Capítulo 5 "Salva pelo diabo"

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"Brilhando, cintilando
Os olhos que parecem afundar
Navios nas águas
Tão convidativos que eu quase entro"
- Gold rush ( Taylor Swift)

...


Segurei o peso do meu corpo com minha perna direita, enquanto batia insistentemente o pé esquerdo contra o piso. Olhei mais uma vez para as escadas que levavam aos dormitórios masculinos.

Droga! Por que ele não aparecia?

Depois do ocorrido com Abigail — o que me deixou totalmente atordoada — eu decidi que tiraria satisfação com aquele fofoqueiro dos infernos, por Liam. Talvez seja um ato infantil e impulsivo de minha parte, mas eu não ligo. Estou furiosa demais para me importar se estou sendo ridícula ou não, a única certeza que pairava por cada célula do meu corpo era que aquele imbecil teria que me dar um bom motivo para ter feito o que fez com o meu melhor amigo.

Se Liam estava realmente naquele lugar, devido as regras que quebrou, provavelmente ficaria alguns dias trancado naquele cômodo escuro e atormentador. Sozinho, com medo, passando fome e sede. Cada segundo naquele lugar era sufocante, como se aos poucos fossemos perdendo toda a sanidade que ainda existia dentro de nós, definhando lentamente nossa alma, presos no próprio inferno agonizante.

As quatro vezes que fui para aquele lugar, foram os piores momentos de toda a minha fodida vida. Eu queria gritar até perder a voz, arrancar cada fio do meu couro cabeludo, tirar a minha própria vida para não ter que ficar um segundo a mais ali.

Aquele lugar despertava a loucura que se ocultava no lugar mais reservado da consciência humana.

E agora Liam estava lá.

Por culpa de Seth Wyatt.

— Foda-se!

Cansada de esperar por aquele miserável, me direcionei as escadas, subindo-as em passos pesados. A essa hora eu estava pouco me fodendo se era proibido a minha entrada no dormitório masculino.

Eu nunca havia entrado ali, nunca tive motivos. Era exatamente como o nosso, exceto pelas paredes acinzentadas terem uma aparência mais acabada. Mas o extenso corredor, as portas de madeira desgastada com números escritos em cada uma, eram iguais ao do nosso dormitório.

Um odor de suor exalava pelo corredor. 

Homens.

Meus passos eram apressados , dominados pela minha fúria. De repente uma porta a minha frente é aberta bruscamente me fazendo da de cara com a madeira dura.

— Mais que merda!

Praguejei alto passando a mão em meu nariz, que latejava.

— Se prestasse mais atenção por onde anda, evitaria uma portada na cara.

Um arrepio percorreu minha espinha ao ouvir aquela voz rouca. E ali estava ele, parado a minha frente, aquele na qual eu passei o dia inteiro ansiando em estrangular. Me encarando com uma expressão indecifrável. Vestia agora uma camisa preta e um jeans da mesma cor. Pendurada em um dos seus ombros, uma toalha branca. O cheiro de sabonete masculino impreguinou meu nariz, indicando que ele havia acabado de tomar banho.

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