Capítulo 9: olhos cor de avelã

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+-Bárbara Passos-+

Quando vi aquele cara morto, a primeira coisa que veio na minha cabeça foi o Victor. No mesmo momento veio um aperto no peito. O tempo parou. Involuntariamente meus olhos marejaram e minha respiração se desregulou  flashes de Victor nos meus braços, morrendo, vieram na minha mente. Fechei os olhos por um segundo tentando me controlar o ar faltou e tudo que eu sentia era um vazio, um vazio inexplicavelmente ruim. Depois de abrir os olhos Comecei a correr sem runo já não escutando e muito menos sentindo algo.

Escutei barulhos de tiros e um ardor em meu braço, mesmo assim não parei de correr. Só parei quando percebi onde estava. Em uma construção abandonada no topo do morro onde dava a visão perfeita do céu. O sol do meio-dia estava muito forte, quase não tinha nuvens.

Escuto passos vindo atrás de mim, com o susto me virei e vi Coringa caminhando com um fuzil atravessado nas costas. Olhando ele de longe, até se parece com Victor. Ele é bonito.

- se olhar mais vai arrancar pedaço - ele fala me tirando dos devaneios. Desvio meu olhar dele olhando novamente para o céu. Ele suspira - me desculpa. Eu sei que fui muito babaca por ter falado aquilo você - ele pede

- não - olho para ele que franze o cenho - não te desculpo - digo simples limpando uma lágrima solitária que insiste em cair.

- qual é?! - ele pergunta aparentemente chateado

Fico em silêncio. Ele também então ficamos sentados olhando para o céu, cada um com seus pensamentos.

Não desculpei ele pois não vou mentir e falar que está tudo bem.

- por quê saiu correndo no meio de um tiroteio? - ele fala depois de alguns minutos

- me poupe né Coringa?! Você nem me conhece - ele umedece os lábios e automaticamente olho para sua boca. Boca maravilhosa por sinal

Me repreendo e volto a olhar para o céu

- vamos embora pra casa cuidar desse seu ferimento? - ele pergunta apontando para o meu braço. Olho e vejo que realmente meu braço esta sangrando um pouco. Solto um suspiro.

- me deixa ser uma vapor? - falo repentinamente e vejo Coringa fazer uma cara de surpresa

- não! Ta ficando maluca? - ele suspira - por quê quer isso?

- quero ficar aqui na cidade, mas não quero a mesma vida de antes. Tudo me faz lembrar.... Esquece - falo lutando contra minhas lágrimas

- esquece não. Continua! - ele pede com a voz firme

- não é nada - o encaro e uma lágrima desce escorrendo pela minha bochecha, mas logo eu passo a mão a limpando

- por quê esta chorando? - ele pergunta mais suave

- não estou chorando - fungo

- mas quer... - não consigo ver quase nada pois meu olho está cheio de lágrimas, ficamos em silencio por mais alguns segundos e elas começam a descer incontroláveis. Tento passar a mão para limpar mas são tantas que não consigo parar o fluxo

Sinto braços fortes me rodearem, encosto em seu peito e choro mais e mais...

(...)

Você Nunca me Perdeu |MorroOnde histórias criam vida. Descubra agora