Tenerife Sea || Zayn Malik ff

Chapter II - Give me that cigarette

Eu queria tanto chorar. 

Não podia. Estava doendo, doendo muito. Lá dentro, e eu não podia fazer nada. 

- Morgana, você está quase matando aquele cara com o olhar. – Nordin disse, tragando seu cigarro mais uma vez. Baixei os olhos, encarando meus pés. Estávamos sentados numa das mesas do bar da boate, eu bebia um líquido azul que eu nem sabia o que era.  – O que foi? 

- Preciso ir embora. – Disse após mais alguns segundos. Eu e Dylan havíamos terminado e eu podia ver, no outro lado da boate, ele agarrando uma garota loira com um decote maior que a Rússia. E eu me odiava por ser tão ingênua. 

- A gente mal chegou. A Scarlett tá ali toda feliz. – Ele apontou com um aceno da cabeça para uma figura dançando sozinha na pista. – Perdi a conta de quantas Margaritas ela tomou. 

- Me dá isso aqui. – Peguei o cigarro da mão dele e terminei de fumar, fechando os olhos e só ouvindo a música. 

- Morgana, acho melhor eu te levar em casa. – Ele segurou minha mão e jogou o cigarro que estava na outra no chão, pisando nele. – Você nem ao menos gosta de quando eu fumo, e agora tá simplesmente fumando meu cigarro. 

- Passei a gostar hoje. – Falei. Não conseguiria continuar ali por muito tempo. – Vamos, por favor.

- Tudo bem, tudo bem. – Ele saiu me carregando até o estacionamento. Entrei no carona e ele no lado do motorista. Fomos até a minha casa em silêncio, nem o rádio estava ligado. Péssimo. Isso me fazia pensar.  Assim que chegamos ele estacionou e desligou a ignição, pousando as mãos no volante sem olhar pra mim. – Vai me contar o que está acontecendo? 

- Hoje não. – Saí do carro correndo sem nem ao menos fechar a porta e corri casa a dentro, sentindo as lágrimas descerem pelo meu rosto. Odiava a sensação de ser traída, seja qual fosse o aspecto. Por uma amiga, pelos meus pais, pelo meu cachorro, pela minha tia. Odiava qualquer tipo de traição. Ouvi bem ao fundo o barulho da porta do carro batendo e o carro partindo. 

- Querida, está tudo bem? – Eu podia ouvir a voz doce de tia Alice do outro lado da porta. Coloquei a mão na boca para suprimir um soluço. Faziam alguns minutos em que eu estava ali, na mesma situação periclitante. Deitada na cama de barriga para cima olhando para as estrelas que eu colara no teto quando era pequena. Ali, no escuro, elas brilhavam para mim. 

- Está sim. – Menti. Mentir para minha tia era a coisa mais difícil do mundo. Uma delas, pelo menos. 

- Não está. Me deixe entrar, por favor. 

- Não precisa, tia Alice. – Eu disse, deixando o soluço escapar. Levantei e abri a porta e lá estava ela, com seu pijama de girafa. Ela parecia ter a minha idade naquele momento. 

- Querida, o que houve? – Ela disse, me conduzindo até a cama e sentando comigo. Deitei a cabeça em seu colo e chorei ainda mais. Eu era um fracasso total.

- Eu gosto de um garoto. – Ela suspirou. Acho que a minha família sempre pensara que eu era lésbica porque eu nunca trouxera nenhum garoto para casa e, bem, eu tinha um melhor amigo pelo qual eu não me interessava. – E ele brigou comigo. Eu estava na festa e vi ele se agarrando com outra menina. 

- Oh, querida. – Ela disse num tom melancólico. – Sabe o que é? Algumas pessoas amam mais a si mesmas do que podem amar alguma outra pessoa. – Ela afagava meus cabelos. Eu ainda encarava as estrelinhas do teto. 

- E o que eu faço? – Perguntei, com uma voz baixa e hesitante que de longe parecia ser minha. – O que eu faço? – Repeti. 

- O que você faz? – Ela disse, num tom divertido. – Você vive, querida. Matamos por ódio apenas para morrermos por amor. – Ela enrolava uma mecha encaracolada dos meus cabelos em um dos dedos. – Esse garoto não sabe o que está perdendo. Você é uma ótima garota e não merece isso; mas não tenha medo de sofrer se for preciso, meu anjo. Quem tem medo de sofrer não merece o melhor da vida. 

Então a última coisa que eu vi antes de adormecer  foi a imagem de tia Alice dizendo a nós por skype que havia perdido seu bebê anos atrás. "Quem tem medo de sofrer não merece o melhor da vida". Ela sorrindo para Dylan.