dois

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PIIIIIII PIIIIIII PIIIIIII

Um barulho estridente fez-me abrir os olhos, ressaltada. Olhei para todos os cantos do meu quarto à medida que o som se aproximava. Uma pequena criatura entrou pela porta da divisão adentro, fazendo-me perceber que aquilo não era uma criatura, mas sim: o meu irmão. (Não é que a diferença seja muita, enfim).

"Ah!! Pára com isso!!" - gritei, tapando os ouvidos. Ele tinha um apito no meio da boca e nesse momento só desejava que ele o engolisse.

"Pára Francisco!!" - atirei-lhe com uma almofada.

Ele ripostou, pegou na almofada e em vez de acertar em mim, acertou, adivinhem onde? EXATAMENTE. No candeeiro que estava em cima da minha mesa de cabeceira, que imediatamente caiu no chão. Espera, acho que estou a viver um déja-vu. Levei as mãos à cara, antes de dizer:

"Aparentemente, tens um trauma de infância com candeeiros e eu não sei disso." - revirei os olhos. Ele deu de ombros e saiu do quarto.

Haverá melhor maneira de começar um dia, senão esta?

Encostei-me para trás na cama. Não queria ir para a escola, não queria conviver, não queria ver ninguém. Peguei no meu telemóvel e vi se tinha notificações, mas nada. Soprei uma madeixa de cabelo. Às vezes fico farta da minha vida, sempre a mesma rotina, escola- casa- escola. Sentei-me de pernas à chinês na cama e decidi colocar uma música qualquer da minha playlist.

Ao som da música, escolhi a minha roupa e depois de estar pronta, desci. O Francisco já se encontrava à mesa, mas a minha mãe não.

"A mãe?" - perguntei-lhe.

"Está lá fora, a falar com um homem." - respondeu, despreocupadamente.

"Quem?" - perguntei novamente, intrigada dirigindo-me à janela da cozinha, que ficava por cima do lava-loiça. Afastei as pequenas cortinas azuis, e logo vi a minha mãe, aos sorrisos, com um total e completamente desconhecido. Ele tinha o cabelo castanho escuro e era alto, pouco musculado. Não o conseguia descrever completamente, pois ele estava posicionado de lado.

Vi a minha mãe voltar para casa e logo me afastei da janela. Decidi comer uns cereais. Ouvimos a porta a abrir, e depois a fechar. A minha mãe chegou.

Caminhou até à cozinha, e tinha o que pareciam ser uma cartas na mão, de seguida, sentou-se num dos bancos altos e começou a abrir as cartas.

"Mãe?" - chamei, desconfiada.

"Sim, filha?"- respondeu, sem desviar o seu olhar das cartas.

"Quem era aquele?" - questionei, arrastando um pouco a voz.

"Era um homem.... Giro." - tossiu. Eu elevei uma sobrancelha.

"Ew, okay, vou sair daqui." - informou o meu irmão, enquanto se levantava e saiu. Rolei os olhos e apoiei os meus cotovelos na bancada, entrelacei as minhas mãos e pousei a minha cabeça nelas.

“Dizias?” - incentivei-a para continuar.

“Oh, pois. Carolina, isto pode ficar para outra altura? Estou cansada.”

“Mãe, são oito e meia da manhã. Nem sequer o Francisco se cansa tão depressa.” - argumentei.

Nesse momento, tocaram à campainha. Amaldiçoei mentalmente quem quer que fosse por interromper o meu momento de cusquice. Coloquei a mão na maçaneta e puxei-a, dando lugar a uma rapariga baixinha, meio loura e... Chata, com um sorriso na cara.

Bufei e ela falou:

“Whoo, alguém acordou com os pés de fora!”

“Sim, Bea, dizes isso todas as manhãs.”

“Isso é só porque acordas mal-disposta todos os dias.” - deitou a língua de fora.

Dei-lhe espaço para ela entrar, e dirigi-me para a cozinha, para acabar de tomar o pequeno-almoço.

“Novidades?” - perguntou, agarrando numa maçã.

“Para além de ter os tímpanos furados, não!” - contei, referindo-me ao acontecimento de manhã. Mas rapidamente me lembrei do divórcio dos meus pais.

“Sim, afinal tenho! Huh, os meus pais divorciaram-se...”

Ela arregalou os olhos.

“A sério? E tu, estás bem?”

“Huh, sim, quero dizer, acho que sim, afinal gostava muito que eles ainda estivessem juntos, mas se é para estarem infelizes, então não vale a pena.” - expliquei.

Ela assentiu.

“E tu, novidades?” - questionei, levando uma colher de cereais à boca.

“Nem por isso. Ouvi dizer que a escola está a planear organizar um baile do dia dos Namorados.” - assim que ouvi estas palavras, uma enorme vontade de vomitar apoderou-se de mim. É verdade, o dia de 14 de fevereiro está a chegar. Não é que eu não goste do dia de S. Valentim, mas aqueles casalinhos todos a trocarem beijinhos, chocolatinhos, prendinhas, florezinhas e postais não faz sentido! Pelo menos para mim.... Ou é por eu estar solteira?

“Carol!” - a Bea passou a mão à frente da minha cara, despertando-me dos meus pensamentos.

“Sim, desculpa. Estavas a dizer?” - disse, pondo-me direita.

“Tencionas ir ao baile?”

“Nem pensar! É só um dia qualquer, não merece tanta atenção.” - dito isto, caminhei até às escadas, sendo seguida pela Bea.

“Bem... Eu acho que seria giro irmos...” - ela confessou, brincando com as suas mãos.

Elevei uma sobrancelha.

“Desculpa? Desde que te conheço que odeias o dia dos namorados, porquê essa mudança repentina?” - questionei, bastante desconfiada.

“Huh, por nada...” - tossiu.

“Bea? O que se passa?” - arrastei as palavras.

“Conto quando chegarmos à escola, agora vai buscar a tua mala.” - pediu, e eu assenti, ainda desconfiada.

➰➰➰

Heeeeey :)

Não me matem por ter demorado tanto tempo, mas estava sem inspiração......

Anyway, feliz dia dos namorados que já passou! Ou então feliz dia 14 de fevereiro xp

Beijos, e até ao próximo capítulo! ❤

Pretty Love [h.s]Onde histórias criam vida. Descubra agora