0.4 || Presságio 🔮

24 8 4
                                    

Faltava uma semana para o casamento, uma angústia tomava conta do meu peito, minhas unhas já estavam roídas e minhas olheiras horrendas, afinal, fazia dias que eu não tinha uma ótima noite de sono.

Uma encomenda havia chegado de uma floricultura, um buquê de rosas com um bilhete cintilante dizendo "espero por você minha estrelinha". Não precisavam dizer o remetente, apesar dele se casar em sete dias, meu coração sentia que ainda iríamos nos encontrar mais vezes.

Um dia antes das rosas chegaremeu havia tido um sonho com Antoine, ele estava em um quarto aonde não haviam fechaduras na porta e então as cortinas começaram a pegar fogo, em questão de segundos o fogo havia chegado nos móveis e então Antoine morria queimado em minha frente.

Aquele sonho estava se repetindo, era como um presságio de que algo ruim aconteceria, mas apenas desta vez preferi não acreditar em minha intuição, apenas desta preferi acreditar que eu o veria sair da igreja ao lado de sua amada,ou melhor, ao lado de sua fachada.

Para espairecer das más vibrações que me acompanhavam decidi tomar um banho de banheira; despedacei as rosas na espuma, levei comigo para o banheiro uma taça e uma garrafa de vinho, assim que deitei e que fui agarrar a taça ela caiu e quebrou. O chão estava cercado de cacos, pedacinhos que pareciam ainda vibrar mesmo estando no chão, como se alguém estivesse pisando sobre eles.

Mesmo sem taça agarrei a garrafa (está que permaneceu intacta em minhas mãos), abri a mesma e comecei a degusta-la apenas esperando o efeito do álcool agir em meu corpo.

- Vou te encontrar, vestida de cetim pois sei que em qualquer lugar espera só por mim - comecei a cantarolar - E do teu beijo, provar um gosto estranho que eu quero e não desejo, más tenho que provar...

- Morte, Morte, Morte, talvez seja o segredo dessa vida.

Acidentalmente deixei alguns goles de vinho cair na banheira, a espuma branca rapidamente ficou em um tom avermelhado, como se eu estivesse sobre uma banheira de sangue.

Cantar para a morte, mesmo de forma poética, já havia surtido efeito. Primeiro os sonhos reveladores, a taça quebrada, agora a espuma avermelhada com algumas gotas de vinho; alguém encontraria a morte em breve, pode ser que seja eu e se for estarei feliz por morrer em paz, más triste pois morrerei sem poder dizer eu te amo para o homem que eu nem imaginava que um dia amaria tanto.

O amor me deixou melancólico, carente, a pessoa fria que existia por debaixo de todos esses músculos havia ficado em alguma de nossas viagens... O homem fofo, quente, carinhoso e atencioso que eu jamais havia tido contato no subconsciente agora é quem comanda minhas reações. Há ironias da vida que muitas vezes vem para o bem.

Apesar de transbordar afeto, ainda existia uma minúscula parte dentro de mim que exalava "chorume e podridão", um ser humano asqueroso que não poupava esforços para obter aquilo ou alguém lhe interessasse. O demônio, se é que assim posso nomea-lo, estava rodeando minha mente mais uma vez, e dessa vez ele não poupou esforços para dizer o óbvio:

- Você sabe quem vai morrer, você sabe a forma, não espere que o pior aconteça.

Eu havia pedido sinais, os presságios então apareceram, agora me cabe reunir tudo e torcer para que a festa não vire um enterro.

Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.
Petite Étoile Onde histórias criam vida. Descubra agora