o pintor

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Uma vez me depareiCom um artista de um reinoPintava quadros e escreviaMas sempre com medo

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Uma vez me deparei
Com um artista de um reino
Pintava quadros e escrevia
Mas sempre com medo

Era censurado, o achavam louco
Não tinha espaço
Corria sempre o risco de ter tudo
Jogado no ralo

Já foi internado, isolado
Apenas por pintar
Não tinha um minuto de paz
Naquele lugar

Sempre que pintava
Era capturado
Internado por um tempo
Era um pobre coitado

Era uma luta eterna
Para fazer sua arte
Parecia que do mundo
Ele nunca faria parte

Conversando, percebi
O quão disconexo ele estava
Não sabia seu lugar no mundo
Virando madrugadas

Ele disse que tinha uma ideia
Uma ideia genial
Seria em último caso
Caso fosse terminal

Não entendi muita coisa
Tinha bebido muito vinho
Terminamos a conversa
Fui pra casa sorrindo

No outro dia escutei
Que foi pego de novo
O cara não desiste
Uma persistência de ouro

Quando saiu da prisão
Quis botar o plano em prática
Tentei falar com ele
Mas não prestava atenção em nada

Devia estar muito focado
Eu estava curioso
Queria muito saber
Qual o plano grandioso

Talvez fosse melhor
Eu não querer saber
Cheguei na casa dele
Vi algo que fez eu me arrepender

Um quadro melado
De uma tinta vermelha
Tinta que cheirava forte
E corre nas veias

Sua pele servindo
De tecido para a tela
Não acredito que fez
Uma loucura dessas

Entrei mais um pouco
Vi o que não devia
Coitado do pintor
Teve uma péssima vida

Pendurado se encontrava
Pendurado ficou
Não vou me intrometer
Pois já era, o show acabou

Me encontro na estrada
Fugindo dos fatos
Continuarei minha aventura
Indo pra qualquer lado

Sem rumo de novo
Sem destino ou parada
O bardo, sozinho
Continua sua jornada

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