Em 2016 viajamos à Paris, a cidade do amor e da moda. No dia em que chegamos comemoramos no hotel seis anos de relação, três anos de sexo e paixão.
Naquela época eu não imaginava que ele buscava mulheres, que as levava para cama e prometia casar com elas; naquele tempo eu imaginava que existia apenas nós dois.
Passamos uma semana em Paris, fomos até a torre e de baixo dela juramos nosso amor, naquele tempo ele ainda era fofo e para me agradar jurou me amart toujours
— Existem vários como você, mas nenhum deles é você, você é único para mim — Ele passava a mão em minha face me acariciando — Você é a minha petite étoile e para sempre vai brilhar ao meu lado.
Eu acreditava no conto de fadas (como bom menino ingênuo que sou), acreditei em todas as histórias e deixei de escrever a minha para ouvir a dele, para ajudar a compor os versos da canção que um dia ele dedicaria para outra.
Antoine me mandava sonetos todas as manhãs, me presenteava e aleatoriamente me dava presentes. Nem sempre ele foi um ogro, as coisas só mudaram quando o pai dele nos pegou no flagra, desde aquele dia ele nunca mais foi o mesmo.
Ele desconta sua frustação observando os astros, no seu observatório ele consegue ser o Antoine que ele quer ser, ele consegue fazer juras de amor à Marte sem que alguém o critique.
Um dia ele me levou para ver as estrelas no observatório, apontou para uma delas, a mais bonita de acordo com sua fala, e deu meu nome para ela.
Ele dizia que aquela estrela era a "Petit Julien", a estrela mais brilhante do seu cosmo.Acabamos transando na mesa dele, transamos em baixo de uma noite estrelada. Van Gogh teria vergonha do que fizemos naquele dia, mas se foi bom é o que conta.
– Petit Julien, a estrela que de pequena só tem a forma — Passei a mão em uma foto nossa que estava no porta retrato.
Lembranças, foi tudo o que me restou dele, nem mesmo suas camisas sociais estavam mais em meu guarda roupa. Seus perfumes, suas cuecas e até mesmo suas meias rasgadas já não tinham mais destaque em meio às minhas coisas; sua escova permanecia no banheiro, pois eu ainda tinha a esperança de que um dia ele voltaria a se deitar comigo.
Antoine já dizia que eu era um sonhador, mas eu não sabia que meu maior sonho, meu maior objetivo, minha obsessão tinha se tornado estar com ele, não estar apenas em uma cama, mas pelo resto de meus dias.
Não entrarei de véu e grinalda na igreja, não usarei branco e nem mesmo jogarei um buquê para uma plateia de mulheres encalhadas, afinal, a amante nunca tem um lar para chamar de seu, mas no meu caso eu nunca fui a amante, só fui precipitado em querer chama-lo de meu.
Minha última lembrança e talvez a mais recente não é de quando ele disse "eu irei me casar", é de quando ele esteve na minha cama e em sessenta minutos testou sete posições diferentes.
Enfim, eu já vivi e nomeei porquê continuar lembrando?
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Petite Étoile
ContoUm conto onde um poeta escreve pequenos textos contando sobre seu caso com um colega [CONCLUÍDO]