Not about forever

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Bianca.

Mais um ano se passava longe da garota que bravamente morreu. A irmã de Nico di Angelo, a que cuidou dele e o confortou quando ele tinha medo. Depois que ela foi... bem, não sobrou ninguém. Ninguém que cuidasse dele, que confortasse ele.

Então apareceu Will. E os meses eram bons ao lado dele. Dava a sensação antes rara de segurança, amor sincero e recomeço.

Mas nada é perfeito. Se a vida fosse fácil não teria graça, não é mesmo? Will escondia uma notícia de Nico a um bom tempo, mas não daria mais. Era agora.

Agora.

– Nico? – Will notara que durante tudo o dia Nico estava distante, triste. O garoto não queria nem falar, apenas ficar sozinho em seu canto.

Ele segurava uma flor murcha.

– O que aconteceu?

Nico se virou e olhou para Will. Os olhos do filho de Hades estavam vermelhos e ele parecia indisposto.

– Hoje é o dia que Bianca se foi. E eu nem pude fazer nada.

Will tirou a flor murcha da mão do namorado e sentou ao lado dele, entrelaçando sua mão quente na mão fria de Nico.

– Eu sei que é difícil.

– Você não sabe.

– O quê?

– Você não tem irmãos, então não sabe. Não sabe o que é perder alguém que sempre cuidou de você e não ter feito nada. Não tente entender minha dor. Eu só quero ficar sozinho.

Will soltou a mão de Nico sem entender a razão de tanta raiva. Will estava acostumado a ouvir Nico, a dar seu ombro amigo para ele desabafar, a escutar seus medos, problemas e sonhos. Mesmo assim...

– Nico, por que você tem que ser tão estúpido? Tão ingrato? Eu escuto todo dia você reclamar e tendo te acalmar. Eu ouço seus problemas toda hora e adivinha? Eu NUNCA reclamei para você. Nunca falei quando estava apreensivo, nunca tive chance de contar. Nico, você já pensou que eu também quebro às vezes? Que tenha sentimento ruins e que eu também quero que você me ouça?

– Você nunca mostrou tristeza, como quer que eu adivinhe?

– Talvez seja porque você sempre estava mais triste que eu, e eu apenas tentava acabar com sua tristeza, não com a minha. Talvez porque eu sei fingir bem e porque eu tenho outras coisas para me concentrar fora a tristeza.

– Tipo o quê? Vamos, me diga! – Nico havia se levantado e a grama em sua volta estava murcha por causa do seu humor.

– Tipo isso. – Will jogou uma carta na cara de Nico.

Nico pegou a carta sem jeito e abriu, chacoalhando-a para Will.

– O que é isso?

– Eu passei na faculdade. Passei em medicina na NYU.

– Por que nunca me contou? Will, eu devia saber disso!

– E iria adiantar? Não é como você se importasse com minha carreira.

– Eu importo, claro que importo. Importo com tudo que você se importa, que venha de você. Will, eu não acredito que você escondeu isso de mim.

– Na verdade eu ainda não sei se vou.

– Por quê?

– Eu vou ter que morar no campus. Não vou poder te ver até as férias. Tenho medo no que isso irá mudar no nosso relacionamento e não sei se estou preparado para isso.

Nico não sabia o que fazer. Ele queria sim que Will fizesse sua sonhada faculdade, mas a ideia de ficar longe do namorado era terrível. O garoto que dava estabilidade a ele, o garoto que o consolava. Como poderia suportar?

– É seu sonho, eu não tenho controle disso.

– Nico...

– Isso é só um relacionamento. E como você disse, eu sou um namorado horrível. Me desculpe.

– Não quis dizer isso.

– Boa sorte, Will. Você será um incrível médico.

– Nico, o que está fazendo? Está terminando comigo?

– É, parece que estou.

– Por quê?

– Porque eu te amo demais. E a distância apenas me machucará. Te amo o suficiente para saber que precisará de espaço e tempo na faculdade, e não quero ser um estorvo.

– Eu não quero terminar.

– Se você me ama faça isso. Por mim e por você.

– Não.

– Will – Nico estava mais derrotado do que nunca, seu cérebro um nevoeiro. – Acabou.

Will começou a chorar. Era tão raro vê-lo assim que Nico ficou chocado. “Eu fiz ele chorar, eu sou um monstro. A pessoa que eu mais amo chorando por minha culpa.”, pensou Nico. Antes que ele se desesperasse, Nico tocou o ombro de Will e deu um beijo nos lábios do garoto.

O verão nunca fora tão sombrio antes.

Faltava poucas semanas para Will ir embora. As aulas começavam no segundo semestre, então estava muito perto. Nico era um observador distante da preparação de Will para ir embora, sua mala sendo preparada, seus irmãos fazendo festas de despedida. Alguns perguntavam a ele o que havia acontecido entre os dois, e Nico apenas respondia que não era da conta de ninguém. Mas ele sabia que Will contava a verdade. Sabia que ele dizia que haviam terminado.

Will sempre aparecia nos sonhos de Nico. O dia em que ele notou pela primeira vez a beleza do filho de Apolo, o dia em que eles se beijaram, o dia que eles começaram a namorar. O dia em que Nico se sentiu vivo de verdade pela primeira vez e o dia em que soube que amava e era amado. Doía, claro que doía. Mas era essa a melhor decisão. Era melhor se separarem porque a distância seria um problema e Nico não se sentia bom o suficiente para Will.

“Nico, você já pensou que eu também quebro às vezes? Que tenha sentimento ruins e que eu também quero que você me ouça?”

As palavras de Will voltavam e atingiam Nico de jeito toda vez que ele lembrava. Mas era a hora, era a hora de dizer adeus.

Will estava com suas malas empilhadas em seu lado enquanto esperava o ônibus para ir embora. Seus olhos estavam envoltos de olheiras. Deve estar com sono por causa da sua festa de despedida, pensou Nico. Mas era agora. Ele precisava falar com Will pela última vez.

Nico se aproximou do garoto loiro que lia um guia da faculdade. Ele pigarreou.

– Nico? – Will levantou os olhos e encarou o ex-namorado.

– Só queria te dizer boa sorte nessa sua nova fase.

– Erm... obrigado. – Will parecia constrangido.

– Espero que conheça muitas pessoas, e que aprenda muito. Você é brilhante no que faz.

– Nico, para.

– O quê?

– Por que está fazendo isso? Já não basta eu chorar todo dia antes de dormir e você ainda faz isso comigo? Por favor, saia daqui.

– Sair?

– É mais fácil.

Uma dor torturante atingiu o coração de Nico. Ele respirou fundo e se virou para ir embora.

O ônibus chegou. Will entrou. Nico ficou observando Nico dentro do tal ônibus, sentado no banco da janela.

Nem um mísero segundo olhou para trás. E Nico apenas queria lembrar o sabor dos beijos de Will Solace.

Sun ShyOnde histórias criam vida. Descubra agora