O motivo de sermos distantes

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Estava com uma forte dor de cabeça quando fui me deitar ontem a noite mesmo depois de ter tomado um remédio para aliviar, pensei que poderia ser o estresse dos últimos dias tanto no meu trabalho quanto dos recentes acontecimentos que me rodeiam, quando senti a dor aliviar aproveitei para tentar dormir.

De longe ouvia uma voz que me era um tanto familiar e me chamava no meio daquela escuridão do meu subconsciente e então uma memória se passou e vi aquele rapaz de cabelos longos e levemente azulados com o que parecia um sorriso largo e gentil para a menina que estava ao seu lado que era menor que ele e também me parecia familiar quando consegui ver os rostos levemente borrados e não conseguia distinguir ao certo quem eram aquelas pessoas ate ouvir novamente alguem chamar meu nome é olhei para todos os lados buscando quem estaria me chamando, quando me vi no meio de um parque que parecia ser na vila a anos atrás, olhei para minhas mãos e para a roupa que eu estava usando que parecia ser a mesma da garotinha que vi agora pouco e o rapaz de cabelos longos e azulados se aproximou de mim, estava contra o sol e não pude ver seu rosto por completo apenas sua boca que sorria para mim e me perguntei quem era ele, até que finalmente percebi estar sonhando e me lembrei do rosto que foi aos poucos se revelando e pude vê-lo por completo e não era ninguém mais, ninguém menos que meu falecido tio Dan, mas por que isso agora? ele veio a uma lembrança dentro de um sonho, teria algum motivo para isso? fazia tanto tempo que nem pensava nele por tantos motivos tentando esquece-lo, más essa memória me veio e me lembrei desse dia, o último dia que me lembro de estar com ele antes da missão que foi e não conseguiu termina-la, me deixei levar pelo sonho e reviver o último dia que estive com meu tio e então seu time veio para buscá-lo para a missão do qual não voltaria, por um momento não queria deixar ele ir, mas ele apenas se despediu e saiu junto de dois outros rapazes e uma moça que também me parecia muito familiar mas não consegui ver seu rosto e fiquei apenas olhando eles se afastarem com lágrimas no meu rosto.

Novamente entrei na escuridão da minha mente onde andava proucurando alguma luz ou algo que pudesse me fazer acordar, porem fui levada para outro sonho ou lembrança e dessa vez estava um ar mais denso e escuro como se fosse chover, o céu estava com nuvens cinzas e estava tudo com um ar de tristeza como um velório e eu estava certa era mesmo um velório, de várias pessoas que haviam partido em missões e não voltaram, apenas caminhei sem minha vontade, era como se o sonho me guiasse, e fui indo ate um dos túmulos que estava ali entre as centenas ao redor, a maioria com algumas pessoas em volta e chorando ou rezando pelo que estava enterrado, quando olhei pro túmulo onde fui parar e ali estava o nome dele: "Dan Kato", gravado na lápide junto com seu ano de nascimento e o que seria seu atual de morte, vendo aquilo e tendo as mesmas emoções que tive naquele dia, meus olhos se encheram de lágrimas e quis deixá-las correr mas antes que eu pudesse pensar nisso uma mulher se aproximou do túmulo e parecia estar muito abalada e ficou encarando a lápide do meu tio, eu a olhei bem apesar de estar de costas ela era muito familiar, seus cabelos eram loiros e estavam amarrados em "rabo de cavalo" abaixo do pescoço, e demorou um instante ate eu raciocinar quem estava ali na minha frente, era ela, e foi num instante, se virou para mim, seus olhos estavam com lágrimas tambem, se aproximou de mim e passou do meu lado como se estivesse me ignorando, ou como se eu nem estivesse ali, e então antes que ela fosse embora a chamei;

