Nora Hummel

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A vida é complicada. É ainda mais complicada quando você nasce mulher e é vista na sociedade como um acessório, para aquele que já nasce completo, objetos proibidos de fazer escolhas e dar opiniões. Se você nasce mulher, a liberdade é algo que te parece impossível porque para todos ser mulher é ser apenas uma simples mãe de família que cuida dos filhos e satisfaz as vontades de seu marido. O destino é aquilo lutamos, aquilo que desejamos até o último segundo de nossas vidas e fazemos de tudo para alcança-lo. O meu destino é a minha luta e talvez a minha luta me leve a minha morte.

Nasci em uma família qualquer, nem muito rica e nem muito pobre, meus pais são donos do bar em frente ao porto e eu, bom, eu sou só aquela que serve comida e bebida para todos que vem do mar para cá e de quebra ainda aturo as piadinhas, olhadas e às vezes passadas de mãos de todos esses nojentos. Piratas. A pior espécie de homem que se pode existir, roubam, mentem, enganam e o pior te manipulam. Mas enfim não estou só. Tenho ele, cujo nome não posso revelar por justamente está infringindo a lei e treinando uma mulher no arco e flecha o que é proibido. Mas eu precisava, eu tinha que aprender a me defender e ele me ajudou.

A rotina era sempre a mesma

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A rotina era sempre a mesma. Limpar, cozinhar, servir, fechar e a minha parte favorita, ir para o castelo. Há anos atrás brincando pela floresta encontrei esse castelo abandonado e encontrei algo ainda melhor no porão, um piano, minha grande e enorme paixão. Desde então depois de trabalhar venho me desestressar, cantar e tocar me faz viajar para qualquer lugar, me deixa ver um mundo cheio de possibilidades onde tudo que eu desejar é possível. Me faz ser livre, nem que seja por alguns minutos da madrugada.

Mas hoje em específico, algo estava diferente

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Mas hoje em específico, algo estava diferente. Ouvi vozes e essas vozes estavam alteradas e dentro do castelo. Caminhei pelas escadas subindo devagar com meu arco e flecha e as vozes foram ficando mais próximas e cada vez mais altas. Era um homem alto, pela a aparência poderia julgar que era um comerciante do centro, e também tinha uma mulher, baixa e pela roupa poderia julgar que com certeza era uma das bruxas das quais os homens no bar contam que tem tanto medo de encontrar. O homem no meio da discussão levantou uma faca no pescoço da mulher e ela segurou o braço dele, e agora era minha hora de agir.
Levantei o arco e mirei a flecha nas costas do homem que permaneceu parado.

-solta a faca- eu disse firmemente.

-Não atire, estou pensando nessa hilária situação- a mulher diz cínica para o homem.

-Ele te machucou?- pergunto ainda com a flecha apontada.

-Não, e nem vai- ela pausa e olha para o homem- vamos negociar- o homem abaixa a faca, eu abaixo a flecha e ela caminha para meu lado.

-Minhas caras senhoras, eu lá tenho cara de criminoso?- o homem diz enfrentando

-Um criminoso colocaria uma faca no pescoço de alguém- eu disse como se fosse óbvio.

-Qual é o preço do seu silêncio?- a mulher indaga.

-Não estou a venda, lealdade ao reino, estou fazendo o que você princesa deveria estar fazendo- o homem diz.

-Todos tem um preço, agora me diga qual o seu?- a mulher diz inquieta.

-O que você tem a me oferecer?- ele pergunta.

-Ouro? Jóias? Status? Um lugar no castelo? O que você quiser-ela responde.

-Um lugar no castelo não seria nada mal- o homem finge está pensativo- além de muito  luxo, luxo e conforto- ele completa e mulher consente.

-E na onde eu fico nessa história?- eu pergunto.

-Peça o que você sempre quis- a mulher diz.

-Eu quero um cavalo- eu digo cheia de esperanças porque ter um cavalo é ser uma boa guerreira.

-Temos um acordo então? Se o acordo for quebrado vocês sofreram graves consequências, nos encontramos daqui sete luas no pôr do sol.-a mulher diz.

-Podemos mesmo confiar nela? Afinal ela é uma bruxa- o homem diz.

-Mesmo sendo bruxa, continuo sendo uma princesa- ela pausa- minha palavra vale muito.

Saímos cada um para seu rumo. Seguindo seus caminhos de onde havíamos vindo. A princesa a caminho do seu castelo. O homem a caminho do centro e eu a caminho do mar. Durante a volta passei pelo Porto e ali atracava mais um navio cheio piratas o que significava mais problema amanhã a noite.

Um Eterno TalvezOnde histórias criam vida. Descubra agora