Final feliz

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 Sami abriu os olhos sabendo que não se sentia tão descansada a tempos. Se esticou e sentiu raios de sol sobre si e acabou sorrindo suave, abrindo os olhos lentos e então os fechando de novo por reflexo chocado.

Não estava na cama da sua casa e nem mesmo na cama do brutamontes.

Estava era mesmo deitada em uma cama baixa, atrás de um biombo delicado com desenhos de nuvens e o mais chocante de tudo... Nainai estava lendo tranquila diante da mesinha baixa alguns metros da cama como se tudo estivesse certo no mundo.

Só que não estava.

Pelo menos não para si.

O dia anterior voltou a sua mente e tudo o que aconteceu nele.

Tinha desmaiado e acordado deitada na cama e nos braços dela.

Sami surtou, como era seu direito, mas nada tirava aquela mulher do sério. Tudo o que ouvia era 'está tudo bem', 'vamos ficar bem' e 'deseja comer alguma coisa?'. E o mais louco e irritante era que pela primeira vez na vida, seus olhos não conseguiam se desviar de alguém.

Era como um vício e uma loucura. Sami se via completamente atraída como um inseto para uma luz super potente e só em pensar em fugir de verdade ou fazer algo do tipo socar o rosto perfeito e pacífico dela lhe parecia impossível.

Entendia agora toda a loucura da Marri porque era como uma força lhe arrastando para a outra e o pior era que ela tinha lhe dito que podia ficar tranquila porque estava em um período de 'retiro' e ninguém iria atrapalhá-las nos próximos dias.

Dias só ambas... Dias, dias sozinha com aquela... Sedutora silenciosa e de olhos de ouro derretido controladores.

A noite já estava de mal humor e nervosa, contudo nada removeu a outra de que deveriam dividir a cama até que 'se costumassem' uma com a outra. A lógica existia? Não para sua cabeça, mas foi só a outra vir para si que pronto. Fechou a boca só para não revelar o quanto babava.

Era uma idiota. E como nunca antes sentiu atração por mulher antes?

Será que era só com ela? Só para ela?

Esse era mesmo o poder das tal almas gêmeas?

Dormiu perturbada, mas aconchegada e agora acordava como se emergisse de um longo sono de beleza.

— Sami, venha comer.

— Você só sabe mandar! – Reclamou se erguendo e fechando direito o robe que ela lhe deu para usar, todo branco e com bordados de nuvens. A verdade era que preferia mil vezes as roupas macias e longas do que as curtinhas de couro do outro Continente e por isso até que sobre as roupas, gostou da mudança. Foi até ela, mas não se sentou – Eu quero escovar os dentes, tomar banho e virar gente.

Ela assentiu, fechou o livro, se ergueu e pegou uma de suas mãos tudo em movimentos fluidos e logo Sami a seguia para fora da casinha de madeira e rumo a floresta. Em pouco tempo estava diante de um lago que só pela fumaça suave saindo das águas, ela soube ser uma terma. Sentiu, mais do que viu, ela ir para a suas costas e com poucos movimentos abriu e retirou seu robe, lhe deixando nua em seguida.

— Entre.

Aquele era um dos momentos em que devia gritar e xingar e se rebelar ou algo do tipo, mas simplesmente, lá dentro de si, Sami começava a perceber que gostava daquele jeito sem noção dela. Bufou, mas entrou na terma e logo suspirava de satisfação. Banho!

Cisne NegroOnde histórias criam vida. Descubra agora