Cisne Negro

Asas negras e mundo mirabolante

  Sami acordou e se viu deitada em uma espécie de cama ovalada coberta de peles e por alguns segundos pensou que ainda estava dentro do sonho louco da amiga até que se sentou na cama estranha e percebeu onde de fato estava.

Um quarto estranho, com teto aberto para um céu límpido e cujas paredes pareciam escavadas na rocha. Não havia porta e com isso ela quase xingou alto. Ok, não era sonho, ela não podia sonhar com algo assim, não ela, não a 'senhorita pé no chão chata'.

Aquilo era um pesadelo, um senhor pesadelo por sinal!

Então algo cruzou o teto aberto rápido como um pássaro em rasante e logo viu que não era pássaro nada, era... Aquele cara de asas negras gigantes, brutamontes babaca que tirou ela do sagrado chão seguro, saltando para o alto e fazendo ela desmaiar de tanto enjoo.

Ele pousou do seu lado e deixou uma cesta de canto a olhando com seriedade.

Muita seriedade para quem não usava a merda de uma camisa, as calças pareciam justas demais como algum viciado doido por looks de fetiche de bdsm e tinha asas gigantes nas costas.

— Você acordou. Coma.

— Vá para o inferno, babaca! Olha só, à primeira vista você até parecia o Suga, mas quer saber, olhando bem não tem nada a ver, massa de músculos grossa! Está achando que é assim? Coma, ande, fala? Sou alguma serva por acaso!?

— Não sei quem é esse Suga que acha que se parece comigo, contudo vinda de um mundo tão longe e como Sua alteza disse, em outro tempo cronológico, pode ser que haja alguém parecido comigo, mas deve compreender que não há duas pessoas idênticas mesmo na dimensão de macrocosmo. Almas... São únicas.

— Beleza, acabamos com o momento filosófico bizarro agora? Podemos pular para a parte do cadê a minha amiga e que diabos estamos fazendo aqui!?

— Sua amiga está com meu irmão, por um ano a partir do momento do laço eles não conseguirão ficar separados, faz parte do ritual e magia das almas gêmeas. Eles estão atados e nada pode desatá-los, nenhuma magia, nenhuma arma, nenhum sortilégio. Um metro apenas os separará até que o fim desse período chegue. Sua amiga beijou meu irmão, ela foi quem os uniu, é a responsabilidade dela.

Sami abriu e fechou a boca várias vezes até desistir de rebater.

Ela estava lá e ela viu acontecer diante dos seus olhos e embora tudo aquilo parecesse história de anime ou coisa assim, ela viu com seus próprios olhos que um dia, e ela esperava que fosse muitooooo longe ainda, a terra há de comer. Foi Marri, aquela louca, que pulou no pescoço do pássaro Jimin fake. Mas... Foi só a droga de um beijo!

— Em que mundo de deus um beijo é capaz de fazer isso!? Vocês são doidos!? Foi só um beijo!

Ele a olhou como se ela fosse louca e a vontade de Sami era grudar no pescoço dele e torcer, o que de certa forma a surpreendeu porque ela não era tão violenta assim.

Mas também não era todo dia que elas acordavam com um triangulo brilhante e dourado na cara delas, dentro da sua sala, e que as sugasse como a merda de um aspirador de pó super potente e caíssem em cima de um homem com asas negras minutos depois.

Ninguém podia julgar seu humor maldito!

— Sei que temos culturas e mundo diferentes, porém um beijo debaixo de um salgueiro na sua alma gêmea não é algo leviano. Um beijo geralmente conecta olhares e estes são a janela da alma, você geralmente beija quem se sente bem ou tenha intimidade, um beijo cala uma voz, mas não cala sentimentos e emoções, um beijo não é simples em muitos dos casos – Ele disse de forma toda didática suspirando em seguida – Em meu mundo contato físico é completamente aceito, comum e encorajado, mas beijos nós só trocamos com quem são importantes para nossas almas, por isso ele não seria só beijo.