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feliz ano novo, galerinha do bem! queria dizer que tô muito feliz com o alcance de youngblood nessa última semana. cada pessoa que leu, votou e comentou já mora aqui ó <3
boa leitura!

[2013]

Desde aquele dia, o almoxarifado empoeirado se tornou o planeta dos dois adolescentes. Ou seria uma lua? Talvez até mesmo o próprio universo. Ali era a terra deles. Não haviam se beijado de novo, mas apenas estar com o outro trazia uma adrenalina inexplicável para ambos. Às vezes, dormiam no ombro um do outro, às vezes, faziam um dever de Jungkook. Estavam descobrindo muito sobre si no último quase-mês - Namjoon, por exemplo, era um puta de um nerd, palavras do mais novo. Jungkook, por outro lado, era uma negação para matemática, não sabia a tabuada do sete, nem do oito, nem do nove.

E era nesse impasse que eles se encontravam, sentados de perna cruzadas um de frente para o outro, com o caderno de matemática de Jungkook aberto no meio.

"Puta merda, Jungkook! Tu não prestou atenção em nenhuma aula, não? Tem mais desenho do que conta aqui!"

"Pra que que eu vou prestar atenção nesse caralho? Eu não entendo nada! E tu não tá vendo não, ó?" Pegou o caderno, revirando algumas páginas. "Aqui, uma cópia."

Um silêncio de três segundos se instalou entre eles, que explodiram em risadas logo depois. A verdade é que não conseguiam brigar de verdade, quase nunca. Uma vez discordaram em relação a sabores de sorvete, o que escalou à um "Você não entenderia minha situação!". Rolaram algumas lágrimas e eles não se olharam até o fim do dia. Mas na segunda feira seguinte, já estavam abraçados e dormindo - porque fazia frio.

De volta à situação atual, houveram boatos de que o professor do primeiro ano daria uma prova de matemática no próximo horário. Jungkook havia arrancado trezes fios de cabelo e roído quatro unhas com a situação, pegando Namjoon pelos ombros e pedindo pelo amor de deus que ele o ajudasse na matéria.

"Caralho, isso aqui é caderno de artes?" O Kim perguntou a um Jeon desesperado, rindo de nervoso. Estava prestes a comer as próprias mãos.

Anotou três ou quatro fórmula dos braços e se benzeu - não acreditava em Deus, mas qualquer ajuda serviria naquele momento. Deu uma mentalizada em buda e santos, além de cristais e incensos. Precisava de coisas boas ali.

Percebendo as rezas não tão silenciosas de Jungkook, Mingyu - um dos meninos com o qual tinha relação de bom dia - o zoou com um "Caraca, tá bem, hein?", fazendo o garoto, ainda meio pálido, rir um pouco.

O professor, um senhor de meia idade mais alto que a média, entrou na sala com uma pasta na mão. Era, naquele momento, uma figura demoníaca, um vilão das animações mais medonhas. Pensava em A Casa Monstro ou Coraline quando viu o homem abrir a pasta e tirar de lá uma pilha de papéis tão brancos que o cegavam. Engoliu em seco quando a figura frente ao quadro começou a falar.

"Hoje vocês vão fazer..." Na cabeça dos adolescentes da sala, houve uma pausa dramática, um momento para prender a respiração. "... projeção de carreira."

O ar quase ficou mais pesado com a quantidade de suspiros aliviados soltos naquele segundo. Então o boato era mentira. Jungkook intercalava o olhar entre as fórmulas rabiscadas em seu braço por Namjoon e a tabela simples em sua frente, contendo apenas Primeira Opção; Segunda Opção; Terceira Opção. Ia pegar o filho da puta que espalhou isso na porrada.

Apoiou a mão no queixo, refletindo suas opções. Não era um pouco demais pedir para alguém de quinze anos que escuta Fall Out Boy falar sobre o próprio futuro acadêmico? Juntou os lábios numa linha apertando os olhos e usando cem por cento de sua capacidade mental.

Seul. Claro, queria morar em Seul. Como todos a seu redor, provavelmente - mas ele tinha uma mãe inconveniente em seu pé, e espirros de estar num armário empoeirado. Fechou os olhos e se imaginou livre, na cidade cheia de luzes, de mãos dadas com Namjoon. Sem mães, escolas, ou deveres de casa. Parecia satisfatório ser livre. Só precisava esperar mais um pouco.

Ah, claro. Vida acadêmica. Seul. SKY. Universidade Nacional de Seul, Universidade da Coreia e Yonsei. As três deviam ter cursos de belas artes, não? Era demais pensar nas três maiores, com menos de cinquenta por cento de aceitação? Óbvio. Mas o Suneung parecia longe, e fácil. Sentar numa cadeira por oito horas parecia distante; então o menino, confiante, colocou "Belas Artes" ao lado do nome das três potências. Nem sabia se as três ofereciam o curso, mas era uma negação em qualquer outra matéria.

Todos os outros pareciam extremamente certos e focados em relação à suas carreiras, afinal, era uma enorme construção - e pressão - social que rondava todos, inclusive a si. Já era perguntado sobre a temida prova nos encontros de família e não era capaz de responder que não pensava muito nisso sendo interrompido por sua mãe, que soltava um sorriso amarelo e um "Contar dá azar, né, Kookie?" Talvez suas decepções consigo houvessem começado ali.

Se perdeu um pouco, vendo que metade da turma já estava sem papéis. Entregou o seu, cabisbaixo, e nem distinguiu muito as palavras do professor ao falar de Função do Primeiro Grau.

Levou os dedos à própria têmpora, que agora doía quase sempre. Estresse demais? Talvez. Fazer pose vinte e quatro horas por dia não era lá uma atividade relaxante. Também não havia ido em lugar algum além da escola e sua própria casa - limitando-se ao próprio quarto - no último mês. Mais uns dois ou três dias e talvez seu cabelo começasse a cair, ou sei lá, ficar branco. Olhou ao redor da sala, e teve um estalo. Caralho, como não havia pensado nisso antes?

"Mingyu" Tentou chamar a atenção do colega com o sussurro. "Mingyu" Assoprou um pouco mais alto, fazendo o menino se virar. "Preciso de um favorzão teu."

!YOUNGBLOOD¡ - jungkook's diaryOnde histórias criam vida. Descubra agora