Um Eterno Talvez

Nix Beaumont

É uma tarde ensolarada, caminho entre a floresta que me chama a cada passo, o vento bate em meus cabelos escuros, os galhos se enroscam em meus cachos, finalmente me sinto em casa. Consegui a tarde toda para mim, milagre mamãe me liberar tão cedo dos meus afazeres reais, quase torturante manter a máscara de ser perfeita; "com essa má postura você nunca irá se casar" é o que ela sempre me diz, acho engraçado já que sou prometida ao ignorante príncipe Alef Knut; afinal quem acha que a Princesa Nix Beaumont próxima herdeira ao trono tem luxo e sossego está completamente enganado.

Perco em meus pensamentos de até quando vou conseguir segurar meu pior lado; a inquisição ama chamar pessoas como eu de bruxas, sinceramente, eles estão certos sobre isso, dês de pequena eu amo fazer feitiços, chás medicinais e a energia dos cristais é meu secreto estilo de vida; se meus pais sonhassem com isso seria deserdada e perderia meu futuro trono na mesma hora, tenho a obrigação de ser a personificação de um anjo, mal sabem eles que eu sou um caído.

O sol brinca entre as folhas, minha pele extremamente branca revela que não pego muito sol, meu vestido preto juntamente com a capa me faz misturar entre a densa mata; mais alguns metros consigo chegar a minha casa, um castelo abandonado muito bem escondido que encontrei quando tinha apenas 5 anos, amava correr e fingir que nada me prendia nesse mundo, eu dançava feito um pássaro e a liberdade era a única palavra que descrevia o meu sentimento; desde então vou lá sempre que posso para praticar meu balé, fazer meus chás e contemplar os meus únicos momentos de paz.

No caminho já colho algumas folhas de hortelã que eu mesma plantei, já está tudo pronto para a tarde de hoje; entro no castelo, ele tem cheiro de grama molhada que me trás uma sensação de aconchego, vou para o meu quarto que fica no ultimo andar de umas das torres, tiro a pesada capa de veludo preta, começo a minha prática com um chá medicinal de hortelã para acalmar e principalmente é ótimo para a pele, uma perfeita escolha para depois de uma extensa caminhada. Preparando o chá e concentrando minhas energias, sinto uma presença, uma pessoa estranha, como alguém saberia desse lugar além de mim? Alguém me seguiu? Vou ter que ser obrigada a cometer um assassinato? Preparo a faca e olho para a porta que está a minha esquerda, vejo um rapaz alto, pardo, dos olhos escuros e cabelo castanho ondulado; me olhava como se estivesse descoberto um tesouro perdido, eu tenho certeza que esse é o meu fim, que a Deusa me proteja, meu segredo está ameaçado.