um dia lhe sentir em mim
e não precisar mais me ajoelhar aqui
e sim diante de ti
para me preencher
e não sobrar mais vazio e nem espaço para o tanto que me falta
ao sair da capela,
vi ela passando
me vi ali
tão arrogante,
tão detestável,
tão exuberante
tão beijável
desejei por um efêmero instante estar naquele detestável corpo
apenas para conferir se há algum resquício da maconha em você
apenas para reclamar dos seus braços soados e da regata molhada após o jogo
sentí-lo ocupando todos os meus espaços
sentindo tão completa, mas vazia
vazia, claro
pois não há nada além disso
nada além de religiosidade
nada além do desejo pelo pecado
nada além vontade de ter a boca tapada para não ser ouvida por toda a nossa detestável cidade
VOCÊ ESTÁ LENDO
asas marcadas
PoesíaAtravés de uma escrita casualmente poética, esses textos contam as histórias de amor, desamor e amadurecimento de quatro personagens; Arthur, Lívia, Edu e Sam. Nelas há a dor e o frescor da primeira paixão, a frustração quanto ao amor romântico, a...
