O Dia Do Seu Primeiro Ataque De Ciúmes

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Eu estava me arrumando para sair com Caio eu ia finalmente apresentar ele para minhas amigas. Eu estava terminando de me maquiar quando ele chegou para me buscar. Quando eu abri a porta percebi que ele mudou de expressão quando olhou pra mim, parecia incomodado. Ele me seguiu até o quarto para me esperar enquanto eu terminava a maquiagem.

-Qual o problema, amor?

-Nada.

-Ta bom então.

Eu sabia que era alguma coisa, a gente pode estar namorando a pouco tempo, mas eu já conheço ele o suficiente, pra saber quando ele não está feliz.

-Tem certeza que está tudo bem?

-Eu só não entendo o porque você precisa sair vestido assim.

-Assim como?

-Com essa roupa.

-Qual é o problema com a minha roupa?, fala logo!

-Eu acho que está muito curta e muito colorida.

-E qual é o problema com isso?

-Quem se veste assim são essas bichinhas afeminadas, não quero meu namorado andando na rua assim, pra ficar todo mundo olhando.

Eu não sabia desse lado mais conservador dele, a gente já tinha saído antes e ele nunca falou nada da minha roupa. Eu não vou trocar deu muito trabalho pra ficar lindo desse jeito, se ele quiser sair comigo vai ter que ser assim.

-Não vou trocar. Eu já terminei e a gente já está atrasado, as meninas estão esperando.

-Eu não vou sair com você vestido assim, todo mundo vai olhar.

-Para logo com isso e vamo logo, por favor?

-Eu vou, mas só porque a gente já está atrasado.

Dei um beijo nele, para ele ficar mais calmo. A gente saiu da casa, entrou no carro e iniciou uma viajem silenciosa.

Chegando no bar, ele tocou no assunto novamente.

-So tenta não chamar muita atenção, Vitor.

-Ta bom, amor vou me comportar.

No caminho do carro até a entrada do bar eu pensei. Que talvez, eu não devesse ter vindo com essa roupa. Ele é meu primeiro namorado, ele podia estar com qualquer outra pessoa. Tem filas de homens e mulheres atrás dele, mas ainda assim ele está comigo, deve ser porque ele me ama. Não custava nada trocar de roupa pra agradar ele um pouquinho.

Peguei na mão dele, mas ele soltou instantâneamente.

-Aqui não, Vitor, tem muita gente.

-Desculpa, amor.

Quando nós entramos no bar, logo vi minhas amigas acenando. Fui até elas.

-Oi Meninas, esse é o Caio, Meu namorado.

-Por que você não avisou, viado que ia finalmente, apresentar esse seu namorado misterioso?

-Eu quis fazer uma surpresa, Bianca. Enfim, Caio, essa é a Bianca, e a loira do lado dela é a Zaria.

-É um prazer finalmente conhecer vocês, meninas.

-O prazer é todo nosso, Caio.

Enquanto as bebidas não chegavam, eu contei para o Caio, Como as meninas me ajudaram a me adaptar aqui em Salvador. Quando eu vim morar com a minha tia, depois que a minha mãe me expulsou de casa, eu não conhecia ninguém, mas fiz amizade com as meninas, no primeiro dia de aula do segundo ano do ensino médio, e desde então, nós somos inseparáveis. Como as bebidas estavam demorando, Caio, foi até o Barman perguntar o porquê.

-Vitor!

-Oque foi? Zaira.

-Aquele cara, tá vindo na nossa direção, na sua direção na verdade.

Um cara muito lindo, se aproximou da nossa mesa. Ele colocou uma mão na cadeira e a outra no meu ombro.

-Eai, gatinho, tem espaço pra mais um nessa mesa?

-Não, não tem.

-Mas eu não tô vendo ninguém aqui, e um gostoso como você, não devia estar desacompanhado.

-Não estou, meu namorado está logo alí, falando com o Barman.

Quando eu virei para apontar onde o Caio estava, eu vi ele me encarando, e ele não parecia nada feliz. Ele veio rápido até a mesa, já chegou empurrando o cara. Que já estava praticamente em cima de mim, sem eu perceber. Caio, virou para mim, pegou no meu braço e me puxou.

-Vamos embora Vitor!, Agora!

-Mas eu não estava fazendo nada, ele que deu em cima de mim.

-Vamos, Embora, Agora!

-Me solta Caio, você tá me machucando.

Ele me soltou e foi em direção a saída. Fui atrás dele pedindo pra ele ficar calmo. Eu estava assustado, não sabia que ele era tão ciumento, ao ponto de agredir alguém e fazer esse show. Quando eu consegui alcançar ele já estávamos fora do bar, próximo ao carro. Quando eu chamei o nome dele mais uma vez, ele virou na minha direção, furioso, e veio até mim.

-Entra nesse carro Vitor, agora!

-Calma amor, vamos conversar, por favor.

-Conversar o que? Aquilo lá foi culpa sua, se tivesse se vestido como eu mandei, não teria chamado tanta atenção. Você age como se não me amasse, como se não se importasse comigo. Era só ter trocado de roupa, como eu mandei, mas você preferiu me desafiar, tá vendo no que deu?, A confusão que você gerou?.

-Amor, eu já disse que não fiz nada.

Quando eu neguei novamente, ele perdeu a paciência e avançou em mim, me pegou pelo pescoço e me prensou contra o carro.

-Para de negar Vitor, para de ser cínico.

-Caio, você tá me machucando.

-Você merece! Ficou se insinuando pro cara, com essa roupinha curta, como se fosse uma vagabunda de esquina, uma qualquer. Você tem dono, entendeu?. Quer saber? Só entra logo nessa carro Vitor, se não entrar eu te largo aí.

Mesmo com muito medo, chorando muito e muito triste por tudo que ele me disse. Eu entrei. Ele me levou para casa e eu desci do carro sem dizer uma palavra. Chorei no banho e na cama, até pegar no sono. No dia seguinte ele me ligou, disse que me amava e pediu perdão. Quando anoiteceu e ele saiu do trabalho, ele veio aqui com um buquê de flores. Ele prometeu que isso nunca mais ia se repetir, mas infelizmente essa não é a minha última carta.


Cartas De Um Relacionamento AbusivoOnde histórias criam vida. Descubra agora