Capítulo 13 "O que Abigail está escondendo?"

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"Eu estava bem sem você
Até eu ver seus olhos se
desviarem dos meus
Oh, doce querida,
onde ele quer você?
Disse: Vai, Super-homem,
diga sua fala estúpida"
- The less I Now
The better ( Tame Impala)
...

O vento gélido fez meu corpo arrepiar-se, rapidamente, ajeitei-me sobre o peitoril da janela. Elevei os joelhos, apoiando o meu queixo nos mesmos e abracei minhas pernas na tentativa de me aquecer.

Era em torno de uma da manhã, eu nem sequer havia conseguido pregar o olho, não quando aquela maldita porta estranha na biblioteca havia se apossado de minha cabeça, me deixando completamente submersa em um mar de pensamentos insanos sobre o que teria atrás dela.

Seth quería arromba-la, e eu obviamente o encorajei já que estava tanto ou até mais curiosa para saber aonde ela daria. Mas, antes que pudesse fazer algo, a velha Benson apareceu e todo o nosso plano foi por água a baixo. E para piorar a cretina resolveu ficar nos vigiando pelo resto do dia inteiro, ou seja, a porta ficou com Deus.

Ela ditava absolutamente tudo o que deveríamos fazer, cada passo e fala, pensei que chegaria uma hora que até a nossa respiração também seria controlada. Por mais que eu quisesse estrangular a desgraçada, eu me manti quieta, viajando em meus próprios pensamentos, diferente do Wyatt que soltava um xingamento para a velha a cada cinco minutos em alto e bom som.

Wyatt sendo Wyatt.

No final do dia eu estava destruida, morrendo de fome - Já que a velha não permitiu que fossemos almoçar. - e com o nariz entupido. Eu raramente ficava doente, o que era benéfico pra mim, pois o orfanato tem uma extrema carência em remédios. E Abigail não se esforçava nem um pouco em suprir esse problema, o que não é de se surpreender, ela nunca ligou para nenhum órfão dessa instituição.

Se não fosse por Adele me dando um antialérgico, provavelmente eu estaria bem ruim, felizmente o remédio amenizou um pouco a ardência nasal, mas ainda continuei fungando a cada segundo.

Era insuportável... a velha Benson me paga!

A noite eu não vi mais Seth, nem mesmo na hora do jantar. Talvez por eu estar tão faminta que fui a primeira a chegar no refeitório e terminar de comer. Parecia que eu estava a três dias sem comer de tão desesperada. Estava me coçando para ir falar sobre a bendita porta, mas como Seth não cooperou e resolveu tomar um chá de sumiço, acabei que indo para o dormitório.

Passei boa parte da noite embolada no edredom, até que chegou uma hora que me estressei, joguei o mesmo pra longe e vim sentar no peitoril, o que foi bem estupido da minha parte, pois está frio pra caralho, e só contribuiu que a ardência no meu nariz retornasse.

Atchim!

Tapei o nariz com a mão ao espirrar.

Merda, eu deveria ter trago o edredom junto.

Quando o terceiro espirro seguido veio, decidi criar vergonha na cara e me levantar pra voltar para dentro do tecido quentinho na cama. Estava prestes a me deitar, quando um barulho de batidas me fez parar. Olhei rapidamente para a porta do quarto. Quem era o idiota que estaria batendo na porta do dormitório em plena madrugada, ainda mais sabendo que era proibido?

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