-Tsunade Sama!- ela parou e ficou a espera do que eu tinha pra dizer. Eu perguntei o que havia acontecido naquela missão e o porquê de ele não ter voltado porem eu nunca ouvi uma resposta dela, apenas o seu encarar de tristeza e voltou ate mim pegando meu braço e me puxando de volta pra escuridão da minha mente fiquei sozinha novamente olhando para todos os lados de novo proucurando uma luz me lembrando apenas do último olhar que ela havia lançado sobre mim tendo uma sensação de tristeza como tive naquele dia. Voltei a vagar por várias memórias perdidas onde a maioria ela estava presente, os dias que ela estava apostando, bebendo ou conversando ou até mesmo me treinando, eu abri um leve sorriso vendo essas lembranças, o jeito dela, as manias dela, as vezes que tive de repreende-la por causa de certas coisas que ela fazia, as vezes que ela me repreendia por coisas que ela não gostava que eu fazia, e fiquei viajando pelas vagas e rápidas memórias que passavam ali no meio daquela escuridão, ate vir a lembrança mais recente de nós duas no parque sentadas conversando, mas eu não estava prestando tanta atenção nela por naquele dia ela ter bebido bastante então provavelmente estava dizendo coisas sem sentido ou reclamando de algo, porem ali eu podia ouvir o que ela me dizia por causa do meu subconsciente ter gravado o que ela me disse, então começei a prestar atenção e ouvir a nossa conversa;

-Eu a tratei como uma filha, bom meu carinho por ela é como se fosse uma filha- estava dizendo com uma voz meio baixa e bem lenta talvez por causa da bebida -Mas ela está tomando muita liberdade comigo e sabe como não gosto que queiram falar mais alto que eu- "de quem será que esta falando?" pensei comigo. -E agora pensa que pode falar comigo dessa maneira? é óbvio que não iria deixar assim- seu tom alem de lento agora estava alto e alterado -Mas não achei que só por ter falado umas verdades ela iria ficar com raiva daquele jeito, prefiro não olhar pra ela...-

-Senhora Tsunade é bom que se acalme esta ficando alterada- no meu diálogo com ela pedi pra que se acalmasse, é serio? não estava nem prestando a minha atenção do que se tratava ou o que ela me dizia, não me lembro dos detalhes do que ela me dizia, porem parecia que havia brigado com alguém, e por ter chamado de "filha" eu diria que foi a sakura mas porque será que brigaram? se eu tivesse prestado um pouco mais de atenção nela, talvez eu tivesse descoberto algo e feito algo também.

A escuridão tomou conta do ambiente de novo, me fazendo pensar sobre tudo que vivi ate hoje, e tudo que passei, tudo que vivenciei, tudo que ouvi, e vi que eu sempre parecia estar distante de Tsunade, apesar de termos vivido juntas, ela nunca me contava o que realmente sentia, o que realmente estava se passando com ela, ela parecia querer manter essa distância de mim, eu estava sempre tentando protege-la, cuidar dela, entende-la, mas não conseguia me aproximar, estávamos sempre discordando de muitas coisas, mas quando percebemos estavamos dependente uma da outra, e isso nos manteve juntas, me veio também que a razão de sermos próximas foi o meu tio ter morrido pois até em tão ele não falava muito dela e nem tinha a visto muitas vezes, porem esse pode ser tambem o motivo de ela manter essa distância entre nós, como ela disse uma vez que eu lembrava meu tio porem não significava que eu parecia com ele, no meu entender eu estar por perto era pra ela uma lembrança constante do meu tio e logo da morte dele que ela evitava a todo custo lembrar disso então sempre tomava cuidado com o que dizer para não acabar causando algo problemático pra ambas. Minha mente me levou a mais uma lembrança que era a última do sonho; "o hokage pediu para que você fosse ao escritório dele amanhã", e meu despertador toca e o sonho inteiro passa como um relampago voltando pra primeira parte aonde me recordo do dia cinza, da lápide do meu tio e do olhar que Tsunade me lançou naquele dia, acordo assustada olhando pros lados do meu quarto, passo a mão no rosto e em seguida desligo o despertador não me lembrando de muitos detalhes do sonho que acabei de ter;

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